Sussurros na Escuridão | RadioApple

Capítulo 10: Resignação

Valentino despertou de seu torpor com um lento retorno à consciência, suas pálpebras pesadas erguendo-se contra uma luz fraca que preenchia a cabana. Cada piscar era uma batalha contra a escuridão, até que seus olhos se ajustaram, revelando as paredes de madeira envelhecidas e o cheiro pungente de mofo que se infiltrava em suas narinas. Uma sensação de claustrofobia apertou seu peito enquanto ele tentava se mover, apenas para descobrir que estava firmemente amarrado a uma cadeira. As cordas ásperas mordiam sua pele nos pulsos e tornozelos, mantendo-o prisioneiro em meio à penumbra sufocante.

Uma dor latejante pulsava em sua cabeça, um eco do golpe que Alastor desferira. Cada batida era um lembrete doloroso de sua vulnerabilidade naquele momento sombrio.

A sombra de uma figura imponente começou a tomar forma diante dele conforme seus olhos se acostumavam à escuridão. Alastor, o arauto do mal, estava ali, sua presença sinistra preenchendo o espaço. Ele permanecia encostado na parede, os braços cruzados com um ar de superioridade, um sorriso sádico esculpido em seus lábios. O brilho perturbador em seus olhos vermelhos irradiava uma promessa de tormento iminente, contrastando de forma arrepiante com a serenidade perturbadora de sua postura.

Uma lâmpada fraca pendurada no teto oscilava suavemente, lançando sombras inquietantes que dançavam pelas paredes e pelo chão, acrescentando uma camada adicional de horror à cena já macabra. O ambiente ao redor parecia pulsar com uma energia sombria, como se o próprio lugar estivesse vivo e conspirando contra Valentino.

Cada detalhe, cada elemento da cena, contribuía para um sentimento de desespero crescente dentro do peito de Valentino. Ele estava preso, indefeso diante do inimigo, e a escuridão ao seu redor parecia engolfá-lo lentamente, ameaçando consumir sua esperança junto com sua liberdade.

Valentino sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir a voz gotejante de ironia de Alastor. Era como se cada palavra fosse um punhal afiado, perfurando sua determinação já frágil.

⎯ Finalmente acordou, Valentino. Estava começando a pensar que você não ia me dar o prazer de sua companhia. ⎯ Alastor falou, sua voz suave como o sussurro da morte.

Valentino tentou reunir suas forças para responder, mas sua garganta estava tão seca quanto o deserto e a dor latejante em sua cabeça dificultava qualquer movimento. Por fim, ele conseguiu articular algumas palavras, sua voz rouca carregada de fúria e medo.

⎯ Alastor, seu desgraçado... O que você quer? ⎯ as palavras saíram como um sussurro áspero, mas o veneno da sua raiva estava presente em cada sílaba.

Um riso suave ecoou na cabana, prenunciando a chegada do mal encarnado. Alastor aproximou-se lentamente, seus passos ressoando no chão de madeira como os batimentos acelerados do coração de Valentino. Cada som parecia amplificar o terror crescente que se agitava dentro dele.

⎯ O que eu quero? ⎯ Alastor repetiu, sua voz carregada de uma falsa serenidade que contrastava com a ameaça subjacente. ⎯ Ah, Valentino, é tão simples. Eu quero justiça. Quero vingança. E, acima de tudo, quero ver você sofrer. Você passou tempo demais aterrorizando pessoas inocentes, machucando aqueles que não podiam se defender. E agora, chegou a sua vez de sentir o que é ser impotente, de estar à mercê de alguém mais poderoso.

Cada palavra de Alastor era como uma sentença de morte, pendendo sobre Valentino como uma espada de Dâmocles. O ar estava impregnado com a eletricidade do confronto iminente, e o coração de Valentino batia em um ritmo frenético, ecoando os tambores de guerra de sua própria angústia.

Alastor se ajoelhou diante de Valentino, sua presença sinistra dominando o espaço ao redor. Seus olhos brilhavam com uma mistura perturbadora de loucura e satisfação, lançando reflexos dançantes na penumbra da cabana. Lentamente, ele puxou uma pequena faca do bolso, girando-a habilmente entre os dedos enquanto falava, como se estivesse realizando uma dança macabra.