Capítulo 10 [+18]

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ALGO MUDOU DESDE A NOITE EM QUE ELE E CHARLIE CONTEMPLARAM AS ESTRELAS JUNTOS. Se perguntado sobre o que mudou, Babe talvez escolhesse não responder, mas saiba que algo mudou. E, pelo menos, ele é inteligente o suficiente para reconhecer isso, embora neste mundo ainda haja alguns estúpidos que nunca entendem nada.

- Vestir roupas brancas não é nada bonito.

Com certeza, há um estúpido aqui.

Babe suspirou lançou um olhar para o garoto que estava deitado desenhando em seu iPad e murmurando consigo mesmo há horas.

Enquanto Babe estava sentado no sofá assistindo a uma série, Charlie estava deitado de bruços no tapete com um travesseiro sob a cabeça e um iPad na mão. Ele usava sua Apple Pencil para rabiscar na tela plana. Concentrado e focado, ele estava trabalhando diligentemente em algo como se estivesse participando de uma competição. Porém, na verdade, só rabiscava porque não havia mais nada para fazer.

E se perguntassem o quão focado Charlie estava, Babe responderia que estava focado o suficiente para não se importar nem um pouco com ele. Não importa o quão intencionalmente Babe se levantasse, pegasse um lanche, sentasse-se de novo, mastigasse alto ou até mesmo respirasse fundo de propósito como um idiota, o estúpido nem sequer levantaria a cabeça para olhar.

Veja bem, entre o iPad e o Babe, aquele estúpido escolheu o iPad.

No final, Babe assistiu à série sem entender nada, pois estava ocupado demais rangendo os dentes. Ele franziu a testa, irritado por não estar recebendo a atenção de Charlie como deveria. Então, tentou descobrir como fazer com que aquele garoto prestasse um pouco mais de atenção nele sem parecer muito desesperado. Depois de tentar várias maneiras, percebeu que tinha poucas opções restantes. E uma dessas poucas opções surgiu quando ele olhou para baixo, para a sua mão direita.

Ele agora havia retirado a tala da mão. Contudo, a faixa em torno do pulso ainda estava lá e, é claro, ainda incomodava desde o primeiro dia. Com certeza isso poderia ser uma arma para ele, pois se enfrentasse dificuldades ou obstáculos devido à sua lesão, pelo menos poderia chamar a atenção do estúpido.

Babe pensou nisso e agiu sem hesitação. Ele lançou um olhar para o jovem que ainda estava deitado olhando fixo na tela do iPad, antes de puxar sua mão direita, ainda ferida, e batê-la com suavidade no braço do sofá.

- Ai!

Seguido por um gemido que parecia mais doloroso do que quando ele pulou para fora do carro.

- Ei! O que houve?

E, é claro, funcionou conforme a expectativa de Babe. Charlie, que o ignorou nos últimos dois dias, logo se virou para olhá-lo, antes de afastar a caneta de sua mão com indiferença e correr em sua direção como um cão de guarda que ouve o chamado de seu mestre.

- A sua mão está doendo? - Charlie parecia surpreso e apoiou a mão enfaixada com gentileza, como se temesse machucá-la ainda mais. Babe teve que admitir que a preocupação dele o deixava muito satisfeito. - O que aconteceu? Bateu com muita força?

- Oh, esbarrei aqui. - Babe respondeu com calma, apontando para o braço do sofá que era macio. Entretan-to, para um garoto tão ansioso quanto Charlie, não importa se é suave ou duro. Se Babe diz que dói, ele acredita.

- Dói muito? Devemos ir pro hospital?

- Não exagere, só dói um pouco.

- Talvez o gesso tenha se deslocado. Não seria melhor se um médico desse uma olhada?

- Se você quer ir, vá sozinho. Não vou com você, tenho vergonha de encontrar um médico só por causa disso. - Babe fingiu parecer irritado, como se seu grito não fosse um grande problema, quando na verdade acabará de agir de forma exagerada. Ele pensou que Charlie correu tão rápido por causa de seus gritos exagerados.

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