Confusão

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~ Melissa.

Percebi que se tratava de algo real quando ao abrir os olhos o som da campainha continuou invadindo a casa, não, não era um sonho, era alguém na porta do meu apartamento ás... peguei meu celular para conferir. 6:40am da manhã.

Levantei rapidamente, seria Giovana que esqueceu a chave? Mas ela voltaria apenas amanhã, o que estava bem estranho.

— To indo. -avisei após a campainha voltar a tocar. Sem ter tempo para trocar de roupa, apenas sai de pijama.- Quem é? -ninguém respondeu, apenas destranquei a porta e a figura que eu menos esperava estava ali, bem a minha frente.— Ricelly? -mais questionei, do que estava surpresa. O som saiu até mesmo sufocado da minha garganta.
— Que demora pra abrir esta porta. -ele entrou e eu fechei a porta, encarando seu jeio natural em entrar no meu apartamento.- Já estava achando que estava batendo no apartamento errado.
— Isso são horas? -indaguei, cruzando os braços.
— E tem hora pra chegar na casa da minha irmã? -ele deu de ombros.
— Como você entrou?
— Um carro tava entrando e eu passei pelo portão. -deu de ombros. O encarei.- Isso não importa, vem ca. -ele voltou a caminhar em minha direção, abrindo os braços e envolvendo meu corpo contra o dele, puxei o ar para sentir aquele cheiro viciante que eu tanto amava.- Senti sua falta, pituca. -sussurrou após um tempo junto a mim. Meus olhos queimaram, as lágrimas brotando.
— Ah Ricelly... -funguei, denunciando meu choro.- Me desculpa. -sussurrei.
— Shh... -pediu, beijando o alto da minha cabeça.- Me leva pra dormir? Ai mais tarde vamos pra fazenda. -eu ri, me afastando do mesmo apenas para encarar seu rosto.
— Não vou pra fazenda.
— Vai sim. -seu dedo passou pelo meu rosto, enxugando o mesmo.
— Porque você veio? -me soltei de seu abraço e fui caminhando em direção ao meu quarto.
— Porque eu queria te ver. -ao entrar no quarto me joguei na cama.
— Logo hoje? -espremi os olhos.- Isso ta estranho. -ele riu, tirando a camisa e jogando a mesma contra o chão.
— Gi me ligou, mas não vai contar a ela. -logo me advertiu, se livrando do seu cinto e sapatos.- Ela disse que você não tava bem, que o namorado idiota te largou sozinha. -ele bufou, revirei os olhos.
— Ela não deveria.
— Quer que eu vá embora? -questionou, com as mãos paradas no botão da calça, fazendo menção de não tirar.
— Não. -logo me prontifiquei a dizer.- Apenas... -dei de ombros, vendo ele tirar a calça.- Ela não precisava te contar isso. -ele se deitou ao meu lado, se enfiando embaixo da coberta.
— Se cuida, Mel, as vezes eu só queria te proteger. -ele se ajeitou proximo a mim.
— Eu entendo, Ri, mas nem sempre é possivel. As coisas fluem, acontecem... Isso é a arte de viver. -ele revirou os olhos.
— Não quero te ver sofrer. -ele me deu um beijo na testa.- Te amo pituca, mais do que pode imaginar.
— Eu tambem Ri, você não sabe o quanto. -sorri, me aconchegando nele e fechando os olhos.

Aquilo era paz para mim, não importa o que aconteceria, aquilo sempre seria meu refúgio. Henrique era meu irmão e sempre restaurava o que tava perdido dentro de mim, ele me reiniciava, eu me sentia segura e protegida.

[...]

Meu interfone anunciou que alguem estava la embaixo, levantei rápido para não acordar Henrique, que apenas se virou para o outro lado. Peguei meu celular e chequei as horas, eram 11:00am. Alcancei o interfone para parar de chamar.

— Quem é?
— Melissa? -escutei sua voz e um arrepio subiu em meu corpo.- Abre pra mim.
— Gabriel?
— É, abre ai. -droga, droga, droga!- Mel? -me chamou a atenção.
— Vou abrir. -apertei o botão e escutei o barulho do mesmo.

Coloquei o interfone no gancho e tudo o que eu pedia internamente era que Henrique não acordasse para que Gabriel não surtasse. Depois de longos dias sem meu irmão o que eu não queria agora era ficar sem ele novamente, era doloroso para mim, mas se Gabriel o visse, a briga seria certa.

Batidas na porta me fez despertar dos meus devaneios, abri a mesma e ele estava com uma cara amassada, arrumado, cheirando a bebida e cigarro.

— Onde você tava? -questionei e ele passou pela porta.
— Só dei uma saida ontem com uns amigos.
— Saída? -cruzei os braços.- Você ta pensando o que? Me deixou sozinha na sexta, me largou no estacionamento do estágio e foi sair? Eu achei que tinha escutado errado você no celular, mas não, era verdade, você estava planejando pelas minhas costas.
— Você escutou o que Melissa? -ele se frustou, aumentando o tom de voz.
— Não vem ao caso, você viu quantas vezes te liguei?
— Não.
— Claro que não, nem se importa. Fedendo a cigarro, porra Gabriel, nem sabia que fumava.
— E isso importa?
— Não, mas era algo que eu deveria saber.
— Não enche, Melissa. Você quer que eu vá embora? Porque eu vim aqui em paz e você ta me atacando.
— Em paz depois de me deixar sozinha? Podemos até não ter um relacionamento, mas você deveria ao menos ser respeitoso ou dizer em alto e bom tom que realmente não me quer.
— Eu só sai Melissa, não posso? Não posso ter minha vida?
— Ta acontecendo alguma coisa, pituca? -o que eu mais temia aconteceu, Henrique chegou a sala apenas com sua calça.

Gabriel olhou pra trás encarando o mesmo, depois seu olhar voltou para mim, parecendo incrédulo e eu ja sentia meu coração bater descompassado esta altura do campeonato. Eu fiquei encarando aquela situação sem saber o que dizer.

— Na primeira oportunidade que você tem esse cara ta aqui? No seu quarto? -me disparou perguntas.
— Esse cara é o irmão dela e quem cuida dela enquanto o frouxo do namorado ta na porra da rua ao invés de estar com ela. -Henrique respondeu por mim, vendo que eu estava paralisada.- Aliás, acabei de escutar que nem isso você é dela, você nem assumiu ela e já ta fazendo essa merda toda. -esbravejou com raiva
— Vai se fuder! -Gabriel interrompeu Henrique.- Pra que você ta intrometendo no meu relacionamento? Isso não é da sua conta.
— Não mesmo e não vim aqui pra isso, vim cuidar dela.
— Você quer é comer ela.
— Gente, por favor. -tentei intervir, me aproximando.
— Não, você vai ficar calada. -Gabriel foi estupido, apontando em minha direção.
— Ah não, você não vai falar com ela assim não. -Henrique deu passos em sua direção.
— Gente! -falei mais alto.
— Você ainda vai defender esse filho da puta, Melissa? -Henrique voltou seu olhar para mim, furioso.
— Ricelly... -pedi, quase em uma suplica.
— Ok. -ele deu as costas e foi em direção ao meu quarto.
— Eu te disse, Melissa que não queria esse cara intrometendo mais em nosso relacionamento. -Gabriel se encarregou de me questionar.- A gente conversou, você disse que não ia deixar isso acontecer.
— Você me largou ontem, Gabriel! -meus olhos marejaram, denunciando minha fraqueza.
— Depois você não me ligue chorando, Melissa. -Henrique surgiu novamente vestindo sua camisa. Ele passou por Gabriel e parou na minha frente.- Enquanto você tiver com esse merda pode me esquecer.
— Henrique... -sussurrei e ele passou por mim, batendo a porta.
— Quer que eu vá embora pro seu irmãozinho de merda poder voltar e vocês ficarem mais a vontade? -ele debochou vendo eu deixar as lágrimas cairem em meu rosto.
— Vai a merda, Gabriel. Me deixa em paz. -pisei fundo até meu quarto, batendo a porta do mesmo e trancando.
— Melissa! -gritou, batendo na mesma.
— VAI EMBORA! -gritei, nervosa e me atirando contra a cama.
— Abre a porta.
— Não. -respondi, o choro travado na garganta.- Vai embora, Gabriel, depois a gente conversa.
— Droga! -escutei ele xingar e logo após uns minutos percebi que estava sozinha, e então chorei mais ainda.

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