Onde ele está? O coração de Jungkook saltava de nervosismo enquanto olhava pela janela pela centésima vez, esperando ver a caminhonete entrando pelo portão, mas o portão ainda estava fechado.
Desceu as escadas e seguiu para a antessala, onde Nigel apareceu, como Jungkook esperava que fosse acontecer, embora ainda não conseguisse entender como ele fazia isso. Jungkook diria que ele era como um lobo e podia sentir o cheiro das pessoas quando se aproximavam, mas o homem não tinha jeito de lobo. Definitivamente tinha o jeito de algo mais furtivo.
— Perdi alguma ligação?
Ele limpou a garganta.
— Não, senhor. Não nos últimos vinte minutos.
Estreitou os olhos, sentindo que o homem estava usando... sarcasmo. Havia aprendido aquela palavra hoje em um de seus livros, aprendido o significado. Mas seus livros não explicaram que algumas pessoas usavam sarcasmo para fazer outras pessoas se sentirem mal consigo mesmas. Furtivo.
Ele se aproximou um pouco, franzindo o nariz. Também tinha cheiro de furtivo. Oleoso.
— Como você vê as pessoas antes de elas chegarem a um cômodo?
Nigel ergueu o nariz como se estivesse sentindo o cheiro de alguma coisa, mas não inspirou.
— Pelas câmeras, senhor.
Câmeras. O coração de Jungkook afundou.
— Câmeras?
— Sim, senhor. Há câmeras nos cômodos para que os funcionários saibam onde a família possa estar precisando de algum serviço.
Jungkook começou a ouvir um zumbido, como os das cigarras ― aprendera o nome dos insetos que zumbiam e cantavam nas árvores, preenchendo a floresta com seu barulho, mas somente a cada dezessete anos. Elas só haviam feito isso uma vez, mas Jungkook se lembrava delas ― a floresta inteira vibrara com o acasalamento.
Jungkook deu as costas para Nigel, seguindo para a biblioteca, olhando para cima vez ou outra, tentando avistar as câmeras.
Estava sendo observado. De novo.
Fechou a porta após entrar, encostando-se nela por um minuto, como se lutasse para recuperar o fôlego. Ele se sentiu... não sabia a palavra. Ainda tinham tantas palavras que não sabia. Caminhou até a mesa, pegou o dicionário e o folheou, como se pudesse se deparar, de repente, com a palavra certa que representaria como estava se sentindo.
A porta se abriu. Sentiu o cheiro dela antes de vê-la. A mulher dos pássaros. Ela sorriu e fechou a porta atrás de si.
— Jungkook — ronronou. Estava sempre ronronando, como um gato. Mas gatos odiavam pássaros. Talvez fosse por isso que ela gostasse de ouvi-los chorar. Aproximou-se dele, e Jungkook quis recuar, mas manteve-se firme, ouvindo os zumbidos de cigarras aumentando em seus ouvidos novamente.
Ela arrastou as garras de pássaro pelo peito dele, lambendo os lábios e fitando-o.
— Ah, as coisas que eu poderia te ensinar, Jungkook. — Desfez o primeiro botão de sua blusa, depois o segundo.
Entendeu o que ela queria. Ia ficar nua, como a mulher ruiva, e oferecer seu corpo a Jungkook, embora não tenha feito nada para tentar merecer. Afastou-se, e a mão dela caiu de seu peito.
— Eu tenho um homem.
Riu, mas não foi uma risada. Estava mais para o som que um coiote fazia antes de atacar alguma coisa. Ela estalou a língua e tornou a se aproximar dele.
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Selvagem - Versão Jikook
Любовные романы|| CONCLUÍDA ||√ Quando o guia florestal Park Jimin é convocado ao escritório do xerife da pequena cidade em Helena Springs, Montana, para prestar assistência em um caso, fica chocado ao descobrir que o único suspeito na investigação de um duplo hom...