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-Gostaste da escola? - perguntou o meu pai.
-Sim.
-Não parece.
-Tu sabes que tenho saudades de dançar.
-Para a próxima pensa antes de agires.
-Eu não bebi nada! Porque é que não acreditas em mim?
O meu pai acha que bebi e está sempre a lembrar me disso.
-Já chega! - disse a minha mãe.
-Acho que já acabei.
Levantei me da mesa e fui para o quarto.
Liguei à Cara e falámos um bocado e depois fui dormir.

Não me lembro bem do meu sonho mas lembro me de ver uns olhos dourados.
Tomei banho e fui vestir me. Calças de ganga justas azul turqueza e rasgadas ao longo da perna e uma blusa branca com as mangas descaídas mostrando os meus ombros e calcei os Vans pretos.
Quando ía a colocar o relógio reparei numa mancha escura que não esta no meu pulso ontem. Parece uma cicatriz. Não deve ser nada.
Saí de casa e fiz a rotina de sempre. Fui buscar a Cara e a seguir fomos para a escola.
Chegámos mais cedo à sala pois já sabíamos onde era.
Matt veio ter connosco.
-Bom dia! Gostariam de ir a uma festa na praia na sexta?
Antes de eu responder a Cara encarregou se do assunto.
-Lá estaremos!
Revirei os olhos. Lá vou eu ser arrastada para uma festa.
Olhei para o lado e avistei Nathan ao fundo do corredor de olhos fixos em mim. Fingi que não vi mas sensação de estar a ser observada não é agradável. Ele sabe como me pôr desconfortável.
Entramos e vou sentar me. Logo a seguir entra Nathan.
Sentou se e concentrou se no que estava a fazer.
Nenhum de nós falou até meio da aula. Olhou preocupado para a mancha do meu pulso.
-Como é que fizeste isso?
-Não sei. Apareceu hoje de manhã.
Ouve um silêncio entre nós.
-Então... Angelina, tipo Angel (Anjo).
Fiquei a olhar. Ele acabara de me chamar anjo?
Sorriu. O sorriso dele é tão contagiante que sorri também.
O seu joelho tocou no meu e não sei porquê fiquei muito tensa.
A campainha tocou e começámos a levantar nos.
-Vais à festa na sexta? - perguntei.
-Talvez, meu anjo.
Eu ía responder lhe dizendo que não era o seu anjo mas a Cara puxou me. Urgência feminina.

Enquanto Cara estava na casa de banho eu esperei cá fora e Matt aproximou se.
-Espero que possas ir à festa.
-Mesmo que não queira, aquela caramela vai obrigar me a ir por isso vou de certeza.
-Então espero que não vás obrigada. Até logo!
-Xau!

É sexta feira à noite e a Cara já está toda stressada porque não sabe o que vestir.
Eu optei por umas calças de ganga, um top branco e uma camisa de flanela aos quadrados azuis, brancos e pretos. Calcei os All Star brancos e deixei o cabelo solto.
Cara vestiu um vestido comprido de praia amarelo e umas sandálias rasas castanhas. Fiz lhe uma trança francesa e saímos.
A areia estava cheia de gente. Música aos berros e barracas de comida. No centro uma fogueira enorme.
-Isto está um máximo! - Cara parecia entusiasmada.
-Vou buscar comida.
Dirigi me para a fila e quem é que estava à minha frente? Katherine Hamilton.
Rezei para que não me visse mas em vão.
-Vieste empatorrar hamburgueres para ver se ganhas formas?
Como pratico ballet desde os três anos e estudei num Concervatório, sou bastante magra e com poucas curvas. E exageradamente baixa.
-Isso é tudo inveja?
-De ti? - deu uma grande gargalhada.
Decidi ignorá la.
-Hey! Nathan! Não queres passar à frente para não esperares muito? Vem para aqui! - gritou Katherine.
Parece que ele sempre veio. Aproxima se e a Katherine agarra se ao seu braço. O Nathan tenta afastá la mas ela não percebe.
-Não podes pôr as pessoas assim à frente! Há gente à espera à mais tempo!
-Fica à minha frente. - disse Nathan calmamente.
Hesito mas depois avanço. Quando está atrás de mim, Nathan passa com um dedo pela minha coluna o que me dá um arrepio.

-Pára!
-Obriga me.

Ele respondeu me mentalmente. Viro me para trás. Ele é muito alto.
-Tu respondeste me!
Sorriu.
-Não me lembro.
-Não me faças passar por maluca.
-Não precisas de ajuda.
Voltei a virar me para a frente. Esqueci os pedidos e fui à procura da Cara.
Avistei a e reparei que estava com um rapaz por isso deixei a estar e fui para a parte escura e deserta da praia e sentei me no chão.
Nathan sentou se ao meu lado pouco depois.
-Vieste dizer me o quanto sou maluca por ouvir vozes?
-Não. Vim perguntar te se queres ir à água.
-Não tenho biquíni.
-E eu não tenho calções.
Começa a desapertar as calças e despe as. Boxers pretos. A seguir despe a camisola. Desvi o os olhos e sinto me a corar.
-Vens?
-Não vou despir me.
-Vai ser divertido!
Respirei fundo e tirei a camisa e o top mostrando o meu sutiã branco com renda. Despi as calças e descalcei me e fiquei em cuecas pretas rendadas.
-Não olhes para mim!
-Isso só me incentiva a olhar.
Começou a correr para a água e eu entrei mais lentamente. Como ía à minha frente vi uma cicatriz enorme nas suas costas em forma de V.
Tinha a água pelo umbigo e deixei de ver Nathan.
-Nathan?
De repente algo pega em mim e me atira para a água. Nathan.
Grito e engulo água e quando venho à superfície ele está a rir se.
-Não voltes a fazer isso! - disse eu pondo as mãos no seu peito para o empurrar. Antes de o conseguir, Nathan agárra me nos pulsos e fixa os olhos nos meus.
Engulo em seco. Porque é que estou tão nervosa?
Puxa me para si e agarra me firmemente no fim das costas nunca desviando o olhar.
A lua está sobre nós e o mar está brilhante e iluminado.
Nathan aproxima a cara da minha devagar. Quando sinto os seus lábios a aflorar os meus fecho os olhos e rodeio o seu pescoço com os meus braços. No início é um beijo carinhoso mas depois fica mais intenso. Apaixonado.
Nathan coloca as mãos nas minhas coxas e puxa me para o seu colo sem parar o beijo. Ponho as minhas pernas à volta da sua cintura e ele começa a andar até à areia.
Senta se na areia fria e eu continuo no seu colo.
Começou a plantar beijos no meu pescoço e cada vez que suspirava sentia o seu sorriso contra a minha pele. As minhas mãos foram para as suas costas.
Só me lembrei da cicatriz depois de lhe tocar e ser transportada para outra realidade.

Anjo de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora