IV | Dois Mundos

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Cinco dias se passaram e Jungkook continuava evitando proximidade com o vampiro, que não também não a forçava. Poderia atribuir sua hesitação ao último episódio, mas algo além disso parecia perturbá-lo. A sensação de novidade também ainda não tinha se esvaído; pelo contrário, crescia à medida que descobria mais sobre aquele lugar. Não tinha consciência de que existiam coisas tão majestosas, e só conseguia pensar no quão rica aquela família poderia ser. Havia escutado muito pouco sobre os Drácula em específico, mas o suficiente para lhe despertar repulsa e aversão.

Durante sua vida, sempre acreditou em todas as lendas que ouvira sobre vampiros, mesmo sem nunca ter visto nenhum de perto.

Até ser salvo por um.

Sua desconfiança aumentava ao mesmo tempo que Jimin se mostrava cada vez mais pacífico, pois era impossível de acreditar que todas as mesmas histórias que ouvira durante anos fossem falsas. Mesmo assim, sabia que não podia ser injusto; se havia um teto sobre sua cabeça, era graças a ele. A esta altura, se tivessem a sorte de achar seu cadáver encoberto por neve, já estaria em um caixote de madeira bem debaixo da terra.

Seu estômago revirou. Já deviam estar à sua procura, ou talvez desistido dele. Sua mãe estaria arrasada, e só teria conforto nos braços de Somi, já que não podia contar com o marido insensível.

Suas orelhas apontaram para cima quando ouviu o farfalhar dos cobertores. Apenas a luz de uma lamparina a óleo iluminava o quarto; estava tudo silencioso demais, o que significava que já era noite novamente. Uma coisa que havia aprendido sobre aquele castelo era que ciclos não funcionavam.

Em Alba Canis, sabia que precisava levantar de sua cama quando o sol invadia as janelas do quarto, ou que era hora da caça em grupo quando o horizonte começava a formar um misto de laranja e vermelho, e hora da patrulha quando o céu já estava escuro. Mas aqui, o tempo parecia passar mais rápido, talvez porque os vitrais inibiam qualquer luz que tentasse penetrar o espaço.

Jimin deslizou para fora da cama, os cabelos estavam bagunçados e ele vestia uma espécie de camisola longa até os joelhos, branca como a palidez dos pulsos à mostra. Por alguns segundos permaneceu sentado, mirando o chão com os cabelos cobrindo o rosto, parecendo tomar consciência do mundo à sua volta.

Virou a cabeça em direção ao lobo e seus olhos vermelhos o encararam em silêncio, antes de finalmente se levantar. Sua mão alcançou a maçaneta da porta e a girou, abrindo-a com um leve ranger e desapareceu pelo vão antes de a fechar atrás de si.

Jungkook se levantou e espreguiçou-se, esticando as patas dianteiras para trás; não havia pregado os olhos desde de sua chegada ao castelo. Não sabia dizer se era por receio de ser devorado pelo vampiro ou por suas irmãs estranhas no meio da noite, por preocupação em estar longe de casa, ou pelo desconforto de dormir no chão.

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