Por perto

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Narradora

Enquanto Wednesday e Enid estavam a caminho de casa, uma pessoa observava a residência da família do outro lado da rua, vigiando o movimento e quem estava na casa, esperando a oportunidade que logo viria. A pessoa desiste e caminha rua abaixo.

Esther

Wendy me ajudava a guardar os brinquedos espalhados pela sala. Já havia terminado o vigésimo filme da Barbie que ela assistira, e agora era hora de colocá-la para dormir, segundo as recomendações de Wednesday.

— Vem, Wendy, sua mãe disse para ir para a cama às 9 e meia! — digo, e ela cruza os braços.

— Não quero, Esther! — ela diz, e eu sorrio de lado. Ela me lembrava a Enid quando criança.

— Se você for, eu prometo te levar para tomar sorvete amanhã! — digo, e ela parece pensar.

— Tá certo, vovó Esther! — ela diz, e não acredito no que ouvi.

— Você me chamou de quê, querida? — Me aproximo de Wendy e me abaixo, ficando na sua altura.

— Esther?! — Wendy estava confusa.

— Não, querida, você me chamou de vovó! — digo, e Wendy franze a sobrancelha.

— Mas é isso que você é, né? Você não é a mãe da minha mamãe Enid? — Confirmo e sorrio.

— Não quer que eu te chame de vovó? — ela pergunta.

— Quero, quero muito, princesa. Pode me chamar de vovó o quanto quiser. — Digo, pegando-a no colo e beijando sua bochecha.

— Agora vamos dormir. Suas mães não vão demorar, e se te pegarem acordada, não vão mais me deixar tomar conta de você, tá? — Ela assente e deita a cabeça no meu ombro, bocejando.

— Vamos lá! — Caminho até o quarto dela, abrindo a porta. Um quarto pintado de roxo e rosa, com uma cama branca ao lado de uma cômoda cheia de livros infantis e ursinhos de pelúcia.

— Vovó Esther, pega meu ursinho Thing ali! — Ela aponta para um ursinho velho, de cor azul e com um olho costurado.

— Ele não tá um pouco velhinho? — pergunto, e Wendy olha para a pelúcia.

— Eu gosto de dormir com ele, não consigo dormir sem o Thing. Mamãe Wed queria me dar outro, mas eu não quis! — ela diz, e entrego o urso a ela.

— Boa noite, Wendy! — Beijo sua testa e a cubro. Não demorou a notar que ela estava dormindo. Apago a luz e, antes de sair do quarto, o gato de Enid entra e pula, se aconchegando aos pés de Wendy.

Saio do quarto e vou até a sala terminar de recolher tudo e levar os pratos da mesa até a pia para lavar. A porta da frente é aberta e logo Enid entra na cozinha.

— Ela já dormiu? — pergunta, escorando no batente da porta.

— Já. Ela não queria, mas prometi que, se fosse dormir, amanhã a levaria para tomar sorvete. — Digo rindo, e Enid sorri de lado.

— Isso foi meio que uma chantagem! — ela diz.

— Eu sempre fazia isso com você. Ela vai ficar bem.

— Tenho certeza que sim! — Termino o último copo e seco as mãos.

— Eu já vou! — falo, saindo da cozinha, e Enid vem atrás de mim.

— Não quer ficar? Já está tarde! — ela pergunta, e nego.

— Bom, falei para o Gomes que ia visitar sua tia Marta na cidade vizinha e voltaria um pouco tarde, então não posso, mas obrigado mesmo assim! — Pego a bolsa.

Wednesday aparentemente tinha ido para o quarto, pois não estava na sala. Caminhamos até a porta e olho para Enid.

— Ela não deu muito trabalho, né? — fala, fazendo uma caretinha. Adorava que minha filha, aos poucos, estivesse me aceitando e agindo normalmente novamente comigo.

— Não, ela é um amor. E adivinha! — digo alegre.— Ela me chamou de vovó! — falo, e Enid parece chocada.

— Do nada?

— Foi! Eu fiquei em choque um momento até cair a ficha.

— Acho bom que estão se dando tão bem, mãe!

— Tchau, Enid!

— Tchau, mãe! — Dou as costas e saio até meu carro, vendo Enid fechar a porta atrás de mim.

Wednesday

Saio do banheiro após um banho rápido e visto um moletom e uma calça, pois estava consideravelmente frio.

Caminho pelo corredor até o quarto de Wendy, olhando de relance pela fresta aberta da porta. O quarto estava iluminado apenas pelo abajur de joaninha em cima da mesinha ao lado da cama.

Ela estava dormindo abraçada com aquele ursinho, e Kiwi dormia como sempre nos pés de Wendy. Fecho a porta e vou até a sala, onde Enid estava deitada no sofá assistindo TV.

— Sua mãe já foi? — pergunto, me juntando a ela, e recebo um aceno de confirmação com a cabeça.

— Ela fez um bom trabalho com a pirralha! — digo, e Enid deita a cabeça no meu ombro, deixando um beijo no meu pescoço.

— Fez sim! — diz sonolenta.

— Vamos para o quarto, você parece cansada! — digo, e ela assente. Seguro na mão dela e a puxo para o nosso quarto.

Narradora

Em algum lugar na periferia da cidade de Jericó, uma porta é aberta bruscamente.

— E aí, viu como entrar na casa? — Jonas disse a Carem.

— Não vai rolar, é segura. Tem câmeras, trancas e um alarme, e a garota nunca tá sozinha.

— É claro que não, ela tem o quê, cinco, seis anos? — Jonas diz, pegando uma garrafa na geladeira.

— Eu que vou saber? Ela é sua filha, quem deveria saber é você.

— Não vem com esse papo de paternidade, Carem. Eu só quero a porcaria do dinheiro para sumir desse fim de mundo.

— Não se esqueça que quero minha parte quando isso acabar! — A ruiva fala, se jogando na poltrona em sua frente.

— Vai ter se me ajudar!

— De amanhã não passa. Vamos ver quanto a filhinha do prefeito vai pagar para ter a filhotinha de volta.

Beijos da Torry 😘

Aiai, vem problemas por aí. Não pode ser só flores, né, pessoal?

A filha do meu padrasto- WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora