Sussurros na Escuridão | RadioApple

Capítulo 13: Refúgio

Alastor chegou ao apartamento na tarde ensolarada, a chave girando suavemente na fechadura. Assim que abriu a porta, foi recebido por um silêncio incomum, que pairava no ar como um manto pesado. A luz do sol dourava os móveis meticulosamente arrumados, criando contrastes suaves de sombra e luz que dançavam pelo ambiente. Cortinas de linho branco balançavam suavemente ao vento, permitindo que os raios solares se filtrassem, lançando padrões de luz dourada sobre o carpete macio.

O aroma suave de incenso, uma mistura de sândalo e lavanda, flutuava no ar, envolvendo o apartamento em uma aura serena. Alastor fechou a porta com cuidado, seus passos ecoando no chão de madeira polida enquanto ele caminhava pela sala. Ele colocou sua pasta e chapéu no gancho ao lado da porta, gestos deliberados que contrastavam com a inquietação que crescia dentro dele.

Seus olhos castanhos, profundos e reflexivos, vasculharam o espaço em busca de qualquer sinal de Lúcifer. A luz suave que filtrava pelas cortinas entreabertas criava um cenário quase etéreo, onde os raios solares encontravam caminho para iluminar discretamente os cantos mais sombreados. A sensação de solidão se misturava ao conforto familiar do ambiente que compartilhavam, aumentando a apreensão de Alastor a cada segundo que passava sem encontrar seu companheiro.

Esse ambiente tranquilo, tingido pelos últimos raios de sol do dia, parecia um contraste perfeito com a ansiedade de Alastor. O apartamento, com sua decoração sóbria e elegante, era um reflexo da personalidade meticulosa de Lúcifer, mas agora parecia vazio sem a presença dele. Alastor inspirou profundamente, absorvendo o perfume suave que impregnava o ar, um lembrete constante da pessoa que amava e que estava ausente naquele momento.

A inquietação em seu estômago se intensificou, um nó de preocupação que ele tentava em vão desfazer. O silêncio, agora quase palpável, parecia envolver Alastor como um manto, revelando um vazio que ele não sabia como preencher. Respirou fundo, permitindo que o ar fresco da tarde adentrasse o apartamento pela janela entreaberta, trazendo consigo o aroma acolhedor de incenso misturado com notas sutis de café e livros antigos.

Caminhando a passos lentos pelo corredor iluminado pela suave luz da tarde, que se filtrava pelas cortinas entreabertas, Alastor dirigiu-se ao seu quarto com uma mistura de expectativa e apreensão. A porta estava entreaberta, revelando uma leve faixa de luz que escapava pelas frestas. Ele empurrou-a com suavidade, consciente de que qualquer ruído poderia perturbar o frágil equilíbrio que Lúcifer parecia manter ali.

O quarto estava envolto em uma penumbra reconfortante, iluminado apenas pelo abajur ao lado da cama onde Lúcifer repousava. A luz emitia um brilho suave que se espalhava pelo ambiente, lançando sombras tranquilas e acolhedoras nas paredes. O carpete macio absorvia os passos de Alastor, que ecoavam suavemente na quietude do espaço, criando uma sensação de serenidade que contrastava com a agitação interna do radialista.

Alastor podia ver os detalhes familiares que compunham o espaço compartilhado com Lúcifer: uma pilha de livros ao lado da cama, cada um marcado por sua própria história e significado; uma fotografia sua de quando era apenas uma criança em uma moldura de prata na mesinha de cabeceira, capturando um momento de felicidade congelado no tempo; um buquê de flores frescas em um vaso pequeno na janela, adicionando uma nota de cor e fragrância ao ambiente.

Ele se aproximou mais, a preocupação ainda evidente em seu rosto enquanto observava Lúcifer descansar. Cada respiração do amado parecia carregar um peso emocional, uma marca das profundas emoções que ele estava enfrentando. Alastor desejava poder dissipar aquela angústia com um simples toque, oferecer conforto onde palavras não eram suficientes.

Ao fundo, o suave ruído de uma melodia distante flutuava, vindo de outra parte do prédio, um lembrete suave da vida que continuava do lado de fora, mesmo que dentro daquele quarto o tempo parecesse estar suspenso.