Prometo cuidar de você

73 4 2
                                    

~ Gabriel.

Deixei para voltar na casa de Melissa apenas no domingo, já sabendo que havia ultrapassado os limites e que certamente ela não me atenderia antes disso. Ela não atendeu minhas ligações, então esperava que ela facilmente abrisse o portão para que eu pudesse ao menos me desculpar. Na primeira tentativa sua voz já soou no interfone.

— Oi.
— Abre por favor, Mel. -pedi o mais manso possivel. Escutei a mesma bufando atrás da linha, mas não hesitou em abrir o mesmo.

Passei pelo portão segurando um buque de rosas bem crente de que eu iria conseguir seu perdão, não poderia perdê-la por pouca coisa, ainda mais para o sonso do Henrique que se fazia de bom irmão enquanto eu conhecia suas reais intenções. Tudo o que ele mais queria era a menor brecha para roubar Melissa da minha vida, mas também não era capaz de admitir o que sentia por ela.

Subi as escadas o mais rápido que pude e quando ia bater na porta do seu apartamento, reparei que a mesma ja se encontrava aberta e apenas encostada. Entrei lentamente, procurando-a por todo o ambiente e parando meu olhar sobre a mesma sentada de costas no sofá.

— Mel? -a chamei.
— Oi. -ela nem se quer moveu, nem mesmo olhou para mim. Caminhei em sua direção e sentei ao seu lado, vi seu olhar cair rapidamente no buquê.
— Mel, vamos conversar. -supliquei e ela me encarou, tinha um olhar vazio.- Me desculpa por ontem.
— Bem dificil. -ela suspirou.
— Por favor, Mel. -pedi novamente.- Trouxe pra você. -estendi o buquê em sua direção.
— Obrigada. -ela pegou o mesmo, olhando brevemente antes de voltar a me encarar.- Gabriel, você não sabe o quanto essas brigas já tem me saturado, Henrique é meu irmão.
— Eu sei Mel, mas tem coisas que não da pra aceitar. O cara vive em cima de você, dormindo de cueca com você, te desejando... -ela espremeu os olhos e eu me encarreguei de encerrar o assunto.- Tudo bem, não vou mais tocar neste assunto já que você confia tanto nele assim. Mas eu quero ficar com você, aquilo que você me disse ontem me magoou, eu to com você Mel.
— Não é o que parece. -ela suspirou, demonstrando sua decepção.
— Eu to, quer namorar comigo? -ela arregalou os olhos, assustada.- To falando sério, eu quero cuidar de você, ficar com você por um bom e longo tempo. -sorri, tocando seu rosto.- Aceita? -ela riu de canto, abaixando o olhar.
— Gabriel, eu já to com você faz tempo.
— Então aceita meu pedido. -seu olhar voltou ao meu, continha esperança, o vazio estava preenchido por um instante.
— Aceito. -disse receosa.
— Prometo cuidar de você e te mostrar de verdade o quanto gosto da sua companhia. -selei nossos lábios, dando inicio a um beijo gostoso.- Que saudade, Mel. -sussurrei assim que nos afastamos por falta de ar.

Tirei o buquê da mão da mesma, colocando atrás de mim, voltei minha atenção para sua boca, deitando-a lentamente no sofá.

~ Henrique.

Acordei 12:00pm com minha mãe anunciando o almoço, me prontifiquei a levantar após aquele cheiro bom invadir meu quarto. Ao chegar a mesa, Juliano estava em pé conversando algo com meu pai, mas logo se aproximou ao me ver.

— Nim, você foi na Mel ontem? -me questionou.
— Sim. -respondi indiferente
— Porquê não trouxe ela pra fazenda? Notei que chegou cedo.
— Brigamos.
— De novo? -ele suspirou.- Cara, você saiu de Minas apressado pra encontrar com ela, nem dormiu e no final das contas brigaram mais? -ele parecia não acreditar.
— De princípio nos entendemos, dormimos juntos e acordei com o namoradinho imbecil dela falando alto, ai fui até a sala pra ver do que se tratava e discutimos.
— Porra, Henrique!
— Ah Nim, eu vou deixar isso pra lá, talvez ele tenha mesmo razão.
— Ele? Sobre o quê? -olhei ao redor, todos estavam distraidos com algo. Mohana colocava comida para as pequenas e minha mãe a ajudava. Meu pai mexia em algo na churrasqueira, então decidi falar diretamente para ele.
— Voltou novamente naquele assunto de que eu gosto da Melissa, falando que eu só quero comer a mesma. Ele é um escroto.
— Mas no que ele tem razão? -ele parecia não entender.
— Não quero comer ela, Nim, nunca me passou isso pela cabeça, não dessa forma. -meu olhar caiu, juntamente com meus ombros.
— Ei, pera! -seus olhos foram se arregalando a medida que ele parecia compreender.- Não me diga...
— É, Juliano. -afirmei.
— Puta que pariu.
— Shiu. -pedi, olhando novamente ao redor para ver se não haviamos chamado atenção suficiente.
— Henrique, porra! Melissa é nossa irmã.
— Mas aconteceu, e ai? -me frustrei.- Não suporto ver outro homem tocando ela, eu gosto dela Nim. -admiti.
— Merda! -ele espremeu os olhos, depois olhou para o horizonte, parecendo querer ajustar seus pensamentos.- Olha, Nim -depois de breves segundos em silêncio ele voltou o olhar para mim.- Não sei se ela sente o mesmo por você, vai com calma.
— Eu vou ficar afastado, é o melhor que eu faço. -ele assentiu.
— Só cuidado pra não se machucar, mesmo sentindo tudo isso eu sei o quanto você a ama e gosta da companhia dela.
— As coisas vão se ajeitar. -ele encostou a mão em meu ombro, me passando confiança e conforto
— Vão sim. -afirmou sorrindo.
— Vem almoçar! -minha mãe nos chamou.

Peguei meu celular enquanto caminhava em direção ao fogão, Melissa acabara de postar uma foto nos stories, ela e seu amado haviam feito as pazes. Revirei os olhos, sentia raiva de tanta falsidade, ele era a pior pessoa para ela. Mas como eu diria a Melissa que a melhor pessoa para ela seria eu? Que conheço todos seus jeitos, defeitos, costumes... Sei como agradá-la, sei como cuidar e respeitar seu espaço, eu quem ouvi seus choros, eu quem a aconcheguei em meu peito em uma noite qualquer, eu quem sabia o quanto ela detestava ficar sozinha, eu, eu, eu. Apenas eu. Mas não era o que Melissa enxergava em mim.

Melhores amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora