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Madeleine Morgan

No segundo em que pisei fora do uber percebi que não seria nada como estava imaginando.

Tinha muita gente, mais ou menos o dobro do que previ.

E eu me sentia um peixe fora d'água, um peixe de açude em meio a tantos peixinhos dourados, nadando na parte mais bonita do rio fingindo que minha vida não estava um caos. 

Estava com a mão direita entrelaçada na de Amaya, enquanto a esquerda puxava Nichole, conforme atravessavamos os portões em direção a entrada da mansão, cumprimentando algumas pessoas que jogavam conversa fora.

Na verdade, eu não conhecia ninguém, só sorria para não parecer mal educada. 

Era o ciclo social de Amaya, mas eu também duvidava que ela já tivesse falado com mais de dez pessoas das quais estavam aqui.

A casa era imensa, composta por diversos vitrais com cortinas de um azul royal que tocavam o chão. Lustres dourados completavam o clima clássico e luxuoso do ambiente.

Grupos conversavam e bebiam pela extensão do corredor, adolescentes simplesmente sendo adolescentes. Mas era na piscina que a festa de verdade acontecia, com direito a bar com os mais diferentes tipos de drinks, DJ e uma estátua de gelo.

May não queria demonstrar o quanto estava encantada com tudo, no entanto, eu não consegui esconder a minha admiração.

— Um cisne de gelo? — Passei um dedo na estátua em cima do pedestal conferindo se era de verdade.

— Legal, não é? Eu disse que você ia se divertir.

Foi ela quem me convidou, ou melhor, me arrastou até aqui. Não que eu não aprecie festas, ao contrário disso, acho revigorante estar cercada de pessoas, no entanto, não destas pessoas. Resumidamente, me camuflava em meio aos donos de Nova York.

Amaya é uma Carter, sua família tem dinheiro suficiente não apenas para comprar o apartamento onde moro, mas o prédio todo também. Contudo, essa gente era um nível ainda mais acima e eu uns cinco abaixo.

Fomos até o bar ao lado da piscina e logo mirei os olhos em uma tacinha redonda com um líquido azul clarinho e um guarda chuvinha. Identifiquei ser um Lagoa Azul.

Peguei a taça e mexi no guarda-chuvinha cor-de-rosa com a ponta dos dedos, encantada.

— Quando foi que as festas americanas evoluíram da cerveja no copo vermelho para essas bebidas? — Nichole perguntou ao meu lado, olhando os copos e puxando uma tacinha com um líquido rosa.

— Em festas universitárias ainda é assim. Agora, você não pode vir numa mansão e achar que eles vão beber só cerveja em copo vermelho — Levantei as sobrancelhas.

Deu de ombros — Não tenho experiência com festas. — E, tentou, levar a taça até a boca.

Coloquei a mão na borda, fazendo ela devolver a taça para o balcão novamente — Boa tentativa. Mas não enquanto estiver sob minha supervisão.

Deu um sorrisinho sapeca e mexeu nos fios longos castanhos dando de ombros.

Nichole agora fixou os olhos em Amaya, buscando em sua íris apoio contra mim.

— Sinto muito, Ni. Sua irmã que manda — falou puxando a boca em uma linha reta — Mas você pode tentar conseguir alguma coisa sem álcool daquele lado — May apontou, sugerindo.

Nichole seguiu o olhar dela e assentiu, depois voltou a buscar o meu olhar, pedindo uma permissão silenciosa.

— Só não sai do meu campo de visão, tá bom? 

Dezessete dias para amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora