Nosso primeiro encontro depois do reencontro aconteceu três meses depois, bem no ano novo.
Charles Vinn convidou algumas pessoas do escritório para uma confraternização em uma de suas casas fora da cidade. Uma delas, próxima do lago Brighter-Wood, foi palco para conversas amistosas e alguns drinques antes e depois da meia-noite. Martha e Jess vieram comigo, dando-me o conforto que precisava para mais interações fora do ambiente de trabalho.
Estava frio, assim como todo fim de ano, mas ficamos acomodados próximos à lareira enquanto saboreávamos alguns pratos apimentados e fazíamos jogos aleatórios de adivinhação -e algumas fofocas audaciosas. Éramos em seis, o que ainda rendeu uma barulhenta risadaria. Martha ao meu lado estava tão eufórica quanto todos nós, e com sua animação recebeu afagos de todo mundo.
Tudo pareceu muito bem por breves minutos até eu sempre me recordar do pedaço que faltava de mim. A pergunta "Quando vou te ver de novo?" passava incessante pela minha cabeça, principalmente no cair da noite. As saudades me matavam, mas Martha era um doce lembrete que meu amor voltaria.
Aproveitaríamos mais da vista do lago no dia seguinte enquanto Jess, Charles e eu preparávamos um singelo brunch para o restante dos convidados. Vinn comentou que mais pessoas passariam por lá para dar um aceno, mas não especificou quando cada uma faria sua aparição.
Assim, às 11:00 da manhã do primeiro dia de janeiro, um deles anunciou sua chegada com o tocar de campainha.
-Pode deixar que atendo, Charles. -Disse eu com Martha me seguindo. -Jess, pode mexer esse caldo por enquanto?
-Sim, sim. -Ela apressou o passo até o fogão.
-Obrigado, John. -Disse Vinn. -Estarei indo logo atrás, só preciso guardar esses potes na geladeira.
Ao abrir a porta a melhor surpresa de todas estava esperando. Nossos olhos sorriram.
-Paul... -Suspirei alegre.
-Olá, John. -Ele pareceu tão surpreso quanto eu, mas dessa vez estava radiante, contente por ter me visto.
-Bom te ver de novo...
-Eu disse que íamos nos encontrar. E devo dizer que ainda vamos mais.
-Espero que um dia seja para ficar.
Ele me olhou cúmplice e abaixou a cabeça por um instante, pondo as mãos dentro dos bolsos do sobretudo que usava. Foi assim que ele avistou Martha aos meus pés e ficou atônito.
-Meu Deus, John! Essa é a nossa menininha? -Agachou-se para vê-la.
-A nossa ainda pequena Martha. -Dei espaço para que ela passasse. Seu abanar de rabo estava frenético, e aposto que era graças à sua memória de quando filhote.
-Que lindo nome... Olá, Martha! -Ela quase avançou sobre ele a lambidas. -Como está a minha bebê? Você ainda se lembra de mim, hm?
Enquanto eu observava aquela linda cena acontecendo, esqueci absolutamente de que estava em outra casa e fazendo outra coisa. Só saí daquele sonho quando ouvi Charles atrás de mim.
-Paul, meu querido Paul! Você veio! O que está fazendo aí fora? Entre, por favor!
-Charles, obrigado pelo convite, mas só vim para deixar uma notícia antes de voltar ao trabalho. -Ergueu-se do chão e manteve Martha aos seus pés.
-É boa?
-Maravilhosa.
-Então você vai entrar, vai comer, vai contar e vai aproveitar o dia de hoje. Nada de trabalho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
76 Trilhões de milhas - Mclennon
FanfictionAcostumado há anos com sua rotina de vida e trabalho, John Lennon pensou que sua existência seria apenas a repetição exaustiva de seus horários dia após dia. Ele só não contava com um golpe certeiro do destino, este que ele tanto recusava acreditar...