Estágio 2: Raiva

332 46 17
                                    

Olá, estou de volta! 🤗

Só queria agradecer de novo a todo mundo que está interagindo e gostando da história. Saber que vocês estão gostando me faz querer escrever mais. 😍

Esse capítulo ficou bem mais longo do que eu pensei que fosse ficar. E também bem mas beeem mais tenso e obscuro.

Então boa sorte!

•••••

Na fase de raiva do luto, a pessoa pode sentir uma intensa irritação, ressentimento e frustração. Essa raiva pode ser direcionada a várias fontes, incluindo a pessoa falecida, outras pessoas ao seu redor, Deus ou o destino. É uma resposta natural à sensação de perda e impotência, e pode ser expressa de diversas maneiras, como explosões emocionais, hostilidade ou isolamento. É importante permitir que a pessoa sinta e expresse essa raiva, pois faz parte do processo de cura emocional.

7 de maio de 2023, 23:20 da noite.

Natália

Era uma noite entediante como qualquer outra. Eu vasculhava a geladeira que apesar de cheia, parecia não ter nada que me agradasse. Reclamei comigo mesma, batendo a porta e decidindo que ia pedir um delivery. 

Andei em direção a sala, onde havia deixado a televisão ligada, na intenção de pegar meu celular. Sentia o frio do chão de madeira que passava pelos meus pés apenas com meias e agradeci ao perceber que o clima de outono que eu tanto gosto havia chegado. 

De súbito, o friozinho nos pés que me trouxe uma sensação de aconchego um segundo antes agora subia pela minha espinha como uma geada glacial. Senti meus músculos retesarem e meu coração disparar quando vi uma silhueta prostrada no meio da penumbra da sala, perto do pé da escada, me fazendo estagnar no lugar.

Até meu cérebro processar que aquele homem no canto do grande cômodo era familiar, minha pressão já havia baixado e senti que se não encostasse na parede eu iria desmaiar. Então o fiz.

Ele se aproximou e então tive certeza.

— Você não pode entrar aqui desse jeito. Podia ter me matado do coração — suspirei levando a mão à testa enquanto tentava acalmar as batidas desenfreadas em meu peito.

— Quer que eu bata pra entrar na minha própria casa? — a voz cínica ecoou em meus ouvidos enquanto ele se aproximou o suficiente pra eu ver seu rosto iluminado pelas luzes da TV.

— A casa não é mais sua desde que você torrou toda a sua herança.

— Que isso! Isso é jeito de receber seu irmão? — Um sorrisinho de canto surgiu em seu rosto e parte do medo que eu senti quando achei que um estranho havia invadido minha casa passou como um lampejo pelo meu corpo novamente.

Ele estava diferente desde a última vez que o vi, dois meses atrás. A barba grisalha estava por fazer, escondendo parte de seu rosto; o cabelo estava maior e parecia oleoso e suas olheiras estavam fundas.

— Onde você tava?

— Eu tava vivendo, Natália. Você podia tentar qualquer dia desses. 

Ele faz um gesto abrindo os braços como se estivesse se vangloriando e eu fosse aceitar o comentário como uma espécie de piadinha. Mas eu sabia que algo estava errado, ou ao menos mais errado do que o normal.

— O Marcos tava preocupado com você. Eu tava preocupada com você. Não é normal alguém sumir assim sem dar satisfação pra ninguém. 

Ele revirou os olhos, sem paciência para mim.

Os Cinco Estágios do Luto - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora