Estágio 5: Aceitação [Parte 2]

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Voltei! ☺️

Só queria avisar que existe a possibilidade de que esse capítulo doa um pouquinho, quer dizer, doeu um pouco em mim. Tive certa dó de escrever a Natália tentando lidar com tudo e tendo dificuldades, mas tinha que ser feito.

Não sei se vai ser do agrado de vocês, mas espero que gostem e me perdoem por qualquer erro, tô sem dormir.

💕



•••••



Natália



— Achei que se não deixasse você entrar, não iria parar de vir aqui nunca — disse com indiferença.

Carol havia me magoado, havia mentido e me usado, e eu queria que ela sentisse o quão brava eu estava. Mesmo que esse não fosse o sentimento que me predominasse. A verdade é que eu sentia dor por ter sido só uma peça no que quer que ela tivesse tramado. Um aperto no meu coração que parecia querer esmagar as minhas costelas e me sufocava. Eu queria que Carol sentisse tanta dor quanto estava me fazendo sentir. Mas no fundo, o meu maior desejo era que ela surgisse com uma boa desculpa. A maior e mais elaborada desculpa do mundo, algo que me convencesse o suficiente para tirar essa mão invisível que ameaçava me estrangular.

— Eu não ia parar de tentar até falar com você —  disse, os olhos verdes brilhando em expectativa e ansiedade enquanto se aproximava. Cruzei os braços sobre o meu peito como um sinal de que ela não teria abertura para isso. A distância em que estávamos era o suficiente.

— O que você quer? — fui direto ao ponto.

— Eu quero me explicar. Não tive a chance de falar com você desde de tudo o que aconteceu.

— Você quer uma oportunidade pra mentir de novo, não é? — respondi ácida e seus braços que antes pareciam querer se estender para mim caíram dos lados de seu corpo com o impacto das minhas palavras. Eu havia me esquecido de como eu conseguia ser perversa quando me sentia machucada e Carol era um grande alvo vermelho e brilhante, pronto para ser bombardeado — Você teve bastante tempo pra falar a verdade mas preferiu ficar me fazendo de idiota. Você gostou de me fazer de idiota, Ana Carolina? O que pensava quando mentia que gostava de mim? Você ria pelas minhas costas sozinha ou se juntava com o Ulisses pra fazer isso?!

— Natália, não fala assim! Nada disso é verdade — ela tentou se aproximar mais uma vez, porém eu me afastei, mantendo a distância entre nós — deixa eu me explicar, por favor.

— Só me responde o porquê. Por que você ficou me rondando se na merda daquele vídeo dava pra ver que você não queria deixar ele lá? A Lara disse que qualquer juiz conseguiria ver que você foi coagida. Então não precisava ser tão baixa pra se safar.

— Eu queria te ajudar. Vo-

Ela tentou dialogar, mas eu a interrompi imediatamente. Suas palavras causaram um alvoroço de indignação dentro de mim.

— Me ajudar? — forcei o riso, agoniada. Um dos pacientes que passava por ali virou o pescoço para me olhar e eu abaixei meu tom de voz para não causar alarde. No entanto, a minha vontade era de gritar. Gritar com ela até que minha garganta sangrasse. Eu não conseguia acreditar no que ouvira — quem você acha que é? A porra da Madre Teresa?! Você é uma sonsa, isso sim!

— Não fala assim! — ela pediu de novo, um pouco mais alto, como se me repreendesse. Dessa vez ao invés de suplicante, seu tom era de alguém que estava realmente ofendido. Seu lábio inferior tremia e seus olhos estavam vítreos. Eu havia atingido um nervo. Mas fui tola ao achar que isso seria prazeroso, fazê-la sofrer como eu estava sofrendo. A verdade é que era ainda mais agonizante.

Os Cinco Estágios do Luto - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora