Capítulo 14

38 10 14
                                    


—Fique quietinha aí!

Aquela voz! Ela não obedeceu ao comando virou e encarou o seu algoz.

—Gabriel!

Seu coração ficou descompassado, quando viu seu rosto, só conseguiu pronunciar seu nome e desfaleceu.

Gabriel conseguiu em tempo enlaçar sua cintura não permitindo que ela caísse.

Deitou-a no chão e tentou acordá-la, o que não aconteceu. Imediatamente colocou sua arma nas costas e a pegou no colo carregando-a para fora dali. Enquanto caminhava, olhava o corpo esquelético de sua mulher, os ossos saltavam sob a pele pálida. Lágrimas corriam de seus olhos. Um misto de alegria e tristeza invadiu seu coração. Saiu da galeria com cuidado para não ser visto e se embrenhou na mata. Seu esconderijo ficava a uns dois quilômetros dali. Apesar dela estar bem leve carrega-la inconsciente era bem difícil, parou várias vezes para descansar e ver como ela estava. Foi assim até chegar em seu pequeno abrigo.

No meio da mata um amontoado de rochas, formava um pequeno esconderijo, com uma entrada bem discreta. A caverna não era muito grande, mas suficiente para abrigar os dois.

Colocou-a no chão e preparou seu pequeno colchonete para deita-la. Mas antes de deitá-la buscou água de um rio próximo, retirou suas roupas mau cheirosas e limpou-a com cuidado, principalmente suas feridas. Depois de limpa, aplicou uma pomada de seu kit de primeiros socorros em cada ferida.

O ferimento das costas foi bem ruim de limpar, molhou a compressa que cobria o ferimento e foi descolando aos poucos o tecido do machucado. Depois de limpo suturou o local, ao todo, dez pontos. Mia em todo processo permaneceu imóvel, Gabriel somente sabia que continuava viva por causa de sua respiração e de seu coração que batia forte.

Vestiu nela uma de suas roupas e deitou-se junto com ela no colchonete. Se deixou ficar ali acariciando seu rosto esperando uma reação dela. Só se afastava para buscar água e cuidar de suas feridas. As vezes tentava dar água, mas não conseguia. Foram horas e horas de espera até que finalmente ela acordou.

Quando ela abriu os olhos foi como se tivessem tirado seu coração do peito, por um momento ele parou de bater.

Ao vê-lo Mia levantou uma de suas mãos trêmulas e tocou seu rosto, o tocando de leve para ver se era real. Mais uma vez o nome dele foi dito em um sussurro. Gabriel só a observava queria guardar em sua mente cada detalhe de seu rosto.

—Gabriel! —agora disse ela com mais força o puxando contra si em um abraço.

O choro dos dois veio acompanhado de soluços. Não falaram nada por um bom tempo. Só ficaram assim, como se fossem um.

Se afastaram um pouco, mas seus olhos continuavam presos um no outro, não conseguiam se desconectar. Gabriel se aproximou outra vez devagar levando seus lábios até os de Mia, que os recebeu sem reservas. Um beijo doce e calmo se transformou em algo cheio de urgência e paixão. Apesar de fraca Mia não queria se afastar dele. Suas dores sumiram por um momento, Gabriel era seu remédio. Ele sempre fora.

Gabriel segurava Mia como se ela fosse desaparecer a qualquer momento, por isso tanta urgência em seus beijos e seus carinhos. Poderia ficar ali para sempre. Mia sempre fora seu ar. Foram mais de três anos sem ar, vivendo como um morto vivo, buscando uma maneira de encontrá-la.

Gabriel se afastou, lembrou-se do estado que Mia se encontrava e que ela precisava de cuidados. A olhou nos olhos e disse:

—Como eu te procurei meu amor!

—Achei que você estivesse morto! —disse ela.

—Acho que tenho sete vidas, como diziam que o gato tinha!

Mia sorriu fraco! Como havia sentido falta dele, de seu humor, de seu amor...

—Por onde você esteve? — perguntou ela curiosa.

—É uma longa história...—suspirou Gabriel com suas lembranças dolorosas.

2100Onde histórias criam vida. Descubra agora