Capítulo 13

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Lentamente Mia desceu pelo duto. Ratos e baratas não a incomodavam. Procurava não olhar para baixo, pois o medo que tinha de altura não havia superado ainda. Suas amigas ainda continuavam revezando ao olhar pelo buraco. Já havia passado do meio da descida, quando sentiu uma dor horrenda nas costas. Segurou o gemido de dor, levou a mão ao local e sentiu a umidade do sangue em seus dedos. Uma ponta de ferro saltada da parede, rasgou consideravelmente a pele de suas costas. Respirou fundo, trincou os dentes para suportar a dor e acelerar a descida para cuidar do ferimento. Cada metro era doloroso, em alguns lugares onde entrava a luz do sol podia-se ver os rastros de sangue que suas costas deixavam, mas não conseguiu aguentar por muito tempo, faltando três metros para chegar ao chão ela perdeu as forças e caiu...

Andréa que olhava lá de cima, abafou o grito com a mão. O corpo de sua amiga estatelado no chão estava imóvel. Lágrimas vieram-lhe aos olhos e o estava coração desesperado...

Para seu alívio alguns segundos depois Mia se mexeu.

Mia acordou levando a mão a cabeça que doía. O resultado da queda não trouxe somente dor a cabeça, mas por todo o corpo. Tentou se levantar, mas não conseguiu imediatamente, tudo doía muito. Sua sorte foi cair em cima de algumas placas de revestimentos das paredes e teto, o que amorteceu sua queda.

Muita luz enchia o local, o sol entrava por frestas, buracos e janelas que encontrava. Era uma linda visão da liberdade! Mia se arrastou como pode até se encostar em uma parede. O local estava totalmente destruído, escombros por todos os lados. Aparentemente parecia seguro, mas precisava sair dali.

Mas antes tinha que estancar o sangramento de suas costas. Rasgou um pedaço da manga de sua blusa levou a mão tremula ao ferimento que tinha uns dez centímetros e o pressionou. Encostada a parede fechou os olhos, esperando que a dor se fosse.

Quando abriu os olhos, os raios de sol que vinha das janelas e buracos haviam mudado muito sua posição, pelo que ela observou. Havia dormido ou desmaiado por um longo tempo. Levou a mão ao tecido que colocou no corte para estancá-lo e estava seco. Tentou retirá-lo mas desistiu, pois grudara no local.

Aproveitou que de onde estava dava para ver todo o local e o observou com cuidado. Três janelas destruídas, e muito escombros ficavam a sua direita. A sua frente havia uma porta corta fogo. Vários móveis e pedaços de móveis, enchiam o local, provavelmente era um depósito. Levantou-se devagar, pois estava fraca, provavelmente pela perda de sangue e também de fraqueza. Saiu antes de pegar o seu pão e água, tanta era a ânsia de fugir.

Devagar, foi até a porta e tentou abri-la. Estava emperrada! Como abria para fora , supôs que algo a prendia do outro lado, pois estava destrancada.

Caminhou por toda a extensão da sala que pode e voltou até o duto que tinha entrado. Levantou as placas que havia caído em cima e observou que os canos desciam pelo concreto, o duto terminava ali. Enquanto observava pisou em algo que lhe chamou a atenção, abaixou-se lentamente pois sua cabeça ainda rodava. Afastou os entulhos e descobriu a tampa de metal, trancada com um cadeado.

Puxou o cadeado, mas não cedeu, então pegou entre os destroços das janelas uma barra de ferro que provavelmente fazia parte das grandes de uma delas.

Colocou a barra no gancho do cadeado e apoiou a ponta do ferro ao chão, usando- o como alavanca. Empregando todo o peso de seu corpo para fazer força ouviu com alegria o clique do cadeado sendo aberto.

Imediatamente o tirou. Abriu devagar a pequena tampa. Não queria ser surpreendida em sua fuga. Se tivesse algum devastador lá dentro tudo estaria perdido. O fosso a princípio parecia escuro, mas aos poucos acostumou-se com a pouca luminosidade e pode o ver direito por dentro. Uma escada de metal fundida na parede que tinha não mais de três metros e meio de altura. Lá no fundo observou um pouco de luminosidade. Parecia deserto! Respirou fundo, não pensou duas vezes e começou a descida.

Foi bem difícil suportar seu peso na descida, tentou fechar a tampa, mas não conseguiu, ela precisaria de uma força que não tinha. Então dedicou-a somente na fuga.

Cada degrau era uma vitória! Por fim foi entrelaçando os braços no metal, já que suas mãos não aguentavam e lentamente chegou ao fim. Quando colocou o pé no chão, respirou aliviada. Encostou na parede tomou ar e descansou um pouco

A escada ficava em um pequeno corredor. Depois de descansar um pouco. Caminhou com as pernas bambas de medo e cansaço, até o fim dele. Espiou colocando somente a cabeça lentamente para observar o que tinha depois. Uma grande galeria de esgoto foi o que seus olhos viram. Também viu que não havia ninguém ali e saiu de trás da parede.

De um lado a galeria se estendia cidade adentro, era escuro. E do outro pode-se ver luz quinhentos metros à frente.

—Liberdade! — sorriu!

A esperança tomou conta dela. Caminhou com as forças que tinha pelo pequeno passeio que havia dos dois lados da galeria. Um pequeno rego de água mau cheirosa corria no centro dela. Alguns ratos passeavam tranquilamente por lá.

Não conseguia ver o fim do túnel pois tinha uma pequena curva, por isso caminhou com cautela. Se escorava na parede mais para se apoiar do que se proteger.

Alcançou o fim da curva e mais uma vez usou a cautela de espiar antes de continuar.

Quando colocou a cabeça para observar, viu e sentiu um cano gelado de uma arma apontada bem no meio de sua testa...

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