Cap. 8 - Ansiedade

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Eu não sentia mais nada.

Não sentia mais a faca que antes estava em minha mão, não sentia o peso do concreto em cima de mim, não sentia mais a dor em meu corpo.

Não sentia.

Como eu não sentia?

Eu não sentia.

Nada.

A dor era o que me lembrava que eu ainda estava viva e ali, lutando todos os dias pela minha sobrevivência. Mas... e agora?

Meu corpo estava ali, mas ao mesmo tempo não estava. Era um sentimento esquisito, porém familiar por algum motivo que eu não sabia.

Estava escuro. Um breu total. Eu estava ali, eu sabia que estava. Eu estava ali, eu estava ali, eu estava ali, eu estava ali, eu estava viva. Viva? Meus amigos amigos estavam vivos e em cinco minutos não estavam mais. O que me dá essa confirmação de vida você me pergunta, eu também não sei. Viva? Tem certeza que eu estava viva?

Tenho, agora eu tenho.

A luz forte da sala de estar foi a primeira coisa que veio nos meus olhos claros. Minha garganta estava seca, meu corpo doía e tinham pessoas em cima de mim. O rosto do meu pai foi a primeira coisa que vi quando meus olhos se acostumaram com a claridade extrema.

Meu pai estava chorando. Eu nunca o tinha visto chorar antes.

Eu tentava falar, mas nada além de resmungos saiam da minha boca.

Eu me sentia estranha.

Não era eu. Não sou eu. Não sou eu quem está aqui no chão da sala. Definitivamente não sou eu que esta falando. Mas são eles que falam comigo. Eu me lembrava de pouco. Quase nada na verdade.

Mal entendia o que eles falavam, mas as mãos de minha mãe em meu corpo me irritavam. Eu não sabia o por que. Eu não queria que ninguém me encostasse. Me tocasse. Escutei rapidamente a palavra hospital com um tom de dúvida, não sabia se a pergunta era pra mim, mas mesmo assim respondi.

— N-Não, nada de hospital! — eu tossi. Não conseguia reconhecer minha própria voz. Ela estava estranha. Eu estava estranha. Aquele corpo não era meu. Esse corpo não é meu — Eu tô bem!

Eu tentei empurrar as pessoas pra longe. Eu precisava de espaço. Precisava de ar. Eu precisava respirar.

Os meus esforços eram quase em vão. Parecia que eu não tinha mais forças. As mãos que encostaram em meus ombros me fez ficar mais nervosa ainda. Eu não sabia quem estava ao meu redor, eu não sabia quem era a pessoa que me abraçava nem a que tocava meu joelho. Eu não sabia. Tudo estava embaçado pelas lágrimas que derramavam de meus olhos. Eu não via.

Era assim que Damiano tinha se sentido antes da morte?

Era assim que todos os meus amigos teriam acordado naquela maldita noite?

Phantons - School Bus GraveyardOnde histórias criam vida. Descubra agora