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🖇️ | Boa leitura!

Eu achei que morreria virgem

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Eu achei que morreria virgem.

Toda vez que eu pensava na possibilidade de ter esse tipo de intimidade com alguém, um calafrio subia pela minha espinha. Achei que nunca seria capaz de encontrar alguém que pudesse me deixar confortável com essa ideia.

Até conhecê-la.

Any é a segunda amiga que eu faço desde o acidente. E acho que o único motivo de eu tê-la deixado se aproximar é o fato de que ela se esforça para se fazer presente. É óbvio que no início eu a tratei como tratava todo mundo, tentando repelir qualquer tipo de aproximação ou gentileza. Mas ela rebateu, ela continuou perto, ela se espremeu pela estreita entrada da minha vida e firmou sua presença aqui. Acho que nunca gostei de ninguém como gosto dela, porque ela é a única que me faz ter vontade de viver como se esse mundo importasse.

Meu olhar está fixo nos pés descalços dela.  Any está sentada numa cadeira do outro lado da sala, as pernas cruzadas e o pé suspenso balançando devagar. Ela está o meu exato oposto, sua pose é despreocupada, ela olha para mim com paciência e sua energia parece mais leve do que uma pena. Queria ter esse poder de não me importar muito com a possibilidade do que vai acontecer.

Subo meus olhos por suas pernas nuas, o vestido preto florido caindo em seu colo até os joelhos com leveza. Parece um vestido perfeito para a primavera que se aproxima, mas também perfeito para ser tirado rapidamente. Será que foi por isso que ela o vestiu? Geralmente, eu só a vejo usando calças, shorts e vestidos colados. E nada nunca é tão delicado quanto esta peça de alcinhas que não esconde nenhum pouco o fato de que ela está sem sutiã. Os mamilos marcam o tecido fino, deslizando por baixo da roupa cada vez que ela respira.

Seus cabelos caem em ondas por seus ombros, parecem despojados, mas com certeza ela arrumou pra parecer assim. Parece que ela se vestiu com um propósito. Já eu, não pensei muito nas minhas roupas e coloquei mais uma das minhas camisetas com piadinhas geek.

— Pronto? — ela pergunta depois desse longo tempo em que ficamos em silêncio.

Faz uma semana desde a venda de garagem dos motoqueiros, quando eu aceitei que ela me ensinasse a fazer sexo na prática. Desde aquele dia, eu mudei de opinião algumas vezes, ora me arrependendo, ora dizendo a mim mesmo que foi uma boa ideia. E agora estamos na sala dela prestes a dar um primeiro passo. Ela me disse que queria me apresentar as coisas devagar, uma maneira de dessensibilizar as minhas inseguranças e me fazer ficar realmente confortável quando finalmente fizermos sexo.

— Acho que sim. — respondo.

— Você já viu uma mulher nua?

— É óbvio.

— Na sua frente, não num filme ou num livro de biologia.

— Ah. — ergo um pouco as sobrancelhas. — Quando a minha tia avó começou a ter demência, às vezes ela andava pelada pela casa. Não era nada agradável.

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