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Capítulo 21

- Vamos voltar para o quarto, você precisa descansar.

Mia não reclamou apesar da vontade de não voltar, mas sua mente estava cheia de dúvidas e ela queria esclarecê-las.

Ao chegar no quarto, não precisou questiona-lo, logo que Gabriel abriu a boca todas as suas dúvidas desapareceram.

- Ângela é filha de Ezequiel, o homem que me resgatou. Ela ajudou seu pai a cuidar de mim. Sou muito grato a ela e nada mais. Nunca deixei nenhuma dúvida e ou esperança para ela. Sempre afirmei, que te procuraria até o último dia de minha vida se fosse preciso. - Cada palavra que ele dizia era coberta de sinceridade.

Mia apertou a mão de Gabriel, que segurava suas.

- Não ligue para ela logo se acostumará com você. -disse ele afagando a mão que estava entre as suas.

Gabriel observava Mia dormir profundamente, quando ouviu uma batida na porta, que estava entreaberta. Ele se levantou e dirigiu até lá, onde o jovem Énos se encontrava.

- Oi, Gabriel! - disse o garoto, pulando em seu pescoço para lhe dar um abraço.

- Como vai Énos? - perguntou Gabriel alisando o cabelo do garoto que estava em seus braços.

- Tudo bem! - disse ele, entusiasmado. Sarah pediu para você ir até a salão principal.

-Ok, vamos lá! - disse Gabriel, voltando e ajeitando as cobertas de Mia, checando se estava tudo certo com ela para depois seguir o garoto que não entrou no quarto.

No caminho, Énos não parava de falar, esta era uma característica dele.

Énos era um dos poucos meninos de sua idade. Além dele, ali só havia mais vinte e uma crianças na base. Suas mães não haviam sido capturadas pelos devastadores, haviam sido mães muito cedo. A mãe de Énos, por exemplo, havia dado a luz aos 12 anos, vítima de abuso.

Ela Foi encontrada por Miguel, desmaiada em uma construção abandonada e levada para Zaraenla. Onde foi cuidada e Énos nasceu.

Énos nunca havia saído da base, todas as vezes que Gabriel saía de lá, ele aguardava ansioso sua volta para encher Gabriel de perguntas. Era pelos olhos de Gabriel que ele conhecia o mundo exterior à base.

Gabriel caminhava alegre ao lado do seu pequeno amigo e satisfazia toda sua curiosidade, procurava detalhar o máximo que podia tudo o que via, satisfazendo a necessidade de conhecimento de seu amiguinho. Os olhos do garoto brilhavam...

- Gabriel!

Gabriel se virou ao ouvir seu nome! Ângela com um olhar triste vinha em sua direção e perguntou:

- Posso falar com você?

- Ângela, estou com um pouco de pressa, tenho uma reunião com a Sarah agora!

- Prometo que não vai demorar! - disse ela com um olhar suplicante.

Relutante Gabriel pediu a Énos que fosse na frente e avisasse Sarah que estaria lá em alguns minutos.

Depois deu sua total atenção a amiga.

- Podemos nos sentar?

Ao afirmar com a cabeça, Ângela em silêncio o conduziu para uma sala que era usada como refeitório, que no momento estava vazia, e se acomodou em uma mesa. Gabriel se sentou em sua frente e esperou que ela falasse.

Ângela era da mesma idade que Gabriel, eles descobriram muitas coisas em comum nesses quatro anos, como livros, músicas e xadrez. Eram adversários no Xadrez, e os melhores na base. Entre vitórias e derrotas os dois estavam empatados.

Era prazeroso conversar com ela e o pai dela até tarde, onde ele contava histórias do velho mundo e suas experiências. Mas, não conseguia ver nada mais do que uma irmã em Ângela.

- Queria te pedir desculpas pelo meu comportamento! - como Gabriel não disse nada ela continuou - Fui estupida! Eu sei que tudo vai ficar bem! Você a encontrou, agora você pode ficar tranquilo! - Gabriel continuou escutando, o olhar de Ângela estava estranho o que o manteve alerta - Sua responsabilidade com ela está sendo cumprida e logo, com seu coração mais calmo, poderemos ficar juntos.

- O quê? - perguntou Gabriel sem entender.

- Você vai poder continuar dando suporte para ela. Acho que você deve, depois de tudo que ela passou!

- É claro que vou dar suporte para ela! - disse Gabriel indignado, sem entender bem o rumo daquela conversa.

- Eu sei meu amor e não vou te impedir de ajudá-la. Só espero que ela seja compreensiva quanto a nós dois! - terminou ela enfática em tom não muito amigável.

- Nós dois? Do que você está falando Ângela?

- Nós dois amor! Eu sei que você se sente culpado com relação a Mia, mas agora que você a encontrou, seu fardo pode ser retirado e nós dois podemos finalmente ficar juntos.

- Ângela, você está ouvindo o que você está dizendo? - perguntou Gabriel incrédulo.

- Cada palavra amor! - disse ela colocando a sua mão sobre a dele que estava em cima da mesa.

Gabriel retirou de imediato e se levantou dizendo:

- Não sei o que está se passando em sua cabeça Ângela, mas não existe nós dois. Eu não procurei o amor de minha vida por longos quatro anos para a deixar agora.

- Gabriel, calma, você está confuso! Quando você a viu as lembranças do que viveram vieram à tona. Mas não quer dizer que é amor. Amor é o que sentimos um pelo outro. Nosso companheirismo, parceria, amizade! Esses quatro anos mostram isso.

- Ângela, nós somos amigos só isso! E se você continuar com essas maluquices não vai ser nem isso. - disse Gabriel saindo irritado.

Ângela tentou impedi-lo o chamando pelo nome e correndo atrás dele, segurando o seu braço.

Gabriel o removeu em um puxão e continuou andando sem olhar para trás!

Gabriel caminhou rápido para aliviar o estresse e para que também Ângela não o acompanhasse. Estava com um misto de sentimento de raiva e pena. Gostava da amiga, mas era apenas isso. Não acreditava que ela tinha entendido sua amizade como uma esperança de relacionamento...

Para minha mais velha nova amiga @Bhalriet!