Capítulo 4

39 12 10
                                    



O edifício vizinho era mais alto do que o que Mia ocupava com Gabriel. Como o deles, também eram escritórios ocupando todos os andares. Ela começou a vasculhar cada sala em cada um dos três primeiros andares em busca de suprimentos e principalmente água para ela tomar banho!

Sua esperança de encontrar água se foi depois de algumas dúzias de torneiras serem verificas. Então se focou em busca de mantimentos, vasculhando gavetas e armários como Gabriel e também com Gabriel encontrou poucas coisas. Não quis ir aos andares superiores, pois as escadas eram um martírio para o peso extra que carregava.

Apesar de não conseguir muita coisa, encontrou uma caixinha de chicletes de morango, o que fez sua boca salivar. Sentou-se na escada do piso térreo, com a porta corta fogo aberta, para se deliciar com a guloseima. Ficou ali por um momento só saboreando aquela borracha com sabor e aroma, mas era a coisa mais gostosa do mundo naquele instante.

Como estava parada começou a observar o saguão do prédio. Deveria ser um bonito lugar antes de tudo acontecer, pensava ela.

Uma visão parcial era lhe dada através da porta. Descansou as pernas para terminar a inspeção ela queria ir até o subsolo, geralmente era onde se encontravam as coisas melhores.

Respirou fundo, levantou-se e foi em direção à escada. O silêncio predominava ali como no resto do prédio. Desceu os lances de escada sem fazer barulho, chegou a um grande corredor em que a escada se dividia ao meio, com salas para um lado e para o outro. A parede do fim do corredor a esquerda estava parcialmente destruída. Começou pela direita, indo a cada sala, a maioria eram salas de arquivos, como a que ela e Gabriel estavam, mesmo assim entrou em cada uma e as verificou. Outras eram depósitos de máquinas e material de limpeza, outras depósitos de computadores, fios, peças... muitas coisas que não lhe era útil.

Uma das salas encontrou outra porta trancada. Tentou de todas as maneiras abri-la, força-la sem sucesso. Resolveu então quebrar a maçaneta. Cobriu-a com um pedaço de pano qualquer que encontrou ali para abafar o som e bateu com o extintor de incêndio que encontrou no corredor. O barulho foi abafado, então conseguiu quebrar a maçaneta e abrir a porta. Seus olhos brilhavam ao ver o que tinha ali dentro.

Prateleiras com copos descartáveis, toalhas de papel, papel higiênico, sabão liquido e o melhor de tudo, galões e galões de água, que achado, que tesouro. As prateleiras iam até o teto, deveriam ter uns trinta galões lá.

Tudo que ela queria naquele momento. Seu estado de ânimo aumentou, lembrou-se do xampu e condicionador, mais que depressa foi até o prédio vizinho onde pernoitavam as últimas noites e buscou o que precisava.

Para seu banho, furou um dos galões com seu companheiro canivete logo abaixo do gargalo e entrou em baixo dele. A água estava fria, mas não a incomodou, foi prazeroso sentir todo suor, toda sujeira indo água a baixo. A água que escorria dela era escura e grossa. Com determinação esfregou xampu em seus cabelos, fazendo uma grande quantidade de espuma, repetindo isso até que sentir seus cabelos limpos realmente. Quando a água do galão acabava ela furava outro e assim sucessivamente até se sentir satisfeita. Espalhou sabonete na barriga e acariciou deixando a água cair ali em abundância. O bebê mais uma vez se mexeu ao sentir seu carinho. Era um dos poucos momentos que pode se sentir feliz realmente.

Relaxou ao deixar a água cair em suas costas sem se importar que ela se esparramasse na sala ao lado indo para o corredor.

Fechou os olhos ao sentir o tecido enxugando seu rosto, secou cada gotícula de água. Como uma coisa tão simples podia ser tão prazerosa. Vestiu-se com uma roupa limpa e se preparou para deixar o prédio, recolheu suas coisas e encostou a porta. Quando se virou para sair seus olhos se apavoraram...

2100Onde histórias criam vida. Descubra agora