Prólogo

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Arabella version

Sei que muitas pessoas ainda não realizaram seus olhos, e entendo o que sentem. Pensam que não são o suficiente, que se der errado foi porquê é uma merda de pessoa que não conseguiu se esforçar tanto. Sei que elas tem medo de tudo ir por água abaixo, principalmente quando isso se trata do seu próprio futuro. Lembro que quando tinha 10 anos até os meus 18 me sentava em minha cama e chorava por pensar no meu futuro não dando certo, e ainda faço isso as vezes. As vezes você mesmo coloca energia negativa nas coisas que você quer fazer e nem percebe, e as vezes é por isso que você escorregou no caminho. As vezes nós pensamos tanto no "e se não der certo", que acabamos perdendo tempo para fazer coisas positivas. Eu entendo, e não culpo ninguém por ser assim.

Olho para as ruas movimentadas de Mônaco por conta da corrida de Fórmula 1 que está prestes a começar. Não sei se estou feliz ou ansiosa, acho que os dois. Estou parada em frente ao lugar da corrida, sendo mais exata, estou na porta fotografando as vistas lindas qua tem. O sol deixa tudo mais lindo, estou apaixonada. Olho para o relógio digital em meu pulso e vejo que são 08:30, a corrida começa às 09:00. Acho que não falei, mas eu não sei olhar a hora em relógio de ponteiros, então quase tudo que envolve relógio na minha casa é digital. Muitas pessoas já riram de mim por isso, até eu solto algumas risadas por conta disso as vezes. Então não vou ligar se você rir também.

Me lembro do nervosismo que estava sentindo quando abri meu computador na minha casa no Brasil e vi a carta de aceitamento. Minha mãe comemorou muito comigo, já meu pai... Bom, ele não. Meu pai sempre me cobrou demais, ele queria que eu me tornasse uma médica, igual a minha tia que faleceu quando eu tinha 9 anos. Ela não conseguiu terminar a faculdade de medicina, e desde pequena me lembro do meu pai chegando em mim e me dizendo que eu seria uma ótima médica, e que conseguiria seguir a vida que minha tia não conseguiu começar. Mas não era o que eu queria fazer, me sentia pra baixo toda a vez que tocavam nesse assunto. Meu pai nunca foi presente em minha vida, nunca foi. Me lembro que ele comprava coisas caras pra mim, acho que era pra tentar cobrir a ausência dele. Mas minha mãe foi completamente o contrário, ela sempre me apoiou no futuro que eu queria. Era ela que sempre ia nas minhas apresentações na escola, era ela que sempre cozinhava comigo, era ela que brincava comigo. Ela foi minha mãe e meu pai ao mesmo tempo. Sinto falta dela, faz um ano que não a vejo.

Saio de meus pensamentos ao escutar um psiu vindo um pouco mais afastado de mim. Olho para trás e vejo Ollie um tanto pálido, me aproximo do mesmo e encaro seu rosto.

— Você tá bem? — pergunto franzindo a testa enquanto examino seu rosto com o olhar — Está pálido

— A não, meu Deus — ele diz colocando as mãos na cabeça — Não posso desmaiar agora

— Você não vai desmaiar — falo revirando os olhos — Por que esse nervosismo todo?

— Acabei de saber que vou correr no lugar do Carlos — ele responde enquanto respira fundo — Eu nem me preparei

— Você vai conseguir, é um ótimo piloto — falo sorrindo — Agora se você começar a ficar nervoso e desmaiar eu não vou ter como te ajudar

— É, você tem razão — ele diz enquanto tenta se acalmar — Vou tomar água

Ele saí meio apresado me fazendo soltar uma risada. Ollie e eu temos a mesma idade, sinto como se ele fosse meu irmão. Posso contar com ele pra tudo, e quando digo tudo é tudo mesmo. Um melhor amigo que nunca tive.

Olho para o relógio em meu pulso e vejo que são 08:40. Entro no lugar e vou para o Paddock, onde tem uma ótima vista de todos os lugares daqui. Olho para as garagens onde estão os carros e aponto minha câmera começando a fotografar os carros ainda parados com algumas pessoas mexendo neles. Gosto de ver as corridas, as vezes sem querer acabo prestando atenção demais e esqueço de tirar fotos. Sorrio ao ver Ollie parado um pouco mais afastado do carro encarando o mesmo, ele parece estar mais calmo, mas provavelmente está surtando por dentro, dá pra ver na cara dele. Um pouco mais atrás dele está Charles Leclerc falando com um cara com a camisa da Ferrari. Nunca falei com Charles, já tirei algumas fotos dele para o insta, mas nada a mais que isso. Ele parece ser uma pessoa bem ocupada por conta da carreira.

•    •    •

Quando a corrida termina me aproximo da garagem onde os carros estão parando e vou para a da Ferrari. Quando chego vejo Ollie saindo do carro com um sorriso de orelha a orelha por ele ter ficado em 2° lugar.

— Parabéns! — falo sorrindo enquanto abraço ele — Eu falei que você iria conseguir

— Eu ainda não acredito que consegui — ele fala sorrindo enquanto saí do abraço — Obrigada

— Isso é motivo de comemoração — falo sorrindo e pegando a câmera pendurada em meu pescoço — Sorri campeão

Ele dá um sorriso largo e faz um certinho com mão. Tiro a foto e sorrio vendo a mesma na tela da câmera. Oliver se afasta e vai para trás de mim, me viro e vejo ele abraçado a Charles, o que me faz sorrir. Me aproximo devagar e encaro Oliver.

— Já está me trocando, Bearman? — pergunto sorrindo fazendo os dois olharem pra mim

— Tem Oliver pra todo mundo — ele diz me fazendo rir

— Acho que vou assinar meu nome em você pra sua namorada não pegar o que é meu — diz Charles sorrindo

Encaro Oliver que olha para Charles meio sem jeito. Solto uma risada e olho para Charles.

— Não somos namorados — falo sorrindo

— Desculpa — diz Charles abaixando a cabeça enquanto suas bochechas começam a ficar vermelhas

— Eu não seria um namorado ruim — diz Ollie me olhando

— Vou investir em você então — falo fazendo Oliver rir

Essa foi a minha primeira interação com o Leclerc, foi bem pequena. Mas depois daquele dia começamos a nos falar mais, o que não foi uma boa ideia.

The Night We Met || Charles Leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora