Gravidade

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O frisson da dança das nossas bocas deu lugar a algo mais cadenciado: respirações profundas entre beijos lentos. Provocações discretas. Eu com certeza não teria imaginado futuro mais ousado para mim.

Claro que a insegurança por muitas vezes atrapalhou minhas percepções quando se tratava dele. Estaria eu dando-lhe a mesma satisfação que ele estava me provendo? Naquele instante ele me responderia.

Assim que o pensamento havia passado pela minha cabeça, eu tentei me apartar de seus beijos ao virar o rosto, mas ele continuou me beijando a face, depois a orelha, o pescoço... E lá estava eu novamente sem escapatória. Segurando-lhe a carne enquanto meus olhos rolavam e minha boca entreaberta emitia o som de cada arfada.

-Mais... –Ele sussurrou tomando minha boca mais uma vez.

Eu me senti tão feliz. Tão vivo e tão forte. Como nos vinte e poucos anos.

A memória de uma jovialidade perdida se refez ainda mais enérgica do que antes. Eu o agarrei com firmeza e em alguns poucos movimentos o deitei pelo sofá. Minha empreitada foi recompensada com um sorriso largo, que me fez suar quase que instantaneamente.

Tirei o pulôver que usava e atirei para trás. Mirei para ele em minha frente já me recebendo como seu melhor presente de aniversário, e eu sorri ansioso. Dessa forma me debrucei sobre ele devagar, encaixando meu braço esquerdo sob o direito dele –rente ao encosto do sofá– indo prontamente lhe beijar pelo meio do peito, depois cruzando de um lado a outro, por vezes deslizando os meus lábios e sentindo seu cheiro inebriando minhas narinas. Enfeitiçando-me ainda mais com o seu poder.

Arriscando um atrevimento, minha língua brincou ao redor com um de seus mamilos. Sua primeira reação foi ter os fios do meu cabelo entre os dedos; e assim que meus lábios o chuparam por alí ele gemeu graciosamente com um sorriso sonoro.

Realizado com o feito, eu subi aos beijos até sua boca. Naquele momento o prazer lhe era visível, assim como era sentido dentro das minhas calças. Aquilo estava realmente prestes a acontecer? O que rendeu uma pergunta importante.

-Paul?... –Chamei-o entre um mordiscar de lábio.

-Hm? –Retrucou inebriado.

-Você tem...? –Olhei para as nossas mais do que evidentes ereções.

-Mas que droga! –Ele protestou baixinho, frustrado. –John, eu-

-Shh... Ok, ok. –Depositei um beijinho no canto de sua boca. –Nem tudo está perdido, hm? –Minha mão direita deslizou sorrateira por sua pelve, encontrando caminho até seu membro. –Apenas me ajude, está bem?

-Ok. –Ele sorriu aliviado.

Com cuidado eu o segurei bem ali e passei a lhe tocar devagar. Vi seu corpo relaxar ainda mais com aquele primeiro contato; seus olhos miraram os meus com atenção enquanto nossos rostos permaneciam relativamente próximos. Eu queria assistir cada reação dele, pois seria o meu norte naquela jornada que para mim era inédita.

Acostumando-o com aquele primeiro toque eu avancei mais naquela empreitada: na pressão certa meu polegar e meu indicador deslizaram por sua glande. Imediatamente escutei um arquejar trêmulo deixando sua boca, que antecedeu o beijinho que me daria logo em seguida como prêmio.

-Mais parece que sabe tocar melhor do que eu. –Disse ele com um sorriso malicioso.

-Não faz tanto tempo assim desde que bati uma. –Retribui com a mesma expressão.

Ele não teve tempo para retrucar outra sentença; assim que dei mais velocidade ao toque ele chupou os dentes e moveu o tronco. Eu estava indo no caminho certo graças ao espetáculo que ele me brindava a cada instante.

Por momentos nos mirávamos concentrados, em outros nos beijávamos absortos naquilo, como se não conseguíssemos conter a distância praticamente inexistente entre nós. Era magnético, algo mágico que o mundo inteiro já conhecia há milênios, algo que me fazia sentir quase imortal. O efeito era sempre o mesmo.

Seus pulmões passaram a pedir por mais ar enquanto seus olhos falhavam na tentativa de se manterem abertos. Eles bailavam tomados por uma deliciosa satisfação ao mesmo tempo em que ele tentava não gemer ali de alguma forma. Mas ainda que mordiscando os lábios, entre ofegos, ele se fazia ouvir em alto e bom som.

Percebendo sua tentativa vã, ele deixou que suas arfadas sonoras finalmente tomassem livre passagem. Seus gemidos eram sentidos bem na minha face, e naquele instante eu estava ainda mais duro que ele. Minha respiração também alterou de tal forma que eu parecia acompanhá-lo em cada estágio de prazer.

Quis beijá-lo por tamanha entrega, mas fui pego de surpresa ao senti-lo desabotoar os botões da minha calça quase que desesperadamente. Com um de seus braços contidos pela nossa proximidade no sofá, ele ainda obteve sucesso em conseguir espaço suficiente ali para abrir minha peça e sem dificuldade me segurar o membro.

-Você vai... –Tentou falar. –... chegar junto comigo.

Apenas pude concordar. O toque dele ali me desarmou e da minha boca só saíram ofegos a cada segundo mais fortes, fazendo companhia aos dele, frente a frente, delirando com os nossos mútuos sons de deleite. Sorrindo enquanto nossos corpos reagiam juntos, querendo explodir do mesmo jeito.

Ele acompanhou o meu embalo, se bem que, talvez eu que já estivesse sob a mercê do toque dele mais do que ele estava do meu. Encontrávamos no mesmo ritmo frenético de quando as pelves se contraem de maneira a avisar que o gozo chegaria incrível, irrompendo a qualquer instante como uma notícia fantástica.

Estávamos inteiramente entregues, nos comunicando através daqueles clamores de desejos que eram mal calados por beijos afobados, desesperados, que queriam se derramar um no outro desesperadamente.


E nos derramamos. Ao mesmo tempo, de todas as formas.


Nossos corpos contraíram na erupção prazerosa, ficando ainda mais perto; e pela proximidade nossos gemidos se cruzavam unidos com nossos calores e tremores, sentindo também a energia inigualável ao mantermos nossos olhos fechados e narinas dilatadas, percebendo o cheiro da nossa deslumbrante exultação juntos.

As mãos quentes pela fricção, e pelos líquidos que jorraram em sincronia, devagar se desprenderam de onde estavam e logo traçaram caminhos rumo a um abraço. Nós nos envolvemos pela cintura, ainda sentindo nossos peitos subirem e descerem pela recém-findada aventura. Nossos fôlegos trepidavam e as gargantas reclamavam o direito de falar o quão perfeitos fomos.

Trocamos mais olhares e mais sorrisos cúmplices. Agora guardiões de um segredo puro que iria se repetir sempre ao colidirmos pela força gravitacional do nosso universo.

76 Trilhões de milhas - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora