Cê vai perder essa mulher

83 7 3
                                    

~ Henrique.

Chegamos em casa após uma semana intensa de shows, enfim um descanso bom de 3 dias.

— Mãezinha? -cheguei gritando pela mesma.
— Aqui fora meu filho! -respondeu de volta. Me aproximei da varanda e ela estava sentada com a Tia Paula, tomando café.
— Bença mãe, bença tia. -dei um beijo na cabeça de cada uma.
— Como foi a semana? -me sentei ao lado delas, pegando uma xicara de café.
— Cansativa, mas foi boa. -sorri, me servindo.- E por aqui? Tudo em paz? -vi elas se olharem.- Que foi? -minha mãe me olhou.
— Melissa está ai.
— Onde?
— La em casa. -tia Paula respondeu.
— O que aconteceu? Hoje ela tem faculdade e estagio, porque ela ta aqui?
— Ah meu filho -minha tia suspirou.- Vai la conversar com ela, bom que vocês se entendem. -ela me lançou um olhar triste.
— Tudo bem, vou ir la. -dei de ombros, respirando fundo.

Dei mais um gole em meu café, como se tivesse tomando uma dose de coragem e fui até a casa de Melissa. De uma coisa eu certamente sei, aquele cara aprontou novamente, isso era fato. Mas para Melissa estar na fazenda no meio de semana, alguma coisa a afetou bastante.

Passei pela porta de entrada e a casa estava um completo silêncio, entrei procurando pela mesma e escutei um barulho vindo do banheiro. Me aproximei do mesmo e vi Melissa atirada no chão contra o vaso e vomitando no mesmo.

— Mel? -ela se assustou, mas não se virou.- O que foi? -segurei seus cabelos, ajudando-a. Ela vomitava sem parar, achei que não iria cessar.

Ela se colocou de pé e eu segurei em sua cintura, firmando seu corpo. Melissa se aproximou da pia, lavando sua boca.

— O que você ta fazendo aqui? -ela estava pálida, me olhava pelo espelho.
— Acabei de chegar de viagem e sua mãe disse que você estava aqui e não estava bem, então vim te ver. -ela se virou para me encarar.
— Ricelly, eu não to afim de brigar, eu to... -a interrompi.
— Não vim pra brigar, Mel, só queria saber o que houve. Eu sei que aquele babaca fez alguma coisa, você não iria vir para a fazenda no meio da semana, mas isso não me importa. Quero saber o que você tem. Ta mais branca do que o normal. -ela deu um sorriso fraco.
— Eu... -ela abaixou a cabeça.- Ai Ri... -sua voz falhou.
— Vem ca, vamos sentar. -a puxei pela mão até seu quarto e nos sentamos, vi que seus olhos estavam marejados.- Me conta.
— É mais dificil do que se parece. -seu olhar abaixou de novo.
— Pituca... Fala pra mim, até parece que não confia no seu irmão. -ela voltou a me olhar, receosa, a lágrima já teimando em cair.
— To grávida, Henrique. -ela mais sussurrou do que falou. Dei um pulo da cama, me afastando.

Grávida daquele idiota? Grávida daquele imbecil? Grávida? Minha Melissa estava carregando um bebê dentro de si? Tão frágil, tão pequena, tão menina ainda. Como eu pude deixar isso acontecer com ela? Não me incomodava o fato dela estar grávida, apenas por ser daquele cara, aquele sem noção.

— Desculpa, Ri... -ela sussurrou e eu sai do meu transe, piscando várias vezes.
— Não Mel, não. -me aproximei de novo dela, a tomando em meus braços.- Eu só... Ah minha pituca. -suspirei, apertando-a contra meu peito.- Não queria que você passasse por isso, não com aquele idiota! -disse entre dentes. Me afastei, pegando seu rosto em minhas mãos.- Eu vou cuidar de você até meu ultimo suspiro, Mel. Eu te juro. -ela assentiu e dei um beijo em sua testa.- Você não sabe o quanto te amo.
— Gabriel disse que não era dele, que eu estava o traindo.
— Odeio esse imbecil, eu te disse Melissa, quanto eu te avisei.
— Eu sei, Ri. Eu sei. -ela parecia decepcionada.
— Esquece isso, você ta comigo, eu que vou cuidar de você e desse neném. -ela deu um sorriso e eu so queria beijá-la, pra contar o quanto a amava.- Vai tomar um banho e vamos la pra casa, hoje você vai ficar comigo, to morrendo de saudade.
— Eu to bem mais, não suporto ficar sem você Ricelly. -ela me abraçou novamente. Quem me dera ter você pra todo sempre, Melissa.

Ela se levantou e foi tomar um banho, fiquei sentado no mesmo lugar, estático, incapaz de me mover. Escutei seu celular tocando e olhei o visor "Gabriel", engoli em seco de tanta raiva que sentia só de ler aquele nome, eu atendi apenas pra poder despejar toda minha raiva contra o mesmo nem que fosse a ultima vez.

— Alô?
— Melissa? Cadê a Melissa? Quem ta falando?
— É o irmão dela.
— Ah, claro que é. -o escutei bufar.- Cadê ela?
— Não pode atender agora.
— Henrique, me ajuda cara, por favor. -ele suplicou e eu espremi os olhos, sem entender.- Cara eu sei que fiz merda, você já deve saber a essa altura. -ri sarcástico.- Por favor, me ajuda. Eu não sei o que fazer, eu vou cuidar dela, do bebê, eu juro.
— Cê deixou ela de lado, não vem me pedir conselho.
— Não cara, eu só não sabia o que fazer, eu...
— Cê vai perder essa mulher e a culpa nem vai ser minha. -o avisei.- Ela tava bem do seu lado, sofrendo, sozinha, só você não viu. Quantas noites ela dormiu te esperando, quantos finais de semana? Em? Quantas decepções? Se quer um culpado é só se olhar no espelho.
— Eu sei que a culpa é minha, mas não vou perder ela e nem nosso filho, vou atrás dela.
— Cê já perdeu essa mulher. -o avisei.- Você nem sabe a mulher que tem, ela nunca me deu bola, nunca foi nada além de amizade e você sempre colocou segundas intenções. Eu sempre só cuidei bem dela, então ela ta bem aqui, atrás de quem realmente cuida dela de verdade.
— E você sempre quis ela. -eu ri.
— Olha Gabriel, quando ela sair do banho eu falo que você ligou e ta morrendo de saudades. -disse bem sarcástico e finalizei a chamada.

Melissa saiu do banho enrolada em uma toalha alguns minutos depois, a olhei bem e ela percebeu, corando. Vi seu olhar recai para minha mão e notei que ainda segurando seu celular.

— Ah, Gabriel ligou. -ela me encarou.
— Pra quê?
— Me pedir conselho. -dei de ombros e ela parecia perplexa.
— Conselho? Pra você?
— Sim -levantei, ficando em frente a mesma.- Ele queria resolver as coisas, vir atrás de você e do bebê, disse que cuidaria de você e toda aquela conversa fiada de sempre.
— E o que você disse? -coloquei as mãos no bolso, me aproximando da mesma.
— Que ele já te perdeu, que eu quem vou cuidar de você. -percebi sua respiração se alterar.- Melissa, preciso te confessar algo. -ela continuava me encarando, sem entender bem o que eu queria dizer com aquele assunto.- Na verdade vou te mostrar algo que eu já não aguento mais guardar dentro de mim.

Me aproximei mais ainda da mesma e ela continuou parada, sem entender. No menor surto de falta de consciência, a puxei para um beijo, apenas grudando nossas bocas, com minhas mãos em seu rosto. Era gostosa sua boca, quente, mas ela não cedeu passagem para mim, apenas me empurrou com a força que te restava.

— Ricelly? -ela quase disse em um grito, indo para longe de mim, se afastando.- Você... Henrique você é meu irmão.
— To cansado de fingir que te quero, Mel. -me virei, a procurando pelo ambiente e ela estava de costas com a mão na testa, proxima a janela. Vendo que ela não diria nada, apenas relaxei meus ombros e me senti frustado.- Me desculpa, não queria te assustar, mas te ver fragil assim apenas me da vontade de cuidar de você. Me desculpa, Mel, mas não consigo mais fingir, não consigo mais lidar com esses sentimentos dentro de mim, eu vou deixar você pensar, sei que tem muita coisa pra assimilar, essa gravidez... Gabriel... -sussurrei.- Se quiser algo, estarei em casa. -esperei uns segundos e ela não se moveu e nem disse nada, então me retirei, voltando frustado para casa, querendo dar um soco em algo para liberar toda raiva que sentia por ter estragado tudo.

Melhores amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora