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Cheguei a casa e já me estava a preparar para outro sermão quando vi um bilhete em cima da mesa da cozinha.

Angelina,
Eu e o teu pai vamos passar o fim de
semana fora, liga nos
se precisares de alguma coisa.
Chega a casa a horas!
Beijos,
Mãe

Nunca fiquei tão aliviada por não os ter em casa. Assim não fico de castigo. Já estava a pensar que teria de usar a manipulação de mentes com eles.
Fecho me no quarto às escuras. Odeio estes momentos em que fico a pensar no que aconteceu e odeio que tenha a ver com a Isabelle e o Nathan. Que raiva!
Entrou em casa dele como se fosse ali à anos, beijou o como se fossem amantes e agarrou o como...como... Pára de pensar nisto!
Ele disse que acabou, que era passado! Eu sei que foi ela que o beijou e não ao contrário mas mesmo assim...
Algo interrompe os meus pensamentos. Demoro um pouco até perceber que estão a tocar à campainha.
Desço as escadas. Os meus pais vieram cedo.
Não são os meus pais. É o Matt.
Respiro fundo e abro a porta.
-Olá Angie! - aproximou se para me beijar mas eu entrei em casa deixando o pendurado à porta. Seguiu me e sentou se no sofá e eu fiquei à sua frente em pé. Tinha as mãos a tremer. Aliás, toda eu tremia.
-Está tudo bem, Angie?
É agora Angelina, tens de lhe contar.
-Preciso de falar contigo... - estou a começar a ficar com dores de cabeça.
Levantou se preocupado.
-Angelina, o que é que se passa?
Fiquei em silêncio com medo do que viesse a seguir de eu contar a verdade.
-Eu...eu beijei outra pessoa.
Ficou imóvel a olhar para mim. Magoado e zangado.
-Quem?
-Nathan.
-O teu colega de mesa? Não arranjavas melhor?
Aquilo irritou me.
-Matt, acalma te.
Largou um grande suspiro e depois deu me a mão.
-Disseste a verdade. Eu desculpo te, agora vamos voltar ao que éramos.
Afastei me e coloquei as mãos na minha cabeça que agora começava a estalar. O stress provoca me estas coisas.
-Matt...eu acho que não vai dar...
-Já percebi...
Começou a encaminhar se para a porta.
-Matt, espera!
Parou e olhou para mim.
-Desculpa...
Saiu porta fora.

Jantei sozinha, os meus pais ligaram a dizer que vão estar fora mais uns dias.
Vesti umas leggins pretas e uma t shirt branca larga. Vi que o casaco de Nathan ainda está pendurado na porta do meu roupeiro. Apanhei o cabelo num coque despenteado e sentei me no sofá a ver televisão.
Quando já estava cansada de episódios repetidos do "The Vampire Diaries", fui para o quarto.
A imagem da cara de Matt quando deixou a minha casa estava constantemente a passar me pela cabeça enquanto estava deitada na cama.

Abro os olhos e sei imediatamente que estou a sonhar. Nathan está sentado no fundo da minha cama a olhar para a janela e eu estou demasiado penteada para ter realmente acabado de acordar.
Sentei me.
-O que é que fazes aqui?
-Vi o Matt a sair daqui à bocado.
-Eu contei lhe. - olhou para mim e parecia satisfeito - ele perdoou me... - o seu olhar ficou distante e voltou a olhar para a janela - ...mas eu disse lhe que não ía dar. Acabámos.
Mordeu o lábio.
Suspirei e olhei para as mãos. Este silêncio está a matar me.
-Vieste cá por alguma razão em especial?
-Para te contar o que queres saber.
Olhei para ele e os nossos olhares encontraram se.
-Eu não posso mudar o passado, mas eu juro te que estou diferente.
Permaneci calada.
-À três anos, no Cheshvan, possuí uma rapariga. Ela era boa aluna, simpática não havia razão para não gostar dela. Sabes que fui expulso do Paraíso por ser viciado em demoninharía, bem, eu queria experimentar outras drogas. Ao início era só uns comprimidos alucinogénicos. Depois comecei a experimentar muita coisa ao mesmo tempo. Eu não parava de consumir, eu estava a possuí la e em consequência, a projudicada era ela e não eu. Não ía à escola, drogava me constantemente e o organismo dela não aguentou. No penúltimo dia do Cheshvan...ela morreu com uma overdose. Não me apodero do corpo de ninguém desde então.
Fiquei sem fala. Nunca pensei que ele pudesse fazer uma coisa tão horrível. Comecei a chorar pela rapariga que ainda tinha tanto pela frente.
Aproximou me de mim colocando a mão no meu joelho.
-Eu estou mesmo arrependido...
-Afasta te de mim! És...és...
-Um monstro, eu sei. Mas eu mudei Angel, acredita em mim. Não vou cometer o mesmo erro.
Não sabia o que fazer para além de chorar.
-Vai te embora, por favor...
-Não chores, por favor meu anjo...
-Vai!
Levantou se, deixou qualquer coisa na minha secretária e saiu pela janela. Quero acordar mas não consigo. Quero que tudo aquilo seja mentira.

Acordo umas horas depois e apesar de ter dormido a noite toda, sinto me cansada. Levanto me e quando vou a caminho da casa de banho olho para a secretária. Foi o que o Nathan deixou aqui no meu sonho. É o desenho que vi em casa dele em que eu pareço um anjo. Meu anjo...
Tenho de pensar no que vou fazer agora.
Ele mudou, eu sei que sim...eu sei que ele está arrependido.
Talvez eu tenha sido muito dura.
E talvez ele mereça uma segunda oportunidade...




Anjo de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora