"Eu sei
Você sabe
o que é frustração:
máquina de fazer vilão."
(Jesus Chorou - Racionais Mc's)
Ela esperava que ele negasse? Era o que as mulheres faziam sempre? Diziam uma coisa, pensavam outra, sentiam outra? Mas ela não era como as outras, ela estava se expondo, não se protegendo.
Ele deveria ter insistido em um sexo doce? Deveria. Era o certo. Era como deveria ser. O que Potter, Weasley, Krum, os malditos príncipes de contos de fada fariam?
Mas ele não era um homem bom. Nem sequer um homem normal.
Queria se controlar, deveria se controlar. Mas aquele pedido despertou uma vontade errada e suja, escondida bem no fundo dele.
Deveria ter conversado mais, perguntado mais. Deveria ter mantido o controle.
Mas não conseguiu.
Avançou, agressivamente, contra ela. O beijo parecia uma briga de dois inimigos. Um beijo com gosto de frustração, de ressentimento, de uma vida que poderia ter sido e não foi.
Um amor de infância perdido. Um futuro estragado. Não tinha mais casa, fortuna, família. Procurado pela polícia, pelos aurores, pelo Ministério. Não podia voltar para o próprio país sem ter que se esconder como um rato.
Indesejado. Perdido. Frustrado.
Sem chance de redenção.
Ela correspondeu o beijo. Havia muita agressividade dentro dela também. Isso, ao contrário do que ela pensava, não o surpreendia. Ele sabia que ela não era mansa, meiga e casta como todos a viam em Hogwarts. Sabia que havia alguma coisa errada e suja esmagada dentro dela. Uma fúria avassaladora e doentia, porém muitíssimo bem escondida.
Ela sempre o desejou. Ele sabia. Desde sempre, desviando olhares, reparando no cabelo dele, nos músculos aparentes sob o uniforme. Quantas vezes não a pegou secando o corpo dele na biblioteca enquanto fingia estar distraída com um livro. Mas ela nunca admitiu. Guardava para ele o seu mais genuíno desprezo. Detestava o seu sobrenome, o seu sangue puro, a Sonserina, a sua fortuna.
Talvez ele fosse mimado demais para aceitar a rejeição que ela sempre reservou especialmente para ele. Um cara normal aceitaria e seguiria em frente. Talvez, se o maldito Voldemort jamais tivesse voltado, ele poderia ter trilhado um caminho mais digno. Provavelmente teria superado a paixãozinha boba da escola. Todo mundo supera.
Não era justo descontar nela todas as suas frustrações. Mas, mesmo assim, iria descontar cada uma delas. A vida não era justa, por que ele deveria ser?
Por que teria que continuar fingindo que queria fazer amor, como se ela fosse uma noiva de branco dando-lhe um beijo casto na testa antes de uma conservadora viagem de lua de mel? Como se eles fossem um casalzinho apaixonado dos filmes de comédia romântica trouxa?
Não. Se a amasse feito a porra de um homem normal, não a teria sequestrado, aprisionado, roubado a magia dela.
Ele sabia que não era amor. Era outra coisa, que coisa?
Nunca se arrependeu de tê-la sequestrado. Foi como se tivesse tomando de volta algo que era dele. Que pertencia a ele.
Ela era dele.
Não tinha esse direito, claro que não. Mas já era um foragido da justiça, considerado um dos homens mais perigosos de todo o mundo bruxo. O que tinha a perder?
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Obsessão doentia
FanficVoldemort está morto, mas a guerra não acabou. Vários comensais da morte fugiram de Askaban e o mundo mágico não voltou a ter paz. Alguns heróis de guerra, como Luna e Neville, desapareceram. Hermione Granger voltou para terminar seu último ano em...