VI | Crepúsculo

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"...E em seu nascimento como criatura, despido e etéreo como alabastro, bradou Vlad I: "Que haja escuridão!". O céu vestiu-se de carmesim, implacavelmente castigado em uma explosão luminosa de incontáveis relâmpagos. Assim criado o mundo, legiões de seres inferiores foram condenadas a eterna servidão sem descanso. Seu sangue, suor e lágrimas deram origem a tudo o que conhecemos na atualidade... Eis as sete terras do Estado Soberano; Cárpatos, Draconia, Thalassa, Umbra, Lunaris, Sangría e Sepulcra..."

Alucard estava deitado no divã de barriga para cima, agitando os pezinhos e estreitando os olhos vermelhos em direção a Dorian, que recitava-lhe as escrituras. O fogo crepitante da lareira lançava fracos feixes de luz em seu semblante desinteressado. O bardo desviou o olhar para o pequeno vampiro e arqueou uma das sobrancelhas despenteadas.

- Onde está o seu diagrama, Jovem Mestre? - advertiu.

A criança ergueu o corpo, sentando-se no divã, e o encarou com os olhos semicerrados, torcendo o rosto angelical em uma careta. Levantou um dos bracinhos e apontou o dedo para trás do bardo, que olhou sobre os próprios ombros.

- Não entendo, deseja que eu vá pegá-lo?

- Ele está com fome.

A gárgula se manifestou, com uma das mãos na cintura, apoiada no batente da porta de cascalho. Dorian torceu o nariz com a presença indesejada, mas tentou corrigir com uma reverência educada.

- Boa noite, Princesa...

- Onde está a ama? - interrompeu Allissa, percorrendo os olhos jade pelo salão.

A ama de sangue, jazia sentada em uma cadeira mais afastada no canto da parede de ardósia, mirando o chão com olhos perdidos. Allissa abandonou o batente e se aproximou, olhando-a de cima.

- Não está vendo que o Príncipe está faminto? - repreendeu, sem resposta.

A garota permaneceu com os olhos voltados para o chão, em uma espécie de transe, o que fez o sangue da gárgula ferver. Levou as garras aos ombros encolhidos e sacudiu violentamente o corpo frágil, fazendo-a levantar os olhos arregalados e completamente atormentados.

- Ousa me ignorar? Saia já daí, antes que eu a transforme em uma pilha de ossos!

A ama assentiu veementemente com a cabeça, com as mãos trêmulas agarrando a barra do próprio vestido. Se levantou e andou em passadas rápidas até o menino, que assistia a cena com um semblante inexpressivo, e sentou-se ao seu lado no divã. Dorian disfarçou seu incômodo e olhou de relance para a garota.

Ela possuía bolsas fundas abaixo dos olhos e pele quase tão pálida quanto a da criança que subiu em seu colo. Suas pálpebras espremeram-se quando Alucard agarrou seus cabelos e fincou as presas em seu pescoço já machucado, e marcado por caninos das outras vezes em que o alimentara. O bardo lembrou-se de algumas semanas atrás, tempo da chegada da menina ao castelo; rechonchuda, de olhos brilhantes e bochechas coradas... Tudo despejado pelas artérias na garganta insaciável de uma criança sem vida.

Eclipse Of Hearts • JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora