XIII | Limiar

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Para: V.V.H

"Caro V.V.H,

O mapa do castelo segue em anexo como acordado. Consegui fugir de alimentar a criança-demônio, e inventei portar uma bactéria comedora de tecidos. Agora estão tentando me tratar com litros de chá de musgo terrivelmente amargo... Só não sei até quando conseguirei sustentar essa mentira. Uma das criaturas andou me observando nos últimos dias, o Diplomata ao que parece, ele sabe (ou desconfia) de alguma coisa. Tenho receio de que me descubram, então considere esta a minha última carta até o grandioso "juízo final".

OBS: Rina amaria o jardim daqui, diga isso a ela.

Aguardo solenemente seu próximo passo.

Winter."

Ao sentir os dedos queimarem pela cerâmica quente, soltou instintivamente a caneca sobre a mesa e ergueu os olhos para a janela. A tempestade lá fora ganhava ainda mais força, e o vento uivava enlouquecidamente, lançando partículas de gelo como flechas em direção ao vidro. Inesperadamente, viu-se vidrado na força destruidora do natural, que acelerou seu coração ao ponto de senti-lo prestes a sair pela boca.

Um raio cortou o céu, tão semelhante aos que iluminavam aquela noite e lançavam sombras de figuras disformes sobre as paredes de cascalho. O bolo de saliva que lhe tapou a garganta, causado por seus gritos esganados, subiu mais uma vez. Sentiu como se o sangue debaixo de suas unhas escorresse novamente, com o resquício da carne dos braços que rasgara despropositadamente com os próprios dedos, na ânsia desesperada de correr ao encontro do pai.

"Vante!"

Arremessado sobre a parte de trás da carroça como um saco de estrume, assistiu a estrutura do castelo sumir, à medida que era levado para dentro da densa floresta de pinheiros. Suas roupas encharcadas, o rangido da madeira apodrecida e o cheiro de terra molhada torturaram seu corpo franzino até sua chegada à capital.

Vante agarrou a borda da mesa e espremeu as pálpebras, tentando reconectar-se com o presente. Condenou a criação pela capacidade insana das memórias de parecerem tão reais e forçarem sinapses na intenção de perturbá-lo. Jamais teria controle de si mesmo enquanto sua mente permanecesse engatilhada e pronta para ser inundada pela destruição, à medida que seus cinco sentidos ainda funcionavam.

Era um fardo desgraçado e coberto de sombras e vozes desconexas, inevitavelmente insistente.

Percebeu que castigava os próprios lábios com os dentes ao sentir o gosto ferroso de sangue atingir-lhe as papilas gustativas.

Eclipse Of Hearts • JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora