6 - Roteiro de sempre, tão previsível

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Foram tantas despedidas que, na verdade
Te dedicar mais um verso é até exagero

Então corre como sempre, que eu não irei atrás
Você já fez isso antes, e a verdade é que, pra mim, tanto faz
¡Corre! - Jesse & Joy

Então corre como sempre, que eu não irei atrásVocê já fez isso antes, e a verdade é que, pra mim, tanto faz¡Corre! - Jesse & Joy

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Frederico

Presumi, talvez pelo intenso desejo que eu sentia, que Cristina fazia um grande esforço para se desvencilhar do meu olhar. Pude perceber seu desconforto, a inquietude que isso lhe causava. Parecia que ela finalmente se deu conta da intensidade com que eu a olhava.

Quando meus lábios estavam a poucos centímetros dos dela, ela virou o rosto abruptamente e puxou as mãos, rompendo o ímpeto ao qual eu não tinha resistido. Ela sempre soube que, para mim, ela não era indiferente, sei que percebia como eu a olhava, mas havia algo mais naquela troca de olhares, naquele momento...

Eu queria acreditar que ela estava perturbada pelo meu olhar tão intenso e profundo.

— Por favor, Frederico! — Ela falou ainda ofegante, parecia assustada com o que havia acontecido.

— Perdão, perdão, perdão! — Repeti me martirizando.

Me afastei, recriminando-me e passando a mão pelos cabelos.

Eu havia prometido a Cristina ganhar sua amizade, e na primeira oportunidade de contato que tive com ela, não resisti e já ia tomá-la em um beijo arrebatador como sempre sonhei. Mas como eu podia resistir? Como eu resistiria ao contato das suas mãos? Aos seus olhos aflitos? Ao fato de ela dizer que confiava em mim? Se beijá-la, acariciá-la e fazê-la minha era o que eu mais desejava.

Mas isso não era possível. Não imediatamente. Se eu tivesse a intenção de conquistar Cristina, tinha que ser devagar. Não seria coisa de dias ou semanas... Talvez... pudesse levar anos, e eu precisaria esperar. E esperaria! Esperaria por Cristina o tempo que fosse. Toda a vida, se necessário.

Cristina caminhou até a entrada da sede da fazenda perturbada, alterada. Talvez ela estivesse me odiando por meu atrevimento. Talvez eu a tivesse desestabilizado com aquela tentativa de beijá-la. E isso sem que, nem sequer tenha acontecido nada.

Nada.

— Me perdoe, Cristina. Foi um impulso, eu não queria... Não, eu queria... — Tentei organizar as ideias, mas gaguejei.

Era horrível se sentir assim. Sem domínio de mim mesmo.

— Tudo bem, Frederico. Não foi nada, não aconteceu nada. — Rapidamente ela pareceu conseguir desvanecer os fatos por dentro e por fora. — Só que precisa ficar claro para você que você não pode ter impulsos como esse!

— Sim, Cristina, não vai se repetir. Eu só não quero que você ache... Não quero que você pense...

— Eu não acho e não penso nada, Frederico. Não dê tanta importância a um evento tão... insignificante. — disse ela com um ar de desdém.

Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora