Estágio 6: Significado [Parte 1]

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Volteeeeeeei!! 🤗

Tô surpresa que mesmo depois de um período de enxaqueca, noites sem dormir e inúmeros imprevistos, eu tenha conseguido escrever esse capítulo em uma semana e não em um mês hahaha.

Já deixo minhas desculpas pela demora ou por qualquer erro que eu tenha deixado passar.

Espero que gostem!

😘



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O sexto estágio do luto, introduzido pelo Dr. David Kessler como "o significado," vai além dos cinco estágios clássicos (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação) propostos por Elisabeth Kübler-Ross. Neste estágio, a pessoa busca encontrar sentido ou propósito após a perda. É um momento de reflexão e busca por compreensão, onde a dor da perda é transformada em uma forma de significado pessoal. As pessoas podem encontrar consolo ao honrar a memória do ente querido, participar em causas que eram importantes para ele ou desenvolver um novo propósito em sua própria vida, promovendo crescimento e resiliência.



Carol



Assim que cheguei naquela sala rústica e despida de vida, um desconforto tomou conta de mim. Eu nunca tinha colocado os pés em um presídio antes e para falar a verdade não era nada como os que vemos nos filmes. Tudo parecia muito mais precário e uma sensação de abandono permeava o lugar com as paredes descascadas. Era possível ouvir o ruído das conversas e barulhos do lado de dentro, o lado que eu não tinha acesso. Um local esquecido por Deus, eu diria. Sentei em uma das cadeiras de frente para o vidro e esperei até que a porta do outro lado se abrisse.

Ele se aproximou e se sentou de frente para mim, pegando uma espécie de interfone e colocando no ouvido. Imitei seus movimentos e logo sua voz surgiu do outro lado da linha.

— Que bom que você veio. Não achei que viria — ele sorriu genuinamente por debaixo da nova barba mal feita, que dava a sensação de desleixo. Uma antítese para o homem vaidoso que conheci — é bom ver um rosto conhecido. Uma semana aqui e eu já tô ficando doido.

Ulisses havia sido condenado a oito anos de prisão por homicídio doloso, omissão de socorro, ocultação de provas e coerção. Era uma ficha extensa para algo que ocorreu em apenas uma fração de segundos e desencadeou um enorme efeito dominó. Naquele momento, ao vê-lo naquele estado, eu só conseguia sentir pena do homem que me olhava. Mesmo depois de tudo que ele havia feito, não era uma situação nada fácil de se encarar.

— Por que você me chamou? 

— Eu queria saber como foi o seu julgamento — ele perguntou e vi sinceridade em seu olhar.

— Eu fui inocentada. Eles falaram que você declarou que me ameaçou pra que eu fugisse do local do acidente com você, mas nós sabemos que isso não é verdade. Você me convenceu, é bem diferente.

— Mas como o vídeo não tinha som eu podia declarar o que eu quisesse — deu de ombros — era o mínimo que eu podia fazer depois que você cuidou de mim. Eu jurei que aquela maluca da Natália tinha me deixado sequelado pra sempre, mas graças a Deus eu tive a melhor fisioterapeuta do mundo — ele piscou e eu arqueei as sobrancelhas, surpresa — então muito obrigado, Carol. 

— Você sabe que eu não vou mais voltar aqui, né? Eu achei que era uma emergência, puxa! — reclamei, sem saber exatamente como receber aquele agradecimento.

— E nem devia. Isso aqui não é lugar pra alguém como você — ele suspirou — E a maluca? Ainda tá com ela?

— Não fala assim — pedi — e eu não sei. Ela falou que a gente ainda vai conversar, mas isso já faz três meses. Só que eu tô decidida a não desistir dela, ela só precisa de um tempo.

Os Cinco Estágios do Luto - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora