002 | 𝐀𝐂𝐎𝐍𝐓𝐄𝐂𝐄

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YEJI POV
𝟩𝟪𝟩 𝗉𝖺𝗅𝖺𝗏𝗋𝖺𝗌

𝐀contece que atrás de mim estava a polícia, e agora eu estava em uma delegacia, contando a história - que ninguém quis realmente ouvir -  para um policial, que parecia completamente incrédulo.

— E foi assim que eu parei aqui — Digo, gesticulando.

— Com todo respeito, policial. Mas ela foi muito pior na vida real — Yeonjun disse, enquanto se ajeitava na cadeira.

— Parem! — O delegado aumentou seu tom de voz e eu dei um pulinho na cadeira — Vocês não vão ser presos, mas se repetirem ou fizerem pior, eu teria o maior prazer do mundo de levar vocês dois para trás das grades — Nenhum de nós parecia levar aquilo a sério. Eu encarei Yeonjun, fazendo uma careta.

— Você me odeia mesmo né?

— Cala a boca, Choi!

— Parem agora ou eu prendo vocês agora mesmo!

Eu parei e olhei para o lado. Cara, que policial estressadinho.

— Vocês apenas vão fazer 10 horas de trabalho comunitário. Nada demais.

Eu rolo os olhos. Para mim era demais! Estar em uma delegacia para mim já ultrapassava todos os limites. Eu e Yeonjun trocamos olhares e nos levantamos.

— Tá bom. Obrigada... — Eu sorrio.

— Taehyun.

— Taehyun! Obrigada, Taehyun — Eu aceno, fingindo que sou minimamente simpática e desmancho meu sorriso assim que viro de costas, acompanhando Yeonjun para a saída.

—  Ui ui, você tentou flertar com ele ali?

— Não tentei não, moleque. Agora cala essa boca e vamos acabar com isso logo.

. . . quebra de tempo . . .

YEONJUN POV

Acontece que o trabalho comunitário era limpar um bairro que estava poluído. Na teoria, era bem simples. Pegamos alguns sacos de lixo e vestimos luvas. Mas óbvio que Yeji teria que complicar tudo. Parece que as mãozinhas de princesa dela não são feitas para catar lixo.

— Ugh, que nojo — Ela disse, pegando uma caixinha de suco na mão.

— Aguenta aí, só falta 1 hora, Hwang.

— Já se passou 9 horas!?!?

Eu assinto, em tédio. Já havíamos passado por todo o bairro, e estávamos na última rua.

— Uhm, não sei como eu aguentei ficar aqui, tô ficando tonta de tanto ficar andando por aí.

— Nem eu. Mas eu tô bem, com a consciência limpa porque não fui eu que fui o motivo de estarmos aqui.

— O que você tá insinuando, moleque?

Eu rolo os olhos. Cara, eu odeio quando ela me chama de moleque.

Ela me lançou um olhar profundo por alguns segundos, e continuou a catar o lixo de cara fechada.

Após algum tempo (eu chutaria 40 horas, ao menos pareceu), eu fechei o saco de lixo e finalizamos a limpeza.

— Viu, Hwang? Sua mão caiu depois de ter que fazer um trabalhinho assim?

— Quase — Ela ironizou.

Eu fingi um sorriso sarcástico e ambos ouvimos um barulho ecoar do celular de Yeji. Ela tirou as luvas e atendeu, fingindo um sorriso tão falso quanto ela mesma.

Eu não ouvia nada, sei lá se ela queria que eu ouvisse. Pensei em ir embora, mas algo me prendeu lá. Eu acho que tive um pressentimento ou algo assim que deveria ficar ali. Então continuei batendo meu pé rapidamente no asfalto da rua, pensando em como eu parei ali. Yeji falava e falava, murmurava um ruído parecido com "uh hum" e continuava com aquele sorriso.

— Ótimo! Nós estaremos lá! — Ela disse, me encarando.

Que?

— O que? — Eu disse assim que ela desligou o telefone — Nós?

Ela sorriu, mas agora envergonhada. Era um sorriso tímido, como se ela estivesse com medo da minha resposta.

— É — Ela disse, desviando o olhar — Tem muita gente interessada nos estilistas que estragaram o Met Gala... querendo falar com a gente e tal...

Eu franzi a testa.

— Você marcou uma entrevista para a gente...?

— Eu marquei uma entrevista para a gente!

Como dizia minha mãe: só faltava essa. Eu cruzei os braços, incrédulo.

— Você nem me perguntou sobre isso!

— Por que eu sabia que você não ia aceitar!

Ela fez uma cara de sem graça e deu de ombros, percebendo minha relutância.

— Você acha que vão contratar alguém com uma reputação manchada como a nossa? Você vai se explicar ou vai ser o covarde que é e vai deixar as coisas piorarem?

— Tá! — Eu grito, engolindo em seco. Ela ia ver que eu não era covarde.

Ela deu um sorriso de lado.

— Então você vai?

Eu suspiro profundamente. Nunca fui bom com público. Apesar de eu não gostar nem um pouquinho dela, ela tinha razão: eu era um pouco covarde. Eu, antes, era tímido demais para fazer qualquer coisa além de roupas. Apresentação de trabalhos na escola? Eu desmaiava. Entrevista de emprego? Falava tremendo e mal conseguia a vaga. Yeji havia tocado em um ponto sensível meu, e ela ia ver que eu não era covarde como antes.

Eu olho para baixo antes de responder.

— Vou.

𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐄𝐓 𝐆𝐀𝐋𝐀 𝐅𝐈𝐀𝐒𝐂𝐎      ✦    𝗒𝖾𝗈𝗇𝗃𝗂Onde histórias criam vida. Descubra agora