Prólogo

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Estou tentando dar vida a uma ideia boba que tive em uma noite exaustiva de sábado. Geralmente não dou asas às minhas ideias criativas e sempre opto por sufocá-las, pois sempre me levo a acreditar que são perda de tempo. No entanto, às vezes dou vozes a algumas. Esta me surgiu como uma epifania, quando encontrei a oportunidade de inspirar um shipp que tenho amado acompanhar e ler ultimamente em uma história que guardo com certo carinho. 

Em resumo, certos aspectos dessa história serão inspirados na série Dead To Me (Disque Amiga Para Matar).

Caso alguém ache que essa ideia é interessante e gostaria de acompanhá-la, por favor, deixe que eu saiba e que use isso como combustível para conseguir desenvolvê-la da maneira como imagino, pois nem sempre consigo transcrever com maestria as ideias como as pensei. Mas se essa sair como planejado, será um deleite escrevê-la.

Espero que gostem! ☺️✨

•••••

Os cinco estágios do luto, conforme descritos por Elisabeth Kübler-Ross, são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Estes estágios não são necessariamente experimentados em uma ordem fixa ou sequencial, e as pessoas podem passar por eles de maneiras diferentes.

Eram nove da noite quando Ana Carolina entrou no prédio comunitário, a exata hora em que a reunião de apoio ao luto se iniciaria. O antigo edifício que um dia havia sido uma universidade, agora alocava cursos gratuitos para a população durante o dia e era o ponto de encontro de várias pessoas que procuravam compartilhar suas experiências e tentar ajudar umas às outras durante a noite. Haviam alguns outros grupos como AAA, mas esse não era o foco de Carol.

Os corredores pareciam totalmente vazios e abandonados naquele horário, como se as pessoas já tivessem se escondido em suas tocas para tentar encontrar conforto nos seus iguais. Talvez o horário escolhido também tivesse algo a ver com isso.

Ela olha rapidamente os cartazes pendurados no quadro de aviso para saber a qual sala deveria se dirigir, e assim que começou a caminhar em direção ao seu destino percebeu suas mãos pegajosas e seu coração acelerar.

No entanto, ela tinha que fazer aquilo, tinha que compensar o que havia feito. Tinha que dar um jeito de consertar as coisas, ou pelo menos amenizá-las, antes que fosse esmagada pelo peso que sentia em seu peito.

Assustada, se prostou na porta da sala no fim do longo corredor. Não havia quase ninguém ali. Apenas um pequeno círculo de cinco pessoas. 

— Olá querida, entre, não se acanhe.

Uma mulher de óculos cinza e cabelos encaracolados havia notado sua presença e no mesmo momento outros quatro rostos se viraram para ela.

— Boa noite — ela entra, sem saber direito como mover seu corpo, tudo parecia errado. E então se senta formando agora um grupo de seis.

— Seja bem vinda querida. Qual o seu nome?

— C-Carolina — ela pigarreia, tentando se recompor — mas podem me chamar de Carol.

— Seja bem vinda, minha querida. Meu nome é Lucia e sou a mediadora do grupo de apoio ao luto. Creio que você veio aqui porque perdeu alguém querido, certo?

A mulher de olhos bondosos faz o estômago de Carol revirar e ela engole seco antes de menear que sim com a cabeça.

— Porque você não acompanha um pouco da reunião e se por acaso se sentir confortável pode compartilhar conosco a sua história. Isso soa uma boa ideia para você?

Ela confirma mais uma vez com a cabeça, incapaz de dizer uma palavra sequer e então olha ao seu redor, analisando as pessoas sentadas à sua frente.

Uma delas havia chamado sua atenção, ela parecia destoar do resto das pessoas naquela sala. Suas roupas pareciam caras, o cabelo caía em ondas sobre os ombros dando a ela um ar de elegância que não era encontrado naqueles sentados ao seu lado. Seu rosto era bonito e seus olhos eram…

Nesse momento, o coração de Carol parecia quase pular para fora do peito e ela sentiu um gosto de bile subindo pela sua garganta. 

Aqueles olhos eram lindos, porém, horripilantemente familiares.

Ela começou a hiperventilar e a sala começou a girar enquanto um homem de meia idade balbuciava sobre sua mãe morta.

— Ei, tá tudo bem. Você não precisa ficar aqui agora — uma mão quente em seu ombro desnudo a fez dar um sobressalto, o próprio motivo de sua crise havia se levantado e agora estava de pé a consolando. Os outros integrantes do grupo agora a olhavam preocupados e em silêncio e ela não sabia por quanto tempo tinha perdido a noção de si mesma.

— Natália, por que você não leva a Carol para a sala de café até ela se acalmar para que eu possa dar melhor assistência a ela no final da reunião?

A voz de Lucia, a mediadora, ecoa pela sala enquanto Natália estende a mão pra ela com um misto de pena e compaixão espalhados em seu rosto.

— Vamos Carol, eu prometo que os bolinhos da sala de café vão te fazer sentir melhor. O começo é sempre assim difícil mesmo.

Ela abriu um sorriso genuíno apresentando suas covinhas nas bochechas e a nerd deixou que a receptividade de Natália gritasse mais alto do que seu próprio impulso de sair correndo daquele lugar tão melancólico. Em seguida segurou a mão estendida para ela. A mesma mão quente que havia tocado seu ombro. 

E por um milésimo de segundo. 

Apenas por um milésimo de segundo.

O coração de Carol pareceu pesar um pouco menos do que havia pesado durante todo o último ano infernal que teve.

•••••

É aí? 

Gostaram da proposta? 

Esse prólogo é só pra apresentar a ideia mas os próximos capítulos sem dúvidas serão mais longos.

Até! 🤗

Os Cinco Estágios do Luto - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora