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Madeleine Morgan

Normalmente, demoro muito para me decidir sobre qualquer coisa. Em minha defesa, qualquer decisão pode afetar gradativamente todos os aspectos da minha vida e da vida das pessoas ao meu redor.

Na verdade, nunca me decido, apenas opto por uma das opções quando me vejo em um labirinto, com todas as suas paredes se fechando ao redor de mim: encurralada a escolher um caminho ao qual seguir. Então vou "no mais provável".

Mesmo assim, minha mente insiste em explorar questões desnecessárias: "como seria se tivéssemos escolhido a outra parede?", ao invés de simplesmente se contentar com o caminho que decidiu seguir.

Isso vai desde a carreira que pretendo seguir até os dois tênis, praticamente idênticos, da loja. Obs: o cadarço de um um era branco gelo e do outro era bege.

Contudo, tenho uma única certeza absoluta sobre a minha existência: não nasci para exatas.

Por algum motivo, estava confiante que em meu último ano eu iria aprender toda a física que não aprendi no resto da minha vida inteira.

Minha mente está me dizendo que com absoluta certeza deveríamos ter escolhido a outra parede.

O sinal soou para o almoço e todos saíram alvoroçados porta a fora.

Ninguém genuinamente gosta de física, acho eu.

Dei uma última olhada no "F" brilhando em canetão vermelho no canto da prova antes de guardar na mochila.

— Senhorita Morgan — o professor chamou minha atenção — estou ficando preocupado com as suas notas. Semestre passado as coisas já não andavam muito bem com o "D-" — ajeitou o óculos no rosto e eu abaixei os olhos — Agora chegou ao fundo do poço com "F".

"A senhorita chegou a considerar que talvez, se não somos bons em algo, devemos apenas deixar de lado? Que talvez seja uma oportunidade de aperfeiçoarmos os nossos pontos fortes e não de insistirmos nos pontos fracos? O que estou querendo dizer é: se não é boa em algo, simplesmente não o faça. Se realmente quiser fazer, então melhore."

Talvez se o senhor se preocupasse mais em fazer o seu trabalho e menos em querer comer as suas alunas, eu fosse melhor na porra da sua matéria.

Sorri pequeno — Obrigada senhor Jones. Eu vou prestar mais atenção.

E não, eu não vou pagar um boquete para o senhor me aprovar em física.

Seus olhos deslizaram pela minha silhueta. Tentei puxar a saia mais para baixo.

Começou a recolher seu material — Está dispensada.

Revirei os olhos enquanto saia da sala.

Perdi quatro minutos de almoço graças a esse nojento.

Caminhei até o pátio a passos arrastados, me lamuriando pelo meu pai não ter conseguido nascer com nada de bom para que eu pudesse herdar, nem algo simplesmente como ser bom em física.

Encontrei May conversando com Margot, na mesa que nós três costumamos almoçar.

Elas riam de alguma coisa até notarem a minha presença — Maddy, por que demorou tanto?

Tirei a mochila das costas colocando em um lado do banco e me sentei em frente a May e Margot — Jones me segurou pra reclamar do meu "F" na matéria dele.

Elas franziram o cenho, todas com uma expressão de nojo.

— Sério? O que ele falou? — Margot cruzou os braços em cima da mesa.

Dezessete dias para amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora