Talvez um dia você entenda o porquê

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"Olhando para o fundo do seu copo

Esperando que um dia faça um sonho durar

Mas sonhos chegam devagar e passam muito rápido

Você a vê quando fecha os olhos

Talvez um dia você entenda porquê

Tudo o que você toca certamente morre"

(Let Her go - Passenger)

Um mês se passou. Hermione tinha a mesma rotina diária, sem nunca sair do quarto. Malfoy conjurou uma poltrona de leitura embaixo da janela para que ela pudesse tomar sol todos os dias. Ela evitava falar com ele.  

Na sala, todos se reuniram para decidirem sobre o projeto de mudança de país. 

- Quando nós vamos, Pan? - perguntou Neville, enquanto fazia um carinho no cabelo dela.

Ela o abraçou. Queria se perder nesse abraço, ficar para sempre com ele, esquecer todos os traumas e problemas.

- Eu ainda não sei se devemos largar os dois aqui... Ele me fez promessas, mas... você tinha razão, Neville! Granger é adorável. Acho que me apeguei a ela.

Neville sorriu.

- Ela sempre foi a melhor de todos nós. Quando cheguei em Hogwarts, tive dificuldade de fazer amigos. Hermione sempre me dava atenção, conversava comigo. Ela é muito especial. Não merece isso que fizemos, Pan... nunca vou me perdoar por ter ajudado nesse sequestro. 

Pansy sabia que eles estavam sendo corroídos pela culpa. Luna, que tinha se apaixonado por Zabini e Carlinhos, que estava vivendo um romance com Theo, amavam muito Hermione. No começo, ela ficou enciumada. O que a garota tinha para ser tão querida? Será que Neville a via só como amiga mesmo? Mas, depois que a conheceu melhor, ela entendeu. Hermione era doce, íntegra, honesta. O jeito decidido com que ela caminhou para se entregar e salvar a vida de Gina foi inesquecível! Ela não hesitou. 

Luna entrou na sala de mãos dadas com Zabini.

- Pan, não conseguimos dormir esta noite. Vamos mesmo? Você tem certeza? Eu queria tanto entrar naquele quarto para abraçá-la... Mas se ela souber que eu sei do sequestro e não fiz nada para ajudar, vai me odiar pra sempre... - começou a chorar.

- Não sei se quero mesmo sair do país, gente! Nós precisamos voltar para casa. Meus pais já sofreram tanto com a morte de Fred! Precisamos avisar que estamos vivos! 

Theo o beijou na boca, tentando consolá-lo.

- Não temos como voltar pra casa, Carlinhos! - Neville exclamou. - Eu não terei coragem de ver Harry, Ron e Gina devastados pelo sumiço dela e fingir que não sei de nada...

Pansy ficou pensativa, olhando para Theo e Zabini. Os dois amigos sabiam o que ela estava pensando. Draco não estava bem. Eles precisavam seguir em frente, mas como enfrentariam a culpa se algo acontecesse com a garota? E mesmo se algo acontecesse com Malfoy, como suportariam? Iriam apenas fugir e deixá-los para trás?

Malfoy entrou na sala carregando outra pilha de livros para Hermione.

- Estão fazendo uma festinha aqui? Se tiver cerveja amanteigada, eu quero. - brincou.

- Draco... - Pansy queria dizer tantas coisas, mas não conseguia. - Você sabe que não podemos ficar. Temos que ir embora, sair do país pelo menos por um tempo. Estamos nos arriscando demais aqui, ainda mais agora que estamos todos na lista de procurados do Ministério... não é seguro ficar... 

- Sim, eu sei, Pan. Estão certíssimos.

- Então, Draco... eu quero convidar você a ir com a gente. Você devolve a Granger para os amigos dela e nós fugimos. Assim, mesmo que queira, ela não vai saber informar onde estamos. 

- Não vou nem me dar ao trabalho de te responder, Pan. - ele se irritou. Os amigos não o entendiam e ele não estava a fim de se explicar. Nem ele mesmo se entendia.

- Nós somos gratos a você. Não estaríamos vivos se não fosse pela sua coragem. - Neville o encarou. - Mas não concordamos com isso que você fez com Hermione. Solte-a. Será muito bem-vindo viajando conosco!

Malfoy não respondeu.

Luna teve uma ideia:

- Acho que devemos mesmo ir. Draco, se quiser, pode tentar nos encontrar depois e...

- Você sabe muito bem que depois que vocês aparatarem, eu não vou mais saber onde estão. - ele resmungou. 

- Certo. - concordou Luna. - Neville e Carlinhos, eu acho que temos que dar um tempo em outro país até que nossos namorados estejam seguros. Depois, nós voltamos e encontramos nossa família sem que eles corram riscos.

Neville e Carlinhos concordaram. Todos eles começaram a se preparar  para a fuga. 

Quando Malfoy se afastou, Luna explicou seu plano:

- Eu sei que ele é amigo de vocês, mas nós temos que fazer o que é certo. Assim que aparatarmos, vou mandar uma coruja anônima para Harry informando o local do cativeiro. 

Pansy, Zabini e Theo se entreolharam. Eles não podiam trair os namorados, mas conheciam o amigo o suficiente para saber que ele não seria pego facilmente.

Depois que se organizaram, chamaram Malfoy para se despedirem.

- Nós estamos indo. - avisou Neville. - Pense bem, Draco. Você ainda está em tempo de corrigir esse erro... 

Ele o ignorou.

- Você vai se despedir dela, Pan?

- Não tenho coragem, Neville. - Pansy estava se sentindo muito mal em deixá-la. Antes de aparatar, ela olhou para seu melhor amigo com uma súplica no olhar. Mas ele não cedeu.

Quando chegaram à Austrália, Luna redigiu uma carta anônima para Harry informando o endereço do cativeiro de Hermione. Pansy enxugou uma lágrima que escorreu pelo seu rosto. Ela, Zabini e Theo ficaram em silêncio. Os três sabiam que Draco não estaria mais lá. 


  


Obsessão doentiaOnde histórias criam vida. Descubra agora