09.

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Madeleine Morgan

Nunca fui popular.

Acho que é por isso que sempre gostei de livros de romance onde o playboy mais cobiçado da escola se apaixona pela menina invisível.

Porque me faziam sonhar que esse tipo de acontecimento pudesse se realizar comigo.

Minhas experiências de vida sempre comprovaram o contrário. Entre mim, Amaya e Margot, sempre passei despercebida.

Por isso não ouso ficar assumidamente encantada por ninguém, afinal, quem me escolheria?

No entanto, entre nós três, eu sei quem me reconheceria.

O "Gracinha" está aqui.

Mais especificamente, duas mesas atrás de mim, junto com mais uns sete garotos. Garotos do vestiário.

Estávamos em uma lanchonete a umas três quadras da escola, depois que anunciaram que teríamos as aulas do período da tarde livres, tem haver com algum projeto no qual os professores estavam trabalhando, que não me dei ao trabalho de prestar muita atenção — que ninguém prestou, na verdade. Assim que o período foi anunciado vago, todos se preocuparam apenas em correr para fora dos portões da escola.

Costumávamos vir aqui, vez ou outra, almoçar.

Amaya estava sentada em minha frente com Margot ao seu lado. Ao meu lado, Lisa e Raquel se sentavam, duas outras amigas da escola, mas que não andavam com nós com tanta frequência.

Embaixo da mesa, as mochilas estavam empilhadas de qualquer jeito.

Eu parecia uma manteiga derretida escorrendo pelo banco. Estava de costas para o Gracinha e para os outros garotos, então me certifiquei de me esconder.

— E o seu Maddy? — Amaya piscava devagar, esperando que eu respondesse, provavelmente percebeu que não tinha dito mais nada a uns dois minutos e não quis me deixar de fora da conversa.

— Provavelmente uma cor clara... — sorri, sonsa, mantendo a mesma posição, praticamente dizendo qualquer coisa, já que era extremamente indecisa para ter escolhido a cor meses antes.

— Acho que vai combinar bastante com você — Lisa, que estava sentada ao meu lado, me ofereceu um sorriso amigável. De todas nós ela era a "mais na dela", podemos dizer assim. Lisa tem os olhos pequenos negros como onix e o cabelo curtinho tão escuro quanto. A pele é clarinha. Ela é mais alta que eu, mas também mais encorpada, o que não é muito difícil.

Retribui o sorriso, mas com os pensamentos voltando a Gracinha.

Se ele me visse estava perdida.

"A garota que foi no vestiário atrás do Alexander!"

Até escutei sua voz berrando a frase, assim como fez quando avisou sutilmente que eu precisava deixar uma água para Alex, no outro dia.

Comecei a formular desculpas viáveis para justificar a situação, mas nenhuma delas iria funcionar.

"Noah. Noah me encontrou e pediu que eu levasse a água até seu irmão."

E como eu justificaria o fato dele ter me dispensado como um emocionada qualquer?

Minha nossa, não tinha me dado conta da forma como minha vida estava um caos.

Alguns demônios do passado, como a demissão da lanchonete, já não me assombravam mais com tanta intensidade. Não parecia mais tão relevante.

Me livrei de um, mas, arrumei mais uns dez para me assombrarem.

Não pensei que teria tanta dificuldade em esconder de Amaya.

Dezessete dias para amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora