Gravidez

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~ Melissa.

20 dias se passaram, para mim eram mais que dias, pareciam anos. Henrique não me ligava, não se comunicava, mal via noticiais suas pelas redes sociais. Vez ou outra tentava falar com Juliano e ele só dizia que ele estava bem e que precisava de um tempo para pensar. Fui a fazenda em um fim de semana que eles não estavam e todos reclamavam sobre a falta que eu fazia, que a cidade grande era intensa demais e que eu precisava descansar. Mal sabiam eles que eu estava fugindo da presença de Henrique, evitando outra briga ou seu desprezo, não suportaria lidar com tal feito. Eu me sentia mal, tão mal por ter deixado meu irmão sozinho, por ter me afastado do mesmo por conta de um namorado que se quer faz questão de mim.

Gabriel estava sumido a dois dias, era o que ele costumava fazer de vez em quando e eu mal sabia onde ele estava. Isso quando não aparecia na manhã seguinte ainda sobre efeito de álcool. Giovana não concordava com aquela situação mas não se intrometia, apenas me deixava em meu quarto já sabendo que eu vivia uma imensa decepção, mas por algum motivo eu não conseguia abrir mão de Gabriel.

Eu estava frágil, me sentia fraca, meu estômago não andava dos bons, talvez a ansiedade que tomava conta do meu corpo. Hoje nem fui a faculdade e muito menos ao estágio. Talvez isso faria com que Gabriel viesse atrás de mim, ao saber que eu estava mal me daria um pouco da sua atenção.

Escutei batidas na porta e logo me chamando pelo nome. Abri os olhos vagarosamente ao escutar aquela presença invadir meu quarto.

— Melzinha? -olhei para cima, encontrando o olhar aflito de Giovana sobre mim.- Você nem levantou da cama? -me questionou.- Já são quase 7:00pm, vamos comer algo. Vou fazer alguma coisa pra você comer.
— Viu Gabriel hoje? -questionei e a vi revirar os olhos.
— Sim e ele não perguntou de você. -suspirei.- Larga esse cara, Mel, ele não te merece. -me sentei na cama, sentindo tudo girar.
— Estou tonta. -comentei, espremendo os olhos.
— Estou vendo o quanto esta branca, deve ser falta de comida. -senti meu estômago embrulhar novamente.
— Quero vomitar. -dei um pulo da cama, me segurando na mesma ao sentir tudo girar.
— Melissa! -Giovana segurou em meu braço.- O que é isso? -ela me ajudou a chegar no banheiro e apenas abaixei, sentindo o vômito sair.- Meu Deus, Mel! Vamos pro hospital, você não ta nada bem.
— Não. -disse após me recompor.
— Nem vem me dizer que é algo que comeu porque não é. -levantei, limpando meu rosto e observando o mesmo abatido contra o espelho. Olheiras já se formavam por ali.
— Virose talvez. -dei de ombros.
— Você ta com enjoos não é de hoje, Mel, isso não é virose. Você não ta grávida? -questionou e aquilo me deu outro embrulho no estômago.
— Eu sempre me preveni.
— Vai lá saber. -ela deu de ombros.- Talvez algo não saiu como o planejado.
— Não, não é gravidez. -lavei meu rosto e peguei a escova, enchendo de pasta na tentativa de tirar aquele gosto amargo da boca.
— Vamos na farmácia tentar um teste de sangue? -a encarei pelo espelho.- Por favor, não custa. Se não for, voltamos com um remédio pra enjoo. -deu de ombros.
— Ok. -me convenci.

Apenas vesti a primeira roupa que encontrei e saimos em direção a farmácia.

— E se for um bebê? -questionei, ansiosa.- Não me passou a ideia pela cabeça.
— Eu vou ser titia. -ela sorriu e lancei um olhar de brava para a mesma.
— Sério, Gi. Faltam ainda 3 períodos para terminar a faculdade, Gabriel e eu não estamos muito bem, muita coisa ao mesmo tempo.
— Isso não vai te impedir de concluir seu curso e quanto ao Gabriel... -ela suspirou.- Ou ele vai tomar jeito de vez ou você vai ter que tomar uma decisão de largar o mesmo.
— Henrique vai surtar... -sussurrei mais para mim mesma do que para ela ouvir.
— Com certeza, mas ele vai te apoiar, ele sempre ta com você.
— Já tem quase um mês que nem noticias tenho do mesmo. -lembrei, sentindo meus olhos marejarem.
— As coisas vão se ajeitar, Mel. -tentou me acalmar.- Liga pra ele.
— Não, se ele não me ligou é porque não sente minha falta. -dei de ombros.
— Ou só ta cansado de vir atrás e sempre terminar em briga. -olhei para a mesma, que me lançou um olhar breve.- Desculpa, mas as vezes é o que parece. Você tambem tem que se esforçar.
— Você tem razão.

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