Vamos ficar bem

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~ Melissa.

Acordei sentindo uma leve dor de cabeça querendo atrapalhar meu fim de semana, como se ele já não tivesse ido água abaixo. Levantei já a procura do meu celular, antes mesmo que eu me aproximasse do mesmo, ele tocou. Olhei no visor e era minha mãe, puts, hoje era sábado.

— Oi mãe, bença. -atendi, a voz fanha.
— Deus abençoe, dormindo esta hora?
— Ontem fui ao show dos meninos, cheguei pela manhã e estava com sono.
— Ah sim, ta explicado. Ta tudo bem? -respirei fundo, ela não precisava saber de toda aquela confusão.
— Está sim e por ai?
— Estamos te esperando, mas pelo visto, você não se programou para vir. -apertei os olhos.
— Desculpe, eu realmente não sei se vou, tenho umas coisas a fazer por aqui.
— Amanhã os meninos chegam e ficam por dois dias, a cumadre Maria me disse. -me contou.- Eles não disseram?
— Não sei se vou, mãe. -disse o mais calma possivel.
— Vem sim minha filha, já ficamos tempo demais sem tem ver durante a semana. -suspirei.
— Vou fazer o possível.
— Tudo bem, pensa com carinho. Tenha um bom dia meu amor, tchau.
— Pra senhora também, manda um beijo pro pai. Tchau. -finalizei a chamada e encarei a tela do celular, eram 3:30pm da tarde.

Dei um pulo da cama e sai para fora do quarto, o apartamento estava bem silencioso. Cheguei a cozinha e vi uma panela em cima do fogão, eu estava com muita fome. Era macarrão, Giovana havia deixado para mim, provavelmente. Antes de almoçar lembrei que devia uma ligação para Gabriel e assim o fiz.

Após uma breve demora ele me atendeu e no fundo da sua ligação haviam bastante vozes, como uma festa.

— Oi Melissa. -ele foi seco,
— Oi Ga, precisamos conversar.
— Depois. -foi breve.
— Posso ir a sua casa? -ele respirou fundo e após uma lenta e cruel pausa ele respondeu.
— Mais tarde passo na sua.
— Tudo bem. -suspirei, me dando por vencida que só me restaria esperar.
— Tchau. -antes mesmo que eu pudesse responder, ele havia desligado.

Me deu uma certa raiva, mas um pouco de culpa, ele também tinha razão durante a briga de ontem e eu não queria magoá-lo, só queria chegar a um senso comum para poder dar certo, eu gostava bem do mesmo.

Olhei novamente o celular e havia umas mensagens de Juliano, um pouco preocupado. O avisei que eu estava bem, tinha chegado bem e não precisava se preocupar com Henrique, era um assunto que poderia resolver depois. O mesmo se quer me mandou alguma mensagem, talvez se achou mesmo na razão e me deixou quieta, ou ta esperando eu procurá-lo.

Quase 6:00pm da noite, Gabriel apareceu no meu apartamento. Abri o portão ansiosa esperando por ele com a porta aberta, sentada no sofá. Ele passou pela mesma, me olhando, fechou a porta devagar e parou ali mesmo, colocando as mão no bolso.

— Mel... -começou, tentando transparecer calmaria em seu tom de voz.- Eu sei que as coisas sairam do controle ontem, eu sei que te devo desculpas, mas desse jeito não da mais. -me levantei do sofá, o encarando.
— Como assim? -parecia confusa, mas sabia bem do que se tratava.
— Se for pra continuarmos juntos, não posso mais conviver com Henrique, mas se isso for difícil pra você, vamos terminar o que temos.
— Eu te entendo. -fui breve, me aproximando.- Henrique realmente passou dos limites, mas você não precisava ter dito aquelas coisas. -ele abriu a boca para se defender, mas continuei.- Eu não posso me afastar do mesmo, é meu irmão, só podemos evita-lo quando estivermos juntos. -dei de ombros, agora parada bem a sua frente.
— Se ele não se intrometer... -ele deu de ombros.- Eu gosto de você Mel, eu quero ter algo bom com você, mas isso atrapalha. -assenti.
— Vamos ficar bem. -soou mais como uma afirmação.
— Vamos tentar. -ele tirou as mãos do bolso, relaxando e passando em volta da minha cintura.- Você é minha. -seu lábio tocou o meu, dando inicio a um beijo.

[...]

~ Henrique.

Escutei batidas na porta e antes que eu pudesse responder, a mesma foi escancarada, revelando Juliano com a feição não muito boa. Sim, um sermão estava de prontidão. Suspirei enquanto o mesmo fechava a porta, bloqueei o celular esperando ele dar inicio aquela conversa chata. Em passos breves se aproximou da cama onde eu estava deitado.

— Você já sabe, né?! -ele parou de caminhar e cruzou os braços.
— Sim. -revirei os olhos.- Por favor, Nim, isso já deu.
— Eu também acho, aquilo de ontem foi a gota d'água. -respirei fundo, me sentando na cama.
— Cara, ele tava me provocando. -Juliano não deixou que eu terminasse.
— Você ta errado. Você não conhece o cara, ta com um ciúmes excessivo de Melissa, ta deixando ela desconfortável e triste. -encolhi os ombros.- Isso não é legal, ela merece ser feliz e você sabe disso mais que ninguém, e adivinha quem ta atrapalhando tudo isso? -ele arqueou a sobrancelha.- Você! -apontou o dedo para mim.
— Eu só não acho que ele vá levar a Mel a sério.
— Você não tem que achar nada, você tem que ficar calado e respeitar o relacionamento dela. Cabe a ela decidir se ele é bom ou não. Você ta me escutando, Henrique? -indagou quando desviei meu olhar.
— To, porra!
— E não adianta ficar bravo. -ele fechou a cara.- Liga pra ela e pede desculpas.
— Nem fudendo. -dei uma risada sarcástica.
— To falando sério. Faz isso logo antes que ela fique com muita raiva e não queira nem te ver. -ele suspirou e soltou os braços.- Cuidado para não se arrepender depois Henrique. -ele suspirou e saiu do quarto.

Revirei os olhos, bufando de raiva. Porque ele se acha no direito de dizer estas coisas? Eu estava na minha razão, o cara estava tratando minha irmã como um objeto, como qualquer coisa apenas para me provocar. Isto não era justo.

Peguei o celular e procurei na agenda pelo numero de Melissa, fiquei encarando por alguns minutos até jogar meu celular de lado, certo que deixaria isso para lá. Somos adultos e a partir de hoje eu cuidaria da minha vida, deixaria Melissa quebrar a cara, não me incomodaria mais com aquele namoro ridiculo.

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