Ciúmes

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~ Henrique.

Olhei para a lateral do palco, algo que eu já estava fazendo praticamente o show inteiro, não avistei Melissa, mas vi o amigo dela de costas e se eu estivesse enxergando bem, era seus braços em seu pescoço. Eles dançavam suavemente no ritmo da musica, embalados pelo momento. Vi de relance um beijo entre eles quando eles pareceram tão distraídos pela dança ou seja la o que for, que os seus corpos viraram de lado.

Eu poderia ali mesmo dar um breve jeito de me aproximar, mas evitei maiores constrangimentos durante meu show. Apenas mantive a pose e parei de olhar para o lado em que estavam, até se finalizar o show.

— Melissa? -a chamei pelo nome, tocando seu braço fazendo com que ela parasse a caminhada. Seu corpo virou rapidamente em minha direção, a feição de dúvida já que poucas eram as vezes em que pronunciava seu nome.- Você não me disse que havia conhecido esse cara hoje? -questionei, enquanto os outros se afastavam voltando ao camarim logo após o término do show.
— Sim, porque? -ela cruzou os braços como forma de indignação, já sabendo do que se tratava o assunto.
— Porque já ta agarrada com ele desse jeito? Ja até o trouxe para o show.
— O problema é esse? -ela arqueou a sobrancelha, entrando na defensiva.
— Não, você pode trazer quem quiser, mas... -soei desajeitado, encontrando as palavras certas.
— Mas? -ela me cortou, me forçando a prosseguir a dizer algo.
— É só que, -comecei a elaborar algo, coçando a nuca.- É muito cedo para qualquer coisa. Vamos dizer que você o conhece a horas. -tentei ser convincente.
— E mesmo assim não posso ter nenhuma afinidade com ele? Beijar que seja? -revirei os olhos, bufando.- Não me enche, Ricelly, você sempre ta comendo uma ou outra por ai. -ela descruzou os braços, retomando a caminhada para sair dali, dando o assunto como encerrado.
— Não é a mesma coisa. -comecei a segui-la em passos apressados, pois a mesma se tratou de acelarar os passos, demonstrando raiva.
— Ricelly, não me enche! Já pedi. -ela disse um pouco mais alto e me dei por vencido, já que aquilo levaria a uma briga e eu não estava muito afim devido termos passado uns bons dias separados.
— Ok, pituca. Desculpe. -alcancei a mesma e passei meu braço pelo seu ombro, vendo o seu olhar de canto, não tão convencida.- Te amo, só isso. -senti seus ombros cairem, como se tivesse relaxando após um período de tensão.
— Também amo você, Ri. Entenda, você é meu irmão. -ela começou com aquele mesmo papo de sempre quando dizia que aquilo era puro ciúmes.
— Que te protege! -afirmei, bem firme. Ela deu uma leve risada e juntei mais nossos corpos, deixando um breve beijo no topo da sua cabeça.- Cê sabe que vai ser sempre minha pituca.
— Deixa de ser melodramático, Ricelly! -me advertiu, nos fazendo rir.- Se depender de você não irei casar e te dar sobrinhos. -a ideia me trouxe alegria e embrulhou o meu estômago na mesma medida.
— Se isso custar te separar de mim, então não mesmo. -ela deu uma breve risada.

Entramos pela porta do camarim, nos desfazendo de nosso abraço. Gabriel rapidamente percorreu os olhos por nós dois, como se esperasse algo partir de mim, o olhar um pouco assustado. Certamente Melissa o disse sobre como eu era extremamente protetor, ou ciumento, o que era bem verdade. Pela minha menina eu dava meu fôlego, ela era essencial para mim, parte da minha família.

~ Melissa.

— Te vejo fim de semana? -Henrique se despedia, me agarrando em um longo abraço.
— Sim, sábado estarei por lá. -ele assentiu, beijando mais uma vez minha testa.

Despedi de todos que ali se encontravam, saindo ao olhar desaprovado de Henrique, que tentou insistir para eu ir dormir com ele essa noite antes do mesmo ir para o próximo show na Bahia. Após longas explicações, o convenci que precisava descansar para a faculdade de amanhã e que ainda precisava me adaptar ao estágio. Ele não se convenceu, claro, mas não insistiu mais, me deixando partir na companhia da Gabriel, contrariado.

— Seu irmão é mesmo um mala. -ele comentou após entrarmos no carro.
— Não fala assim. -o repreendi, ajeitando o cinto e o olhando de relance, que tinha um breve sorriso nos lábios.
— Se eu não fosse insistente, até deixaria isso pra lá. -o observei, curiosa, enquanto ele dava partida no carro.- Estou dizendo sobre ficar com você. -ele concluiu após alguns segundos em silêncio, percebendo que eu não havia entendido.
— Isso daria uma boa briga. -soltei um riso pelo nariz.
— Não, eu não quero isso. -ele me olhou de relance.- Só quero você. -senti minhas bochechas queimando lentamente, a vergonha estampada em meu rosto pelo comentário, ainda bem que estava escuro.- Ei, para de ficar muda, com vergonha. -Gabriel havia percebido.- Você é gata pra caralho, é normal que todos dêem em cima de você. Mas eu vou além disso Mel, você é uma mulher espetacular por dentro também, quero te conhecer melhor. -abri um sorriso e ele me olhou rapidamente, formando um sorriso no rosto também.
— Teremos tempo.
— Ainda bem. -seu suspiro aliviado me rancou uma risada.

Após alguns minutos até meu apartamento, ele estacionou na porta e se virou para meu lado, se aproximando o quanto podia devido o desconforto dentro do carro.

— Quando vou te ver de novo? -soltei meu cinto, o olhando.
— Amanhã, no estágio. -eu disse o óbvio, rancando um gargalhada de Gabriel.
— Ah, no serviço não posso beijar essa boquinha. -ele disse com aquele sorriso sacana no rosto, se aproximando. Seus dedos tocaram meu rosto, onde minha boca entreabriu automaticamente.- Eu digo como hoje. -sua voz estava rouca, baixa. Seus olhos percorriam os meus lábios.
— Podemos sair mais vezes. -disse quase em um dar de ombros.- Gostei da sua companhia. -seu sorriso se abriu novamente e sua boca colou na minha.

O beijo de Gabriel era tão calmo e sereno, que eu poderia passar a noite ali, preso em seus lábios não tanto carnudos, mas na medida certa. Senti sua mão segurar firme em meu cabelo e sua língua aumentar a urgência em minha boca, travados pelo desejo de querer algo mais, como se aquilo não fosse o suficiente. Nos separamos para respirar, mas Gabriel manteve nossas testas coladas, os olhos fechados.

— Você é demais, Mel. -sussurrou antes de inciar outro beijo, sua mão esquerda passando pela minha cintura, como se me trouxesse para mais perto.
— Ei... -sussurrei, me afastando, mas ele não parou, apenas desceu os beijos para o pescoço.- Gabriel... -sussurrei seu nome, já sem forças, tentando não me render.- Hoje não. -pedi, tentando me afastar do mesmo.- Por favor, outro dia. -ele se afastou.
— Tudo bem. -ele me deu um selinho.- Te vejo amanhã?
— Claro. -sorri, me ajeitando antes de descer.
— Obrigado pela noite, Mel. Foi bom estar com você. -sorri pela sinceridade e desci do carro, apenas acenando para o mesmo antes de fechar o portão do meu prédio.

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