— Olá? Jimin? — Laurie empurrou a porta que já estava levemente entreaberta quando ela chegou ao apartamento de Jimin. Entrou devagar, com cuidado, sentindo a preocupação percorrer sua espinha. — Jimin? — chamou novamente. — É Laurie Gallagher.
O pequeno estúdio estava limpo e arrumado, a cama, feita e os sapatos, alinhados perto da porta. Apesar da preocupação que Laurie sentiu ao encontrar a porta aberta e a casa vazia, sorriu diante do óbvio esforço que Jimin tinha feito para transformar seu pequeno apartamento em um lar. Era fofo, adorável e discreto, assim como o garoto com quem Laurie sentiu uma conexão imediata.
Entrou na cozinha minúscula, colocando a sacola de compras sobre a bancada junto com o bolo de banana caseiro. Quem tem tempo para fazer compras ou cozinhar? pensara, quando se estava lidando com algo tão transformador como Jungkook estava. E, por consequência, Jimin também. Sabia que Jimin o amava, e que as lutas dele seriam deles também. Jungkook ficaria na delegacia por algumas horas, então ela comprou algumas coisas no mercado para eles e foi entregar. Quando ficou sabendo sobre o poço de mina, sobre as coisas impensáveis que foram encontradas lá... precisou fazer alguma coisa. E acima de tudo, queria que eles soubessem que não estavam sozinhos.
Tirou as compras da sacola, sua preocupação aumentando quando não ouviu Jimin voltar para casa. Será que tinha ido falar com algum vizinho, talvez? Ou ido a um lugar próximo sem se dar ao trabalho de se certificar de que sua porta estava adequadamente trancada?
— Você está sendo intrometida, Laurie — repreendeu-se. Talvez fosse seu lado materno, que havia amado e perdido e sempre tiraria as piores conclusões precipitadas quando se tratava de pessoas com as quais ela se importava.
Havia um bloco de papéis na beira da bancada, e ela se aproximou, com a intenção de deixar um recado sobre a comida. Mas já havia um bilhete escrito no topo. Leu a primeira linha, sua preocupação aumentando ao pegá-lo, lendo rapidamente.
Dobrou o bilhete lentamente, colocando-o no bolso antes de sair apressada do apartamento de Jimin.
Quarenta e cinco minutos depois, estava estacionando em frente à sua casa, e vinte segundos depois disso, entrou correndo.
— Mark? — gritou, jogando sua bolsa e as chaves na mesa ao lado da porta. — Mark?
— Oi — ele disse, surgindo da cozinha. — O que houve?
— Eu estava tentando te ligar — falou quando ele se aproximou.
— Desculpe. Eu estava no hospital. Halston Jeon teve um ataque cardíaco. Droga, devo ter esquecido de ligar meu celular.
Laurie parou, arregalando os olhos.
— Halston Jeon teve um ataque cardíaco? Ai, meu Deus. — Sacudiu a cabeça, incrédula. Isso podia esperar um pouco. Tirou o bilhete do bolso e o entregou para Mark. — Isso estava no apartamento de Jimin. Ele o deixou para Jungkook. Não... não faz sentido. — Pausou. — Faz?
Mark leu rapidamente, franzindo a testa.
— Matou Driscoll? Amity Falls? Eles... vão fugir juntos?
— Você falou mais cedo com Jungkook. Isso faz algum sentido? — O coração dela estava acelerado.
Será que apenas queria que não fizesse sentido? Seriam apenas suas próprias emoções delicadas tentando insistir em dizer que duas pessoas às quais ela havia se apegado não iriam simplesmente embora?
Mark sacudiu a cabeça.
— Não. Eu peguei o depoimento completo dele sobre a morte de Driscoll mais cedo. — Franziu as sobrancelhas, como se estivesse ponderando se Jungkook havia mentido, de alguma forma. Mas logo suavizou a expressão. — Não. Mas Jimin não está atendendo ao celular, então não sei onde ele está. Talvez ele tenha se sentido... não sei, responsável pelo ataque cardíaco do avô? Aparentemente, ele o encontrou e alertou a família. Mas isto? — Ergueu o bilhete. — Não. E o quê? Conseguiu uma carona até a cachoeira? — Olhou para o lado, pressionando os lábios. — Aquele homem poderia ter ido até lá correndo, se quisesse.
Laurie o encarou por um momento.
— Estou com um mau pressentimento, Mark.
Os dois ficaram ali parados por um instante, tantas coisas flutuando entre eles. A lembrança do momento em que Laurie mencionou sua preocupação com os hematomas que surgiam em Abbi ― hematomas que eram justificáveis pelos esportes nos quais ela estava envolvida, mas que seus instintos maternais pediram que fosse a uma consulta no médico. O diagnóstico. A briga. A pior perda de todas. O luto inimaginável. Eles se afastando aos poucos...
Contudo, Mark sempre ouvia a intuição dela. Nunca a fizera sentir boba ou irracional.
— Você precisa ir até lá. Até a cachoeira. Eles precisam de você — ela disse.
Ele a olhou com atenção por mais um instante, assentindo.
— Vou pegar o meu casaco.
Alcançou as chaves dele enquanto seu marido vestia o casaco e calçava as botas.
— Eles são guerreiros — declarou, mais para acalmar a si mesma, para convencer a si mesma de que estavam bem.
Mark abriu a porta, hesitando. Virou para ela, fechou a distância entre eles e segurou seus braços com firmeza.
— A nossa garota era uma guerreira, assim como você, Laurie. Ela lutou até o fim. Ela ia querer que lutássemos também. Nós paramos de lutar. Por nós. Precisamos começar de novo. Eu não vou perder você.
A voz dele estava tão cheia de emoção que um bolo se formou no peito de Laurie, tão grande que não conseguia respirar. Uma alegria faiscou dentro dela. Sentiu a vida deles reascendendo.
Laurie assentiu, com lágrimas deslizando por suas bochechas.
— Volte para mim — ela engasgou. — E traga aqueles dois com você.
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Selvagem - Versão Jikook
Romansa|| CONCLUÍDA ||√ Quando o guia florestal Park Jimin é convocado ao escritório do xerife da pequena cidade em Helena Springs, Montana, para prestar assistência em um caso, fica chocado ao descobrir que o único suspeito na investigação de um duplo hom...