Capítulo 05: Desejos Secretos

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Alastor se despediu de Lúcifer na emissora com um sorriso enigmático nos lábios enquanto via o jovem britânico seguir seu caminho junto de Stolas. Ele retornou ao estúdio para apresentar seu programa, mas a concentração não vinha facilmente. Durante toda a transmissão, a imagem de Lúcifer dançava em sua mente, perturbando-o de uma maneira que ele não compreendia completamente.

A voz do radialista soava cativante no ar, mas internamente ele estava distraído, com seus pensamentos continuamente voltando ao encontro com Lúcifer. Quando o programa finalmente chegou ao fim, Alastor sentiu uma onda de alívio, mas a inquietação persistia.

De volta ao seu apartamento, Alastor sentiu um vazio que há muito tempo não o incomodava. A sensação de solidão era esmagadora, uma lembrança de tempos passados que ele preferia manter enterrada. Ele percorreu os cômodos silenciosos, tentando encontrar algum consolo no familiar ambiente escuro e elegante que costumava lhe trazer paz.

Ele tentou distrair a mente com atividades que costumavam ser eficazes. Pegou um livro de poesia clássica, suas mãos percorrendo as páginas amareladas, mas as palavras não faziam sentido. Ligou o gramofone, deixando que a música antiga e melancólica preenchesse o espaço, mas a melodia apenas intensificava sua solidão. Nem mesmo as ocupações triviais conseguiam dissipar o vazio que sentia.

A inquietação não o abandonava, e Alastor se pegou olhando fixamente para o relógio na parede, ponderando se deveria ir atrás de Lúcifer. Cada vez mais, a necessidade de estar na presença do jovem britânico crescia, como uma chama impossível de apagar. Ele tentou se convencer de que isso era um capricho passageiro, mas a urgência dentro de si o empurrava para agir.

Finalmente, tomou uma decisão. Dirigiu-se ao banheiro e tomou um banho para se sentir renovado. A água quente correu pelo seu corpo, lavando não só a sujeira física, mas também tentando limpar a confusão em sua mente. Ele aplicou um perfume sutil, de notas amadeiradas e cítricas, que exalava um aroma sedutor.

Após o banho, Alastor pegou seu terno mais elegante, ajeitou a gravata borboleta e passou um pente pelos cabelos com cuidado. Ainda insatisfeito, ele se olhou no espelho, ajustando os últimos detalhes de sua aparência. Com um último olhar para o reflexo, ele limpou cuidadosamente as lentes dos óculos, garantindo que não houvesse manchas ou poeira que pudessem comprometer sua visão. Satisfeito com sua aparência impecável, sentiu-se pronto para encontrar Lúcifer.

Saindo do apartamento, Alastor se dirigiu à garagem do prédio e entrou em seu elegante Packard. O motor ronronou suavemente quando ele deu a partida, e ele dirigiu pelas ruas da cidade com determinação. A mente girava com pensamentos e sentimentos conflitantes enquanto ele tentava antecipar o que encontraria no hotel. O som suave do motor e a paisagem noturna desfilando ao seu redor não conseguiam acalmar a tempestade interna.

Quando chegou ao hotel, o concierge o reconheceu imediatamente, um sinal da reputação que Alastor mantinha na cidade. Ele deixou o carro com o manobrista e subiu até o quarto do britânico ⎯ número 416. Recordava-se com clareza. Cada passo que dava pelo corredor do hotel reforçava sua decisão, embora ele ainda não soubesse exatamente o que faria.

Alastor parou em frente à porta do quarto de Lúcifer e bateu com firmeza. O silêncio que se seguiu pareceu se estender por uma eternidade até que ele ouviu uma voz apática do outro lado.

"Já vou!" ele ouviu, lá de dentro do quarto. A resposta do britânico, no entanto, desprovida de qualquer emoção, aumentou ainda mais sua expectativa.

Finalmente, a porta se abriu lentamente, revelando o loiro em um estado devastador. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar, a camisa amarrotada e os cabelos desgrenhados. A visão do jovem tão vulnerável tocou algo profundo em Alastor.

Sussurros na Escuridão | RadioAppleOnde histórias criam vida. Descubra agora