85 - Love will survive somehow, somewhere

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LXXXV


— Ela precisa saber, James. — Regulus apoiou-se no balcão do que restou da cozinha da Casa dos Gritos. — Se aquela vassoura foi dada pelo Sirius, acha mesmo que metade do Ministério já não rastreou a ordem de compra?!

— Mas... Harry está treinando com ela normalmente e... e nada mudou em Hogsmeade. Não tem auror algum ali, apenas... dementadores.

— Como você sabe que não tem auror?! Ficou lá monitorando?! — Regulus ralhou, cruzando os braços. — Tem noção do perigo que eles correm? Sempre soube que Sirius era burro, mas você também!?

James torceu o nariz.

— Ele não é burro... é meu melhor amigo. — Ele murmurou, afetado. — Meu sonho sempre foi me tornar um jogador profissional. E... e... Sirius sabia disso. Ele nunca ia deixar o Harry desamparado. Eu sei que foi uma atitude idiota, mas... o Sirius é muito mais do que você pensa.

— Não importa o que eu penso ou deixo de pensar do Sirius. Scarlett precisa saber. — Ele encarou o amigo com aqueles olhos de ferro decididos.

— Ela não pode saber... não agora. Eles vão brigar, Red. Eles estão se dando tão bem! — James segurou seus ombros, fitando-o com aqueles olhos de avelã sob as lentes dos óculos.

— Eu não dou a mínima, Jay! Ele está colocando os dois em perigo por causa de um capricho! — Ele revirou os olhos com impaciência.

— Não é um capricho! — A voz de James quebrou, embargada. — É pelo meu filho. Ele é padrinho dele... dos nossos filhos.

A risada de Regulus foi fria e vazia.

— Você e a Scarlett sempre passaram a mão na cabeça do Sirius. Não importava a merda que ele fizesse, os dois estavam com os panos a postos. Mas eu não vou deixar que a imprudência dele a mande de volta para Azkaban! Não vou permitir que ela seja um rato de laboratório de novo. — Ele lhe lançou um olhar afiado.

— Você ainda o odeia? Depois de tudo o que ele passou? — James não parecia chateado, tampouco surpreso. Ele acompanhou toda a saga de Regulus e Sirius, claro que só ouvindo um lado da história, mas agora tinha a oportunidade de entender Red.

— Eu não o odeio. — Regulus confessou e, antes que pudesse dizer algo a mais, a porta da casa abriu e Scarlett surgiu, as bochechas coradas do frio e o sobretudo úmido de neve.

Olhou-os como quem perguntava o que havia acontecido. James engoliu em seco, com uma expressão de que claramente as coisas não estavam normais. Regulus, por sua vez, limpou o rosto de qualquer sentimento que poderia demonstrar.

— Você precisa saber de uma coisa... — Red tirou as mãos de James de seus ombros, encarando Scarlett diretamente. — Sirius comprou uma Firebolt para Harry.

Scarlett manteve-se em silêncio e Lily atravessou a porta atrás dela.

— Prontos para ver a Grifinória pisando na Corvinal?! — A ruiva possuía um largo sorriso no rosto, que arrefeceu assim que notou o semblante de seus amigos. — Aconteceu alguma coisa?

Sem dizer uma palavra, Scarlett subiu as escadas. Encontrou Sirius brincando com o gato laranja usando um cadarço. Ela apoiou-se no batente da porta, os olhos fulminando Sirius e as unhas arranhando a costura das luvas, a tensão vibrava em seus ombros.

Ela não queria brigar, mas só cogitar a possibilidade de voltar para Azkaban lhe causou um frio na barriga interminável, que contorceu seu estômago e um suor frio umedeceu suas mãos. O desespero a engoliu com facilidade e ficou difícil respirar.

Scarius | Sirius Black (Ato II)Onde histórias criam vida. Descubra agora