Jimin sentou-se em sua cama, com os pés enrolados sob o corpo, encarando a parede completamente branca diante de si. O chá que havia feito já estava frio, e ele colocou a caneca na mesa de cabeceira, suspirando. Nem ao menos gostava de chá. Mas sempre parecia ser algo que deveria acompanhar momentos de introspecção e serenidade profunda.
Que pena não ter feito progresso com a primeira, e falhado completamente em alcançar a segunda.
Pegou o controle remoto, ligando a televisão e colocando em um noticiário. O homem que falava sobre a previsão do tempo apontava para uma tela enquanto sua voz retumbava. Mais neve. Mais frio. Que surpresa.
Pensou em Jk lá no meio do nada, com neve acumulada até as janelas de sua pequena cabana enquanto estava sozinho lá dentro. Sentia-se solitário? Claro que se sentia, não era? Era um ser humano sem ninguém em sua vida. Jimin também se sentia solitário, isso podia admitir. Mas, pelo menos, tinha amigos, comunidade, livros, um celular, uma televisão para quebrar o silêncio quando precisava da ilusão de uma companhia.
Será que havia sido por isso que ele pegara a revista? Para ter algo para fazer nessas noites solitárias no meio da floresta? Estremeceu, apesar de estar aquecido e confortável, enrolado em um cobertor em sua cama. Somente pensar no isolamento tão profundo que ele devia sentir o aterrorizou.
Porque Jimin compreendia.
Não no nível que Jk devia compreender ― como poderia? Mas não se lembrava de algum momento em que não tivesse sofrido solidão, a sensação de que estava à deriva, sempre tentando desesperadamente agarrar-se a alguma coisa ― qualquer coisa ― que pudesse acordá-lo. Sempre tentando, sem sucesso, recapturar o que lhe havia sido arrancado tão de repente e inexplicavelmente. Conforto. Lar. Amor. Agora... ele havia encontrado o carro, poderia enterrar seus pais, e ainda assim, sentia-se tão vazio quanto antes. Tão perdido quanto antes. Sozinho. Porque o que realmente vinha tentando reivindicar não seria encontrado nos lugares em que procurava.
Será que Jk compartilhava desses mesmos sentimentos de solidão? Também havia sido abandonado. Deixado sozinho para se virar de maneiras que Jimin provavelmente nem poderia imaginar.
E a solidão nem era a pior parte ― embora somente aquilo parecesse, bem, catastrófico. Como ele iria sobreviver sem meios para caçar, já que seu arco e flechas haviam sido apreendidos pelo xerife? Pensou sobre a faca de caça que ele carregava presa na coxa, que Jk dissera que usaria para obter o jantar. Jimin ficou sem fala pelo choque no momento, e até agora, ainda estava desconcertado. O que ele ia fazer? Atacar um animal e então cortar sua garganta, tirar sua pele, desossá-lo e...
Apertou o cobertor com mais força em volta de si, percebendo que estava se encolhendo de tensão, e permitiu que seus músculos relaxassem. Não era leigo em relação a caças, mas ninguém que conhecia iria querer se envolver em matar um animal da maneira que uma faca de caça fazia.
Pensando nisso, o que Jk ia fazer agora já que não tinha uma boa arma para caça e nenhum contato com o mundo, já que Isaac Driscoll havia sido assassinado? Disse a ele que conseguira sobreviver antes de conhecer Driscoll, e sobreviveria agora. E aquilo devia ser verdade. Mas e se Jk precisasse de alguma coisa? E se ele se machucasse ou ficasse doente? Podia estar isolado antes, mas agora... agora não tinha mais meios.
O que devo fazer?
Bom, você poderia amaldiçoar Deus, eu acho. Geralmente, essa é a minha melhor solução. Fazer isso bem alto, com muita fúria.
Funciona?
Não muito. Só me faz sentir muito pequeno e inútil.
Uma formiga que amaldiçoa Deus do alto de uma folha de grama.
YOU ARE READING
Selvagem - Versão Jikook
Romance|| CONCLUÍDA ||√ Quando o guia florestal Park Jimin é convocado ao escritório do xerife da pequena cidade em Helena Springs, Montana, para prestar assistência em um caso, fica chocado ao descobrir que o único suspeito na investigação de um duplo hom...