LXXIV
— Ela disse que não quer ir. — Sirius repetiu, pela milésima vez, massageando as têmporas.
Thanatos suspirou, virando seu copo de whisky de fogo.
— Ela precisa... estar lá, Sirius. — Nate mirou nele aqueles olhos caramelos cortados por veias vermelhas. Inchados da bebedeira e do luto. — Ela não tem mais amigos? Além de vocês três?
Sirius observou o líquido âmbar bailar na garrafa de vidro antes de despejar em seu copo. Não conseguia mais fumar depois do que aconteceu, então precisava se contentar com o álcool. A bebida desceu rasgando e Sirius grunhiu, balançando o copo antes de terminar de virar.
— É claro que sim. — Ele tornou a fitar Nate. — Você quer que eu chame todos eles?
— Ela precisa de apoio... Merlin sabe o quão ruim sou nisso. — O tio de Scarlett abriu um sorriso angustiado. — Morfeu sempre sabia como... — Ele lambeu os lábios, considerando suas próximas palavras. — fazer a morte parecer um até logo e não um adeus. Quando Bonnie morreu, ele suportou tudo com perfeição. Era como se tivesse nascido para isso. — Balançou os ombros, tirando um cigarro de sua caixa metálica. — Ele era o meu irmão mais velho... e sempre foi bom em tudo. E eu... — Nate sorriu novamente, acendendo seu cigarro. — Eu sou um auror perturbado da cabeça. Não sei se consigo ajudá-la, Sirius.
Sirius abanou a frente do rosto, dissipando a fumaça antes que ela chegasse com intensidade em suas narinas. Soltou o ar pela boca e apoiou a nuca no espaldar da cadeira, encarando o patamar de cima.
— Você consegue alguns endereços? Eu ia enviar com a coruja da Scar, mas... — Sirius baixou o olhar para Nate.
— Sim, consigo. Escreve os nomes que vou no Ministério daqui a pouco... ver se há alguma atualização sobre o caso e...
— Foram eles, não foram? — Sirius o interrompeu. — Os Comensais.
Thanatos bateu o cigarro no cinzeiro, as íris afunilando-se enquanto os olhos cresceram.
— Tudo indicava que sim, mas a falta da conjuração da Marca Negra no céu é um forte indicativo de que não... — Ele tragou profundamente. — Os Comensais se orgulham de seus assassinatos.
Sirius franziu o cenho com a pontada que sentiu no peito. Ficou em silêncio por um bom tempo.
— Como?! — Sussurrou a pergunta, atraindo o olhar de Nate de volta a ele.
O auror balançou a cabeça negativamente ao soprar a fumaça para cima.
— Alguém que teve acesso a casa... mas... depois do natal... impossível. Ninguém de fora conseguia acessá-la. E é difícil ter muita certeza disso porque a Scarlett... não quer falar comigo.
— Ela precisa de tempo. — Sirius tamborilou os dedos na garrafa de whisky.
Um sorriso entristeceu a feição de Thanatos.
— O tempo nunca cura, Sirius. — Ele segurava o cigarro incandescente entre os lábios. — Só afasta... mas nunca cura.
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Sirius ficou bastante tempo em cima da moto, fritando no sol quente, o suor grudando sua jaqueta de couro nos braços enquanto ele pensava no que falar. Encarava o jardim de flores da casa ao lado, os polegares batendo incessantemente no guidão da motocicleta. Então, expulsou o ar dos pulmões e estacionou no pequeno espaço antes da garagem, descendo em um movimento calculado ao puxar o suporte lateral.
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Scarius | Sirius Black (Ato II)
Lãng mạn"Sabe como isso funciona, Sirius. Você me pede para ficar e eu vou embora." "Scarlett passou semanas inteiras se acusando de ser uma pessoa ruim. De ser uma assassina, uma traidora e uma covarde. Entretanto, naquele momento, percebeu que, se algo de...