⠀ 1 𝗱𝗲 𝗷𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗼.

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Galhos de madeira embatem na janela da mãe surda, vinculada a viver por Adão e seus bens valores, agora está se lastimando perante a seus piores espectadores.

Lá fora, onde o frio governa, agasalhos não queimam o gelo desse núcleo. Convivendo com o nada e procurando o tudo, cruzando com raças de todo o tipo, até então custaram 16 vidas.
Eu sopro, apreciando a serenidade da moradia, negando os soluços culposos da tola Eva que ainda ora e clama para alguma divindade largada em livros virgens.

"𝗤𝘂𝗲 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗮 𝗱𝗲 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼."
Eu me disparo, mergulhando em rios de nada, me deixando levar mais uma vez, julgando as fases da vida que só me deixaram apodrecer.
Nada, será o nada, pedras ofuscando e feijões saltitando, hilário, eles se lamentam e eu morro.

"𝗤𝘂𝗲 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗮 𝗱𝗲 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼."
O moinho corre sem pressa contra o gelado, uma dança sem harmonia e nem linha, doente de persistir, eu aceito o bailado acompanhado com o nevado.
Uma união única e sólida, estilhaçada por pura vontade, a culpa é o sobrante feijão.

"𝗣𝗲𝗿𝗱𝗮."
A neve já me cobre e o frio excessivo desvanece os reles pingos da ardente chama, fissuras que ao redor foram abandonadas, retornam ainda desenvolvidas na calma desta noite.
Eu parti e ninguém notou a minha ausência.
Como as estações do ano eu reapareci, apenas com uma fresca cara.

Hoje é 1 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗶𝗼.

𝖻𝗎𝗋𝗇𝗶𝗇𝗀 𝗁𝗶𝗅𝗅. Onde histórias criam vida. Descubra agora