Capítulo 10

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Asher

Emoções são algo com que não estou acostumado, e as pessoas ao meu redor sabem disso, fazendo o possível para permanecer longe do meu caminho. Exceto pelo babaca do Martin Wang, que coincidentemente pertence à família de Maximilian.

— Qualquer visita deve ser agendada com a minha secretária. — Informo, passando por ele em direção à minha sala.

— Mesmo o prefeito?

— Buscando tratamento prioritário? — Pergunto, parado em frente à porta da sala.

— Preciso conversar com você.

— Até onde eu saiba, não temos assuntos em comum, principalmente quando se trata de negócios.

Ele ri.

— Mas talvez seja do meu interesse que você esteja emprestando dinheiro para Maximilian.

— Sendo casado com a filha dele, deve ter muito interesse.

Martin é um verme que consegue enganar a maioria das pessoas. Quando assumiu a prefeitura, ficou claro que era tudo um jogo de poder, uma tentativa deplorável de conquistar a aprovação do velho para se casar com a filha favorita. Não é segredo que os herdeiros masculinos do clã são um bando de idiotas, mas a mulher? O topo é o limite para alguém como ela.

— Não traga minha esposa para esse assunto.

— Não venha ao meu escritório sem ser convidado.

— Eu estava pela cidade ontem, vi a sua mulher, ela é bonita.

Considero esmagar a cabeça dele contra a parede ou talvez amarrá-lo no chão e passar com as rodas do carro por cima dela. Com toda certeza, se encontrassem seu corpo, teria que ser velado com o caixão fechado. Mas isso é algo que terei que adiar; tenho muitas coisas para alinhar no momento.

— Devo admitir que tem culhões se está aqui trazendo minha esposa para o meio desta merda. — Estudo seu rosto com atenção. — Ainda mais sendo um pequeno verme. Duvido que alguém além da sua esposa choraria no seu velório.

— Isso é uma ameaça?

— Constatar a sua insignificância é algo ameaçador para você?

Ali está! O canto de sua boca se contrai de raiva, e seus punhos se fecham com força, uma luta óbvia para não me atacar fisicamente.

— Estou aqui amigavelmente.

— Sua função é administrar esta cidade, não vir até aqui e me irritar. — Declaro. — Além disso, não estou dando dinheiro para o velho, apenas os materiais necessários. Ele deve me pagar depois; é assim que funciono.

— Pensei que daria dinheiro a ele.

— Não sou um idiota. Já o roubaram uma vez; acha mesmo que daria dinheiro nas mãos dele para ser roubado novamente? Tudo o que farei é cobrar o meu pagamento quando o negócio estiver pronto.

— Isso...

— Encerra nossa conversa por aqui. Tenha um bom dia.

Fecho a porta na cara dele e vou direto para minha mesa.

Essa família está me cercando de todos os lados, e penso que isso é muito suspeito. Eles devem estar escondendo algo ou tentando descobrir se sei de algo. O que me leva ao meu amigo misterioso e aos motivos que o fizeram roubar aquela família.

***

Calliope

A vida me ensinou algumas coisas ao longo dos últimos anos. Sempre fui muito observadora, mas isso ficou muito mais intenso depois que descobri a verdadeira face dos meus pais. Dizer que estou traumatizada é um eufemismo. Passei a reparar em todos com muito mais atenção; o corpo sempre diz mais que a boca, e esse é mais difícil de mentir.

Puzzle irresistível - Obstinados 4Onde histórias criam vida. Descubra agora