Epílogo

65 7 1
                                    


O fogo crepitava e sombras dançavam nas paredes da biblioteca. Jungkook sorriu, saindo de seu torpor quando o cheiro do homem que amava chegou ao seu nariz.

— Olá, esposo.

Jimin riu suavemente, dando a volta na poltrona e sentando-se no colo dele.

— Será que algum dia eu conseguirei chegar de fininho atrás de você? —perguntou, envolvendo seu pescoço com os braços e roçando a bochecha em sua mandíbula coberta por uma barba por fazer.

Jungkook sorriu e expirou pela boca, apreciando o carinho dele.

— Talvez. — Esperava que seu olfato aguçado se tornasse... menos, assim que estivesse vivendo na civilização há tempo suficiente, agora que não dependia mais de seus sentidos sagazes para sua sobrevivência.

— Humm — Jimin murmurou, beijando-o suavemente.

Ele passou a mão sobre a pequena protuberância de sua barriga, o filho deles guardado na segurança de seu corpo. Pelos próximos cinco meses, pelo menos. A partir de então, seria sua função proteger os dois. Garantir que fossem alimentados e aquecidos e que seus corações estivessem cheios. Jungkook dava bastante valor a essa terceira parte, depois de uma vida inteira sendo capaz de atender somente às necessidades físicas. E muitas vezes, nem mesmo essas. Um arrepio de gratidão o percorreu. Minha família. As duas palavras ainda faziam sua respiração ficar presa, de tão feliz.

Maravilhado.

Ele e Jimin se casaram seis meses depois de terem sobrevivido após pularem a cachoeira Amity Falls. Ninguém foi capaz de convencê-lo de que havia algum motivo para esperar, porém, o agente ― Mark ― Gallagher sentou-se com Jungkook e teve uma conversa "de homem para homem" sobre a "prudência da paciência" e a "sabedoria da espera". Respeitava Mark, mas queria colocar um anel no dedo de Jimin. Seu anel, e isso era tudo. Queria que todos soubessem que Jimin era dele e ele era seu. Assim que descobriu que era isso que as pessoas faziam quando estavam apaixonadas e queriam que o mundo soubesse, pediu Jimin em casamento imediatamente. E ele disse sim. Ficou muito feliz por ele também não concordar que era prudente ou sábio esperar. Eles se casaram no quintal dos Gallagher sob um pôr do sol de verão, cercados por seus novos e velhos amigos. Jungkook pensava neles como sua matilha, e não se negou isso. O sentimento. A maneira como o fazia se sentir conectado. Talvez seus sentidos ficassem menos aguçados, talvez não, mas uma parte dele sempre seria selvagem ― o menino que cresceu ao lado de um lobo que amou como um irmão ―, e negar isso seria negar Pup. Negar tudo o que o trouxe para a vida que Jungkook agora vivia. A vida que amava com todo o seu coração.

O bebê foi inesperado, mas desde que ambos se acostumaram com a ideia, não conseguiam parar de sorrir por isso. Deitavam na cama à noite e simplesmente conversavam por horas sobre como ele ou ela seria, as coisas que queriam ensinar a seu filho ou filha, o milagre da vida que criaram depois de ambos enganarem a morte mais de uma vez. E aquele pequeno milagre fez Jungkook querer aprender tudo o que pudesse sobre como ser um bom pai. Um bom líder de matilha. Mark e Laurie iriam ajudá-los. Jungkook e Jimin já tinham perguntado se eles poderiam atuar como avós do bebê, e Laurie chorou, enquanto Mark fingiu que tinha algo no olho.

Jungkook entrara em contato com Almina Kavazović ― em quem ainda pensava como sua Baka ― apenas alguns meses antes e, embora Jungkook não tivesse certeza do que o futuro reservava para o relacionamento deles, precisava dizer a ela que perdoava, e que sua baka esteve com ele durante tantos momentos de luta e solidão. Ela tinha sido sua força, o lembrete de que era forte. Jungkook sentiu a mãe de Jimin ― seu padre, seu Abade Busoni ― sorrindo para ele enquanto dizia isso.

Selvagem - Versão JikookWhere stories live. Discover now