ᴀᴘᴏᴄᴀʟʏᴘsᴇ|ɢᴏᴊᴏ sᴀᴛᴏʀᴜ

𝖙𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖋𝖎𝖓𝖆𝖑 𝖈𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗

Pov [Nome]
10/02/2018
10:30AM

O Amor. Por muito tempo desconfiei que pudesse sentir o amor ou que alguém pudesse me amar, desconfiei que alguém seria capaz de amar um monstro como eu.

Não faz tanto tempo mas parece que não, não era impossível, nunca foi. É engraçado falar isso quando estou a beira da morte, mas me sinto eternamente arrependido de não ter contado tudo isso antes. Provavelmente carregarei essa dor para onde for.

Desde pequeno tive uma camada dentro de mim que fazia com que eu não conseguisse chegar perto de outras pessoas, até eu conhecer ele.

Gojo Satoru, esse homem teve sua primeira aparição quando bateu em minha porta, um homem estranho falando comigo porque queria ser meu amigo? Como tudo isso tomou essa proporção? Sempre percebi que ele se apaixonou de cabeça, sem nem me conhecer direito, mas eu? Eu demorei um tempo para me apaixonar, mas não aguentei, ele é irresistível.

Gojo foi aquele que me deu suporte, brigou com o seu (ex) melhor amigo por mim, me alegrou nos meus piores dias e de fato, nunca percebi que o amava. Ele é tão diferente de mim, mas é como dizem, os opostos se atraem.

Nunca acreditei nessa teoria, mas na prática? Agora eu entendo. Quando alguém como eu, sem esperança na vida, quebrado e sem ninguém encontra alguém como ele, tudo vira uma grande explosão.  Ele sempre foi um menino alegre, que sempre amou com intensidade a vida, sempre quis viver e aproveitar o que tinha que aproveitar, duvido que ele sonhava em encontrar alguém quebrado como eu.

Quando descobri a leucemia, foi um baque. Senti medo, pavor, vomitei, chorei e por muito tempo, para mim, estava tudo perdido. Naquele dia, eu não queria mais nada, esperava meus últimos dias de vida. Ele me fez encontrar sentido na vida, me fez querer viver e não sobreviver.

Quando eu tive que raspar o meu cabelo, eu não estive sozinho. Confesso que foi o pior dia da minha vida, mas ele estava lá, ele estava para me dar força. Se eu pudesse voltar no tempo e falar com o meu eu do passado, diria: não perda tempo, depois de alguns meses você não estará mais aqui, viva, namore com ele! Foi tarde demais.

O amo demais, pena que percebi muito tarde. Sempre ouvi dizer que na beira da morte, um filme de sua vida passava em sua cabeça. Eu, como sempre, não acreditei. Que tolice, a teoria é verdade.

Minha vida foi muito curta e inegavelmente sofrida, só que eu não tenho do que reclamar. Mesmo com dores e o luto até hoje, ele foi sempre o meu porto seguro. Querendo ou não, todas as vezes que acontecia algo ruim em minha vida, eu corria pro seu colo me esbaldar em lágrimas. Ele sempre foi meu porto seguro.

Queria que minha morte fosse mais tranquila, mas está tudo bem. É triste pensar que nunca mais farei a tradição de comer yakisobas na sexta, até porque já é sábado. A sensação não seria a mesma de qualquer jeito.