Namoro?

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~ Henrique.

Acordei com a cabeça explodindo, claro, após beber tanto na noite passada. Olhei para o lado e a cama estava vazia, relembrei da minha discursão com Mel e parece que minha cabeça fincou mais. Sentei na cama, assimilando algumas coisas. Procurei pelo meu celular que se encontrava em cima da mesinha ao lado da cama, eram quase 2:00pm da tarde.

Decidi me levantar, tinhamos marcado de pescar hoje mais cedo, a essa altura do campeonato todos deveriam estar puto comigo. Após passar no banheiro para tentar ajeitar um pouco a cara amassada, sai do quarto rumo a cozinha.

A cada ambiente que eu passava só havia silêncio, não encontrava ninguém. Aproximando da cozinha ouvi a voz da minha mǎe e tia Paula, elas conversavam sobre algo que eu não consegui distinguir bem. Ao me verem passando pela soleira da porta, os olhares foram atraidos para mim e sorrisos dispostos em seus rostos.

— Bom dia? -mais perguntei do que afirmei.
— Mais do que boa tarde meu filho. -elas deram um sorriso.
— Bença tia.
— Deus te abencoe meu amor.
— Cadê todos?
— Pescando no lago. -minha mãe respondeu, pegando uma xicara e colocando café.
— Todos mesmo? -ela me olhou, entregando a xícara com café, parecendo não entender.- E a Mel? Preciso falar com ela.
— Foi também e ta brava com você. -minha tia respondeu desta vez.
— Por quê? -fingi estar surpreso, quanto o que eu mais sabia era que ela estaria assim. Dei um gole no café, percebendo minha mãe surpresa.
— Não quis dizer, só disse que estava com raiva por umas coisas que você disse.
— Ricelly, Ricelly... -minha mãe chamou minha atenção, fechando a cara.- O que você fez com a Mel? Ela sempre ta grudada em você, bem que notei que ela não dormiu aqui. -arqueou a sobrancelha.
— Não disse nada demais, ela que se ofende. -dei de ombros.- Bom eu vou indo pra ver se ainda da tempo de pegar um peixe.

Dei um beijo na testa de cada uma, sem dar brechas para novas perguntas. Apenas me troquei rapidamente antes de entrar em meu carro rumo ao lago onde normalmente pescamos.

Em poucos minutos cheguei no local, avistando mais 3 carros parados. Desci do meu carro e fui caminhando proximo a cerca, ouvindo de longe uma música alta e som de vozes conversando. De longe já avistava o grupo reunido, alguns amigos a mais. Todos estavam entertidos até Juliano notar minha presença.

— Olha só, o filha da puta apareceu! -anunciou minha chegada.

Todos os olhares se voltaram para mim rapidamente, logo voltando a fazer o que já faziam. De longe avistei Melissa no colo de Gabriel, o tão ficante. Eles riam sobre algo enquanto bebiam uma cerveja e conversavam com Giovana e Mohana descontraídos.

— Achei que nem ia vir para o próprio passeio que você mesmo convidou. -José comentou, rindo, um amigo em comum.
— Ninguém me acordou. -dei de ombros.
— Eu bem que tentei. -Juliano comentou.
— O que ta rolando? -apontei com a cabeça, indicando Melissa e Gabriel. Juliano se virou o suficiente apenas para ver a cena.
— Um namoro. -ele deu de ombros, se voltando para mim.- Sei lá. -ele tomou um gole da sua bebida.
— Que porra? -indaguei, bravo. Senti a ira percorrer todo meu corpo.
— Ê, relaxa! -Juliano pediu, logo José me ofereceu uma cerveja e assenti.
— Ontem já brigamos por causa dele. -ele espremeu o olhar.
— O quê? -ele pareceu não entender.- Mas vocês não dormiram juntos?
— Não, ela foi embora fazendo pirraça.
— Você ta zuando.
— Não. -peguei a cerveja na mão de José, abrindo-a.
— Para de brigar com a Mel por causa disso, nim. -ele chamou minha atenção.
—Só não quero ninguém fazendo hora com a cara dela.
— Você nem conhece o cara, vei. -ele estava ficando irritado
— E nem preciso conhecer. -tomei um gole da minha bebida, olhando por cima do ombro de Juliano, observando os dois agora em pé próximo ao lago.
— Você é muito difícil cara. -ele comentou, a feição de quem estava irritado mas não iria dizer nada mais, como eu o já conhecia. Vi Melissa passando seus braços pelo ombro de Gabriel e o beijou.
— Pra mim é demais essa agarração. -revirei os olhos, bebendo outro gole da minha cerveja, sentindo-a descer bem ruim pela garganta. Dei passos em direção onde estavam.
— Se você arrumar encrenca, você vai ver só. -apenas escutei sua voz me ameaçando.

Continuei caminhando em direção aos dois, Melissa ergueu sua cabeça ao me ver, seu sorriso desfazendo a cada passo que eu dava para mais perto deles. Gabriel não pareceu notar minha presença, estava enterdido com sua vara de pesca.

— Ei pituca, passou bem a noite? -ela revirou os olhos, cruzando os braços. Gabriel enfim notou minha presença, olhando por sobre o ombro.
— Se você não tivesse me irritado, certamente passaria bem. Mas foi melhor do poderia ser. -ela sorriu, sendo sarcástica.
— Já é namoro, meu parça? -olhei para atras de Melissa, me referindo a Gabriel.
— É... Hm... -ele gaguejou.
— Vish... -dei uma risada irônica.- Esse ai não sabe nem o que quer.
— Não é bem assim, Henrique. -ele se aproximou e Melissa o olhava, atenta.- Nós estamos nos conhecendo.
— Mas já se conheceram o suficiente. -meu olhar passou dele para Melissa.
— Já deu, Ricelly! -ela esbravejou.- Vamos, Ga?
— Olha só, já temos até apelido intimo. -ri novamente, dando um gole em minha cerveja.
— Você é ridiculo! -vi seus olhos juntarem lágrimas e ela saiu pisando fundo.
— Ei? Mel? -a chamei, sabendo que fiz merda.

Corri atrás da mesma, que pisava fundo para fora dali. Somente vi o olhar furioso de Juliano quando passei pelo mesmo, que balançava a cabeça em negativa, discordando daquilo.

— MEL? -gritei passando por ele, seguindo-a.- ESPERA! -pedi, mas ela não parava.- Por favor, Melissa. Me desculpa. -me aproximei o suficiente antes dela entrar no carro, agarrando a maçaneta.
— ME DEIXA! -ela gritou, mas escutei sua voz embargada.
— Pituca...
— Não me chama assim. -ela disse com raiva, me encarando. Seu rosto estava vermelho pelo choro, a voz falhando.- Você é a pessoa que mais me magoa, Henrique. Não deveria, mas é. -ela cuspiu as palavras contra mim, as lágrimas escorrendo em seu rosto.- Qual a porra do problema em estar com um homem? -ela estava realmente bem irritada.
— Eu... -tentei me explicar mas ela continuava falando, totalmente com raiva.
— Você frequentemente esta comendo milhares de mulheres, já cansou de trazer essas piranhas pra fazenda, para o nosso meio familiar. Quando eu trago uma pessoa, apenas uma pessoa -ela deu ênfase a palavra, como se quisesse deixar nítido.- você faz toda essa cena ridícula.
— Melissa? -escutei a voz de Gabriel chamando-a logo atrás, parecendo cansado pela corrida que fez até onde o carro tava parado.
— Vamos embora, Gabriel. -ela o chamou, me empurrando.- Sai, Ricelly! Por hoje já deu. -ela me encarou a última vez e entrou no carro.

Apenas fiquei observando a cena, vendo o carro saindo e Gabriel certificando se ela estava bem, me lançando um ultimo olhar com raiva, me constrangendo.

— Fez merda né, cara? -escutei a voz de Juliano, me virei, o encarando.- Você sempre estraga tudo. -comentou, balançando a cabeça em negativa.
— Me deixa, nim! -disse bravo, jogando a garrafa de cerveja que eu segurava para longe- Merda! -esbravejei, suspirando fundo. Sim, eu estraguei tudo.

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