Melhores amigos

Reascendeu

~ Melissa.

Chorando muito, foi assim que voltei até o caminho de casa. Gabriel mantinha sua mão em minha coxa, me fazendo carinho, como se quisesse me confortar. Mas ele não dizia se quer uma palavra, apenas me pedia calma vez ou outra, dizendo que era só ciúmes de Henrique.

- Ele nunca fez isso. -resmunguei entre as lágrimas.
- Calma Mel, deixa isso pra lá. Daqui a pouco vocês se ajeitam. -disse pela terceira vez.

Paramos em frente a casa dos meus pais e enxuguei as lágrimas, limpando meu rosto para que eles não pudessem perceber que eu estava chorando. Descemos do carro e ao entrar na casa, estava um completo silêncio.

- Vou deitar um pouco. -comentei com Gabriel, que me olhava com dó.- Vem tambem. -sorri e ele fez o mesmo, entrelaçando nossos dedos.

Caminhamos até o quarto que ele estava ficando e entramos, logo fechando a porta e nos deitadando. Gabriel apenas me abraçou e me aconchegou em seu corpo, sem segundas intenções, sabendo bem que eu estava triste.

[...]

Levantei ao notar que Gabriel não estava na cama, fui até a varanda, onde ouvia vozes. Eles estavam comentando sobre o ocorrido mais cedo, então adentrei o ambiente em passos silenciosos.

- Oi minha filha. -minha mãe disse ao me ver, vindo me abraçar.- Estou finalizando a janta, você dormiu demais.
- Minha cabeça tava doendo muito. -dei de ombros.

Juliano estava ali com Maria Antônia, meu pai, Gabriel e Giovana também estavam sentados, bebendo uma cerveja e começando outro assunto banal entre eles.

- Ei pituca. -Juliano me deu um beijo na testa assim que me sentei ao seu lado, abrindo o braço para que Maria me abraçasse.
- Ei Ju. -disse desanimada, pegando Maria no colo.
- Eu xinguei ele todo. -o olhei, dando um leve sorriso.
- Não se preocupa, Ju, ele é um idiota.
- Coloca idiota nisso. -revirou os olhos.- Ele deve vir te pedir desculpas. -arregalei os olhos.
- Não precisa, por hoje não.
- Ah precisa sim! -ele afirmou.- Pode ser amanhã, mas que precisa, precisa! -deu fim ao papo.
- Titia? Vamos tomar sorvete? -Maria pediu, com sua delicada voz.
- Depois de jantar, espertinha. -Juliano respondeu por mim, ela fez beicinho.
- Linda da tia. -dei um beijo em sua bochecha.
- Jantar esta pronto. -minha mãe anunciou, atraindo os olhares para ela.- Vamos? -chamou a todos.

Caminhamos em direção a cozinha, Gabriel passou o braço pelo meu ombro, desde então tem tomado posições bem intimas entre nós. Jantamos em um clima descontraído, batendo papo e relembrando umas cenas da infância, na qual minha mãe se divertia contando a Gabriel.

Após o jantar, Juliano foi embora com Maria, nos relembrando que amanhã era o último dia juntos e iriamos aproveitar em um bom churrasco na piscina. Giovana e eu estavamos ajudando minha mãe na cozinha enquanto Gabriel e meu pai conversavam sobre algo na sala.

Escutei meu celular tocando e ao pegar, notei que era uma ligação um tanto quanto estranha por estarmos no mesmo lugar, mas me dava reviravoltas no estômago antes de atender. Com muita resistência, decidi atender.

- Oi. -fui bem seca.
- Pituca... -sua voz era doce, manhosa, o que me derretia por completo, ele sabia bem disso.- Vem aqui fora, por favor.
- O que você quer? -tentei ser resistente.
- Te pedir desculpas, você pode vir? -respirei fundo, largando o pano de prato em cima do balcão e finalizando a chamada.- Ricelly está lá fora. -comentei, atraindo os olhares delas para mim.
- Vai lá minha filha, façam as pazes, ele é seu irmão. -senti meu ombro encolher, me lembrando exatamente de que Ri era praticamente meu irmão. Apenas assenti para minha mãe antes de sair.

Passei pela sala e vi o olhar curioso de Gabriel para mim, mas não disse nada ao mesmo. Ao sair para fora, seu carro estava parado com o vidro abaixado. Vi seu sorriso de longe se estender. Entrei no carro e antes que ele disesse algo, fui atirando as palavras contra ele.

- Olha Ricelly, sinceramente isso já deu. Se você veio aqui...
- Ei, calma, calma! -pediu repetidamente, me interrompendo e forçando meu silêncio.- Vim por paz, juro. -ele levantou as mãos como rendição.- Me perdoa, prometo me comportar. Juro que não dou mais pitaco nesse seu relacionamento.
- Já ta sendo irônico. -o lembrei, cruzando os braços.
- É mais forte do que eu, desculpe. -ele recostou no banco.- Você é minha irmã, pituca, claro que tenho ciumes. -se justificou.- Eu amo você e não quero nunca ver esse olhinho tão inocente derramando se quer uma lágrima por qualquer filho da puta no mundo. -arqueei a sobrancelha, ele pareceu entender e riu.- Tudo bem, tambem fui um filho da puta. Mas to aqui pra sempre, né?! -ri de seu jeito atrapalhado de se expressar.- Me desculpa?
- Tudo bem, Ri. -ele sorriu bem largo, satisfeito.
- Então dorme comigo. -pediu.
- Ah, sabia. -revirei os olhos.
- Qual é, pituca? Amanhã eu já viajo e devo te ver somente na sexta, porque tenho show na capital.
- A capital fica 2 horas da minha casa. -o encarei.
- Mas Emil vai te buscar.
- Como você me controla assim, Ricelly? -ele riu do meu jeito irritada.
- Ah pituca, não tem como fazer shows sem você. Já que você não viaja comigo, pelo menos em shows na região você tem que ir. -suspirei, como se me desse por vencida.- Vamos dormir então? -seu rosto se reascendeu.
- Só se você ver um filme comigo. -ele fez uma careta.
- Mas eu escolho.
- Não, Ri. -disse manhosa.
- Você sabe que não leva jeito pra escolher filme. -semicerrei os olhos, como se o queimasse vivo se pudesse.- Ta bom, ta bom, você venceu. -levantou as mãos em sinal de rendimento e eu bati palmas.

Ele ligou o carro e fomos em direção a fazenda. Assim que chegamos a casa estava um completo silêncio, subimos para seu quarto e eu fui logo escolhendo um filme. Henrique se deitou de cueca e me agarrou, me cheirando.

Assim que coloquei um filme, após protestos de Henrique, assistimos até certa parte, pois lembro que o mesmo dormiu jogado por cima de mim e eu apenas desliguei a TV, sendo vencida pelo sono também.