Capítulo 04: Encontros Noturnos

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Lúcifer sentia-se envolvido por um turbilhão de emoções enquanto o barulho do bar, a música e as conversas se misturavam ao som de seus próprios pensamentos. Ele tomava goles mais generosos de whiskey, sentindo o líquido quente descendo por sua garganta e relaxando seu corpo cada vez mais.

Alastor, sempre atento, notava o comportamento de Lúcifer e sorria de maneira afável, mas com um toque de preocupação disfarçada. Ele também bebia, mas de forma mais moderada, observando o novo "brinquedinho" ⎯ como Rosie havia apelidado ⎯ se soltar. As risadas de Lúcifer tornavam-se mais altas e frequentes, suas palavras mais soltas, e seus movimentos mais descoordenados. Alastor, por sua vez, estava mais interessado em observar do que em participar ativamente da bebedeira. Cada reação, cada risada descoordenada de Lúcifer era registrada em sua mente analítica, que gostava de entender suas presas antes de praticar qualquer ato cruel.

Finalmente, após mais alguns copos, Lúcifer estava visivelmente embriagado. Seus olhos, antes brilhantes de curiosidade, agora estavam vidrados e um pouco perdidos. Ele cambaleou ao tentar se levantar, derramando um pouco da bebida no chão.

⎯ Acho que você já teve o suficiente por esta noite, meu caro. ⎯ Alastor disse, se levantando e segurando Lúcifer pelo braço para evitar que ele caísse.

⎯ Eu... eu estou bem! ⎯ Lúcifer protestou, rindo e tentando se equilibrar. Mas era evidente que ele não conseguia ficar em pé sem ajuda.

Alastor, apático, observava o estado lamentável de Lúcifer com uma mistura de curiosidade e uma estranha sensação de responsabilidade que ele não conseguia explicar. Ele gostava de entender melhor suas presas, mas o que estava sentindo agora parecia ir além disso. Talvez fosse simplesmente a necessidade de manter a aparência de um bom samaritano ou, quem sabe, algo mais que ele não estava disposto a admitir.

⎯ Oh, mas é claro que está, querido. ⎯ disse Alastor, o sarcasmo evidente em sua voz. ⎯ Acho que é hora de irmos, não acha? Eu te levo até o local onde está hospedado. ⎯ sugeriu o radialista, sua voz suave, mas com um tom de comando.

⎯ Não preciso da sua ajuda, sabe? ⎯ retrucou o britânico, emburrado, tentando se levantar sozinho e quase caindo no processo. ⎯ Posso cuidar de mim mesmo.

Alastor soltou uma risada leve, claramente sarcástica. Seu cenho franzido enquanto um sorriso incômodo permanecia intacto em seus lábios.

⎯ Ah, claro que pode. Está se saindo maravilhosamente bem até agora.

Lúcifer lançou um olhar zangado para ele, mas a expressão logo se desfez em um riso frouxo e bêbado.

⎯ Você é um idiota, sabia? Um... Um idiota charmoso.

⎯ E você, meu querido, é um bêbado adorável. ⎯ respondeu Alastor, colocando o braço de Lúcifer ao redor de seus ombros e o ajudando a andar. ⎯ Vamos, antes que acabe desmaiando aqui mesmo.

Lúcifer, embriagado e descoordenado, praticamente se jogava sobre Alastor, rindo sem controle. O peso do rapaz fazia com que Alastor precisasse de toda sua força para mantê-lo em pé. Cada passo era um desafio, com Lúcifer tropeçando e quase derrubando ambos várias vezes.

⎯ Você sabe que está sendo um pouco dramático, não é? ⎯ comentou Alastor, sua voz carregada de sarcasmo, enquanto tentava manter o equilíbrio.

Lúcifer parou por um momento, sua expressão suavizando em um misto de tristeza e nostalgia.

⎯ Minha ex costumava dizer isso...

Alastor percebeu a mudança no tom de Lúcifer e sentiu uma pontada de desconforto.

⎯ Bem, talvez ela estivesse certa. ⎯ respondeu com um sorriso irônico, sem perceber o impacto de suas palavras.

Sussurros na Escuridão | RadioAppleOnde histórias criam vida. Descubra agora