Capítulo 13: Laços do Passado

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Estava alguns minutos encarando a cabana na qual Daenerys entrara, escondido nas sombras junto com Sor Barristan. Seus sentimentos estavam em conflito, divididos entre a lealdade cega e o impulso de agir. A responsabilidade de obedecer a ordem dela lutava contra seu instinto protetor.

Enquanto ponderava, sentia o olhar sobre ele, como se o velho cavaleiro pudesse enxergar o fogo e a agitação dentro de sua alma. Daemon era hábil em seguir ordens, especialmente as de uma rainha que ele respeitava e admirava. Contudo, seu temperamento impulsivo e sua natureza rebelde frequentemente o levavam a quebrar regras quando julgava necessário.

Na sua juventude, havia sido tanto venerado quanto temido. Para alguns, era o herói destemido, o guerreiro indomável que lutava com a força de um dragão. Para outros, ele era um monstro, um inimigo implacável que destruía tudo em seu caminho. Ambos estavam certos, pois  se mostrava conforme a situação exigia: às vezes, a melhor arma de um reino; outras vezes, sua pior ameaça.

Sua mente fervilhava com imagens de Daenerys, imaginando o que ela estaria enfrentando lá dentro. As visões que surgiam não eram reconfortantes. Ele via nela uma rainha destemida, mas também uma mulher em perigo, cercada por homens que não hesitariam em machucá-la.

O dilema queimava dentro dele. O desejo de proteger-la era tão intenso quanto o fogo dos dragões que ele tanto admirava. Finalmente, decidiu que não poderia simplesmente esperar. Estava disposto a sofrer as consequências, a enfrentar qualquer punição, mas não podia ignorar o perigo que ela enfrentava sozinha.

Sor Barristan percebeu a determinação nos olhos de Daemon. "Você vai mesmo desobedecê-la?" perguntou, a voz grave e resignada.

Olhou para o cavaleiro, sua expressão resoluta. "Ela pode me perdoar por desobedecer," disse ele, a voz firme. "Mas eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a ela enquanto eu ficava aqui, fazendo nada."

Sor Barristan suspirou, conhecendo bem o temperamento de Daemon. "Então vá," disse ele, finalmente. "Mas esteja preparado para lidar com as consequências, tanto das ações deles quanto da ira dela."

Daemon assentiu, decidido. "Sempre estou," respondeu, e sem mais hesitação, moveu-se rapidamente em direção à tenda.

Antes que  pudesse dar um passo, viu chamas emergirem da tenda, o fogo ganhando vida própria e consumindo tudo ao seu redor. A visão o deixou confuso e preocupado, pois ela ainda estava lá dentro. A possibilidade dela se queimar o assombrou, até que sua mente o lembrou de uma conversa que tiveram sobre o surgimento dos dragões e a menção dela ser a Não Queimada.

Ele nunca imaginou que isso poderia ser literal, mas uma esperança surgiu dentro dele. Enquanto permanecia focado no local pegando fogo, percebeu que mais membros da tribo se reuniam, olhando o incêndio com confusão e medo. Daemon voltou a atenção para a entrada da tenda, e então a viu.

Daenerys emergia das chamas, nua e sem uma única marca de queimadura. O fogo parecia uma extensão dela, moldando-se à sua vontade. Daemon ficou impressionado, quase incrédulo com a visão. A luz das chamas destacava cada linha de seu corpo, cada detalhe de sua pele intacta. Era uma visão poderosa, quase divina, que reafirmava sua convicção de que ela era a chave para restaurar a glória da casa Targaryen.

Seus olhares se encontraram, e sentiu uma conexão profunda e inabalável. Ele deu alguns passos à frente, os olhos fixos nela, antes de finalmente se ajoelhar perante a rainha. Pelo canto do olho, viu os outros Dothraki fazerem o mesmo, curvando-se diante dela.

Daemon percebeu, com sua percepção afiada, que esse era o plano dela desde o início. Daenerys conquistava onde passava, e com os Dothraki não seria diferente. Eles respeitavam o poder, e ela era a personificação do poder. Ao vê-la emergir das chamas, ele compreendeu que ela havia conseguido mais uma vez.

Entrelaçados em fogo e sangue: a união de Daemon e Daenerys Onde histórias criam vida. Descubra agora