Epílogo - Fim ou intervalo?

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~ Henrique.

Quase 40 dias desde o último contato com Melissa. Ela não retornava minhas mensagens, não atendia minhas ligações, as vezes eu mandava recados por sua mãe quando ia visitá-la já que a mesma não ia mais para a fazenda, mas, sem sucesso. Ela não me respondia, não dava sinais e nem deixava claro o que de fato queria. Ou eu que não entendia que já era o fim, na verdade eu que não queria acreditar neste fim.

Poderia ter guardado tudo o que eu sentia e reprimido dentro de mim, ao menos teria minha Melissa ao meu lado e não me sentiria tão perdido como estou. Os dias se tornaram nublados e sombrios, também tristes e vazios. Hoje, mais uma noite indo fazer outro show qualquer, sem nenhuma animação ou graça para tudo aquilo.

Aquela extensa fila de fãs com todo carinho para me receber e eu com meu sorriso falso, só pra disfarçar. Juliano era o único que percebia tudo, que sabia de fato o que estava acontecendo. Meus pais não sabiam e nem desconfiavam, ao menos era isso que eu pensava, pois não me perguntavam. Paula, sempre bem carinhosa comigo, dizia para eu manter a calma que Melissa não estava ainda muito bem. Mas até quando? Até quando eu suportaria tamanha falta? Eu só queria ela do meu lado, não precisava de tanto, só ela ao meu lado, abraçados, que seja.

Era nossa hora de apresentar, fomos chamados ao microfone e em poucos minutos adentramos o palco, ali também me desligava dos problemas, era bom ver toda aquela energia das pessoas. Meu ponto em meu ouvido chamou, apertei o mesmo para escutar, era Emil que dizia algo diretamente a mim. Ouvi bem o que ele tinha a dizer e me perdi onde estava, ficando estático.

~ Melissa.

Já tinha tomado a decisão de ir atrás de Henrique faz tempo, mas queria surpreendê-lo, então programei algo com Emil sem Juliano saber, caso contrário, não se seguraria. Mas mesmo após tanta organização pra fazer dar certo, deu errado. Estava presa em um trânsito infernal tentando chegar a porta do show.

Meu celular tocou mais uma vez, Emil.

— Estou presa no transito. -já anunciei.
— Droga! Eles já estão pra entrar, to tentando segurar.
— Ai Emil, pode liberar, chego em breve e vou direto pro palco.
— Ele vai infartar, Melissa. -dei uma risada.
— Te aviso quando chegar.
— Ta ok. -finalizei a chamada.

Faltava roer as unhas por tamanha ansiedade, que droga de trânsito bem agora que eu estava prestes a encarar toda a realidade da minha vida: Ricelly. Eu o amava e esse tempo longe do mesmo só me fez refletir o quanto precisava do mesmo para os dias ruins.

Os próximos 25 minutos foram de angustia, mas já escutava as vozes de meus meninos cantando e encantando todos naquele local. Desci no meio do caminho e continuei o trajeto a pé, já estava mais proxima e não aguentava mais esperar tanto. Liguei para Emil que logo correu para o portão que dava acesso ao camarim.

— Eita demora. -o abracei.
— Que merda de trânsito.
— Que saudade, Mel. -ele sorriu, estendendo a pulseira para mim.
— Também estava e mais ainda desses shows, quanto tempo que não venho.
— Realmente. -ele sorriu.- Vamos? -assenti.

Caminhamos cerca de poucos minutos até chegar atrás do palco, eu já sentia meu coração acelerando, minhas mãos tremendo e suando frio. Eu estava muito ansiosa e não sabia qual seria a reação de Henrique. Emil me guiou até a lateral, passei cumprimentando algumas pessoas conhecidas que estavam por ali. Quando estava em cima do palco e já podia ver os dois, meu coração disparou bem mais, que saudade eu estava deles.

Emil me avisou que iria dar o recado a Henrique pelo ponto e eu assenti, mega ansiosa. Vi Mohana mais a frente e fui até a mesma, cutucando seu ombro, ela virou e seus olhos se arregalaram, surpresa.

— MEL! -ela gritou devido ao som abafado, me puxando para um abraço apertado.— Não acredito, que saudade. -sorri, me afastando.
— Nem me fale.
— Que surpresa boa, eu sinto tanto por tudo que te aconteceu. -ela me olhou com aquela feição piedosa, dei um sorriso para ela.
— Foi tão dificil, Moh, ainda está sendo, mas vai passar, uma hora tem que passar. -ela assentiu.- Que saudade de ver esses meninos. -sorri, me rando para o palco.
— Eles vão surtar quando te ver. -deu uma risada.

Vi Henrique colocar a mão no ouvido, logo em seguida ele se virou rapidamente na direção que eu estava e parou de cantar, vi Juliano fazer o mesmo, mas ele continuou cantando, mantendo. Certamente Emil disse a ele que eu estava bem ali, ao lado de Mohana. O mesmo se quer pensou, apenas caminhou em minha direção, senti meus olhos marejarem.

— Melissa! -ele me tomou em seus braços, me agarrando em um forte abraço.- Minha pituca, eu não acredito. -ele se afastou um pouco, os braços ainda firmes ao meu redor.
— Henrique, eu não quero mais saber deste intervalo, nem quero que isto vire um fim. -ele estreitou os olhos, parecendo confuso.- Eu te amo e quero viver com você... -ele não deixou eu terminar de falar, apenas me beijou.

Aquele doce e profundo beijo que eu estava com saudades. Seus labios macios e quentes, favoráveis a mim, sua lingua que dançava perfeitamente junto com a minha. Sua mão que tocava meus cabelos com vontade de me possuir, meu corpo que já dava sinais que o queria por inteiro.

— Eu te amo. -ele sussurrou para mim, apenas parando o beijo e deixando nossas testss coladas.
— Vai terminar o show, estarei bem aqui te esperando. -ele abriu os olhos, sorrindo.- Por toda vida. -prometi.
— Por toda a vida. -ele afirmou, me dando outro beijo antes de se afastar, voltando para o palco em uma só energia, sorrindo aos quatro cantos.
— O que foi isso? -Mohana estava boquiaberta ao meu lado, eu ri de sua reação.
— Temos muito a conversar.
— Realmente. -ela riu.

Voltei minha concentração ao show, ou a Henrique, aquilo que realmente me interessava por completo naquela noite. Nem nos meus sonhos mais incríveis eu jurei que o teria para mim, bem ao meu lado, muito mais que um irmão. E agora, mais do que nunca, oficialmente estaria em um relacionamento com o mesmo.

Pode parecer ou soar estranho, mas se era ele quem me completava, não me sentiria culpada por ter me relacionado com o mesmo. Pelo contrário, era a melhor escolha que eu já havia tomado. Ricelly conhecia o meu mais profundo, escutou todos meus choros e angustias, cada dor que eu senti, cada alegria e conquista tambem. Ele torcia e vivia por mim, assim como eu. Porque não dar uma chance para um amor tão intenso como este?

Vi o mesmo me observando de longe, enquanto cantava "vem pra minha vida, vem, que eu não quero mais nada, mais nada e nem ninguém" e sorrindo de canto, meus olhos tomados por lágrimas de tamanha emoção e sentimento. Eu o amava muito mais, só não sabia que este sentimento estava oculto por tanto tempo.

Bendita seja a hora que Ricelly decidiu me agarrar. E que ele não solte nunca mais, pois serei eternamente sua amada "pituca". Para hoje e sempre ele será meu eterno Ricelly, meu amado.

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